Policiais entram armados em escola em SP após pai reclamar de desenho de orixá
Caso aconteceu na Emei Antônio Bento, na Zona Oeste de São Paulo; Polícia Militar instaurou apuração sobre a conduta da equipe
Policiais armados entraram em uma escola na Zona Oeste de São Paulo após um pai reclamar de um desenho de orixá feito pela filha; o caso gerou apuração da PM e reações de entidades e políticos.
Quatro policiais armados entraram na Emei Antônio Bento, no bairro Caxingui, na Zona Oeste de São Paulo, após terem recebido a ligação de um pai se queixando de uma atividade em que a filha de quatro anos fez um desenho inspirado na orixá Iansã.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
O episódio que aconteceu na última quarta-feira, 12, gerou "constrangimento, intimidação e profundo abalo emocional na equipe escolar", segundo o Sindicato dos Profissionais em Educação (Sinpeem).
"A abordagem policial, relatada como hostil por funcionários e familiares, levou inclusive a diretora da unidade a passar mal, demonstrando a gravidade do ocorrido e o impacto direto sobre o ambiente educativo", disse o sindicato.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou ao Terra que a Polícia Militar instaurou apuração sobre a conduta da equipe que atendeu à ocorrência, inclusive com a análise das imagens das câmeras corporais dos policiais.
Conforme a SSP, a professora da unidade de ensino registrou boletim de ocorrência por ameaça contra o pai da estudante e foi orientada sobre o prazo legal para representação criminal.
A Secretaria Municipal de Educação também afirmou que o pai da criança recebeu esclarecimento que o trabalho apresentado por sua filha integra uma produção coletiva do grupo. "A atividade faz parte de propostas pedagógicas da escola, que tornam obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena dentro do Currículo da Cidade de São Paulo", disse.
Diante do caso, o Sinpeem ainda lembrou que conteúdos relacionados à cultura afro-brasileira integram o currículo oficial da rede de ensino e é uma prática educativa voltada à valorização da diversidade cultural, sem qualquer caráter de ensino religioso.
"É inaceitável que uma ação dessa natureza seja tratada como irregular e muito menos que provoque a presença de força policial armada dentro de um espaço destinado ao cuidado e à formação de crianças pequenas", pontuou.
"O Sinpeem repudia qualquer violação à autonomia pedagógica, qualquer forma de intimidação aos profissionais da educação e qualquer situação que coloque em risco a segurança física e emocional de educadores e estudantes", acrescentou.
A deputada federal Luciene Cavalcanti e o deputado estadual Carlos Giannazi, ambos do PSOL, acionaram o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e o Ministério da Igualdade Racial, além do Ministério Público, para que acompanhem o caso.