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Miriam Leitão chama ausência de mulheres no STF de ‘aberração institucional’

Em entrevista ao Terra, jornalista falou sobre participação no Flitabira e 'encruzilhadas' que a movem

31 out 2025 - 04h59
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Resumo
A jornalista Miriam Leitão participa do Festival Literário Internacional de Itabira, debatendo temas como violência contra minorias, políticas de inclusão e proteção ambiental, destacando inquietações sociais em sua fala e obras.
Miriam Leitão nos Estúdios da Globo
Miriam Leitão nos Estúdios da Globo
Foto: Divulgação | Globo

A jornalista Miriam Leitão tem 53 anos de carreira e uma trajetória marcada pela defesa da democracia, do meio ambiente e dos direitos das minorias. Em entrevista exclusiva ao Terra, ela falou sobre as “encruzilhadas sociais” que a deixam inquieta na atualidade. “São muitas”, adiantou, com humor, além de destacar temas como políticas afirmativas e igualdade de gênero --assuntos que também costumam inspirar seus livros.

Dessas inquietações nasceram grande parte de suas obras, nas quais transforma o incômodo em combustível para escrever — ora sobre o status quo, ora, pela via da ficção, sobre os dilemas sociais que observa no cotidiano. Seu título mais recente, por exemplo, Amazônia na Encruzilhada (2023), aborda o desmonte das políticas de proteção ambiental promovido durante o governo de Jair Bolsonaro, sob gestão do então ministro Ricardo Salles.

“São muitas as pautas que me inquietam… no governo passado, o Brasil aprofundou o projeto de destruição da Amazônia. Voltamos ao governo Lula, que tem um projeto de proteção da floresta, com atuação do Ibama e de todo o aparato estatal voltado à proteção ambiental. Mas, ao mesmo tempo, no Congresso, continua o projeto demolidor. Então, essa é uma das questões que me inquietam. Mas existem várias outras, entende? Avançamos muito na proteção de minorias, mas há uma onda conservadora mundial contra as mulheres e contra as políticas afirmativas”, afirmou ela, por ligação, à reportagem.

Entre essas pautas, uma lhe causa especial incômodo: a baixa presença de mulheres no Supremo Tribunal Federal. Para Miriam, é uma “aberração institucional” que a mais alta corte tenha tido apenas três ministras em sua história — e que esse cenário siga inalterado.

Miriam Leitão em preparação para entrar ao vivo na Globo
Miriam Leitão em preparação para entrar ao vivo na Globo
Foto: Divulgação | Globo

“O presidente Lula, por exemplo, vai indicar mais um homem branco para o Judiciário. Eu sou favorável a um País que inclua os desiguais, que proteja os direitos dos indígenas, que defenda o meio ambiente e que dê espaço às mulheres e aos negros. Mas acho que isso não vai se concretizar agora. É uma aberração ter dez homens brancos e uma mulher branca. Não ter nenhum negro e só três mulheres na história do STF é uma aberração institucional. E não se trata mais de representatividade — agora estamos falando de combater uma aberração”.

Sendo mulher e jornalista, Miriam precisou lidar com o autoritarismo e com o machismo por diversas vezes ao longo da carreira. Essa vivência, segundo ela, tornou a defesa da democracia um exercício constante. Mesmo como comentarista de economia e política — áreas muitas vezes podem parecer distantes das pautas sociais —, ela aprendeu logo no início da carreira que o caminho mais enriquecedor o diálogo jornalístico era permitir que esses temas a atravessassem.

“Sou uma jornalista, originalmente, de economia, mas fui deixando que todos esses assuntos me atravessassem — o feminismo, a questão racial, o combate às desigualdades. Até porque não dá para falar de economia sem falar de proteção ambiental ou da inclusão das pessoas discriminadas. Mais inclusão significaria um País mais pujante, uma economia mais forte. Tudo se conecta. É como um grande quebra-cabeça que observo há 53 anos, estudando o mesmo objeto: o País.”

Nesta sexta-feira, 31, e no sábado, 1º, Miriam Leitão participa da quinta edição do Festival Literário Internacional de Itabira (Flitabira), em Minas Gerais. Com o tema “Literatura, Encruzilhada e a Rosa do Povo”, o evento contará com a presença da jornalista em duas mesas de debate: uma sobre “o território da palavra, que se reinventa na escrita” e outra dedicada à discussão sobre “violência contra povos originários e contra a mulher negra”.

Miriam Leitão nos Estúdios da Globo
Miriam Leitão nos Estúdios da Globo
Foto: Divulgação | Globo

Com cinco décadas de carreira, Miriam Leitão se consolidou como uma das jornalistas mais premiadas do Brasil. Autora de 11 livros, venceu o Prêmio Jabuti de Livro do Ano de Não Ficção em 2012, com Saga Brasileira: A Longa Luta de um Povo por Sua Moeda. Toda essa trajetória pavimentou o caminho para sua participação na quinta edição do Flitabira, que, novamente, ocorre nesta sexta-feira, 31, e no sábado, 1.

“Me sinto muito confortável em ambos os debates. Sou uma feminista raiz, defensora da população negra e da redução das desigualdades. Falando nessa assunto específico, acho que aprendemos, inclusive, nos últimos anos, que há diferentes feminismos — e que o feminismo negro precisa ser ouvido, porque traz questões específicas da mulher negra que, por muito tempo, foram ignoradas”, conclui.

Fonte: Portal Terra
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