PUBLICIDADE

Pandemia deve fazer inadimplência no ensino superior privado atingir maior índice da história

Previsão do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp) é de que, até o final de 2020, taxa chegue a 11.3%

29 jun 2020 - 14h53
(atualizado em 30/6/2020 às 12h26)
Compartilhar
Exibir comentários

Instituições privadas de ensino superior devem enfrentar neste ano a maior taxa de inadimplência dos alunos desde 2006, quando a Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior no Brasil começou a monitorar o índice. A previsão é que 2020 termine com, pelo menos, 11.3% do total de estudantes devendo ao menos uma parcela de mensalidade. Até então, o maior número registrado foi no ano passado, com 9.5%.

Apenas em maio, a taxa de inadimplentes no ensino superior deste ano aumentou indo de 15,8% para 23,9%, quando comparada ao mesmo mês de 2019 nos módulos presenciais e a distância (EAD). Já em relação a abril deste ano, houve um recuo de 9,1% entre alunos que não pagaram ou não negociaram as mensalidades ao longo de, pelo menos, um mês.

"Levantamos duas questões que fizeram o recuo acontecer. Primeiro, muitos alunos negociaram sua inadimplência, com pagamento parcelado ou adiado", explica Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp. "Segundo, quando deu-se a pandemia, houve um choque inicial no primeiro momento, quando as famílias e os alunos suspenderam todos os pagamentos, diante da incerteza sobre as aulas", completa.

De acordo com ele, à medida que o tempo passou e as pessoas conseguiram ter dimensão real da pandemia, elas também viram que, dentro do possível, as instituições mantiveram as aulas e, com isso, os pagamentos foram retomados.

Ele aponta que instituições mais atingidas no período foram as de pequeno e médio porte, com até 7 mil alunos matriculados e responsáveis por 71% do ensino superior privado no País. Ao todo, a inadimplência entre alunos de cursos presenciais e do EAD desse grupo somou 24,2% em maio, contra 23,4% das universidades de grande porte.

"Sem dúvida, instituições de grande porte têm uma capacidade maior de renegociação de dívidas, com mais ferramentas financeiras para poderem trabalhar com os alunos", aponta Capelato.

Ele observa que os índices registrados em São Paulo são ainda maiores que a média nacional, principalmente na região metropolitana, responsável por mais de metade das instituições privadas de ensino superior. Ao todo, o estado fechou o mês de maio com a taxa de inadimplência em 23%, o que reflete um crescimento de 57,3% frente ao mesmo período do ano passado. Apenas na região metropolitana, esse número cresceu 64,5% na mesma comparação.

Evasão escolar. Outro efeito colateral da pandemia do novo coronavírus é a evasão escolar no ensino superior privado. O levantamento do Semesp mostra que o índice para alunos do EAD se manteve praticamente estável, com queda de 2,4% no trancamento de matrículas em maio comparado ao mesmo período de 2019. Já entre os alunos de cursos presenciais, esse número chegou a aumentar em 14,3%, um total de aproximadamente 265 mil alunos apenas naquele mês.

Esse crescimento também foi observado nas comparações entre maio e abril deste ano, mas Capelato afirma que, nesse aspecto, a tendência não é apenas um comportamento dos tempos de pandemia. "Já é preocupante, mas não é um indicador muito explosivo. Ela se concentra nos calouros, alunos do primeiro ano que ingressaram em março e, 15 dias depois, já tiveram as aulas suspensas", explica.

A fragilidade do elo entre os calouros e a faculdade alinhado ao momento da pandemia e ao histórico do próprio mês de março, cuja taxa é comumente maior que a de abril, apontam para uma evasão escolar "dentro do esperado". Entretanto, esse número pode crescer em julho. "Percebemos que alunos do 3º ou 4º ano não querem perder o investimento que já fizeram no curso. Mas há uma preocupação muito grande na virada do semestre. É capaz de termos um problema de rematrícula, já que os contratos são semestrais, e receio que essa evasão possa crescer", aponta Capelato.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade