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Donald Trump, o mais infeliz pedagogo do Ocidente

7 mar 2018 - 17h05
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"Não é preciso que todos os professores saibam atirar. Calculo que uns 20% deles poderiam ser adestrados com armas.."

D.Trump, presidente dos EUA

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos
Foto: Chip Somodevilla / Getty Images

Os severos métodos educacionais de Esparta, cidade de guerreiros, deixaram sua marca na história, Não poderia haver escolares mais infelizes do que seus jovens. As surras eram constantes e os castigos bestiais (chiamastigosis). Tanto assim que, mesmo quando a cidade caiu sob tutela romana, no século II a.C.,  os costumes desumanos continuaram imperando na educação, agogê,ou domesticação, justa palavra usada pelos "senhores do látego" para definir seus métodos. O objetivo era disciplina e forjar a coragem para a guerra.

A fama dos "espetáculos pedagógicos" dos espartanos era tal que turistas de várias partes do Mediterrâneo aos magotes enchiam o ginásio local para se horrorizar com o tratamento imposto aos rapazes.

O cristianismo se que bem suavizou os métodos escolares não dispensou as penitências. Afinal como concluiu Santo Agostinho, "todos nascem em pecado’’ e deviam ser corrigidos já na infância. Nas escolas paroquiais do Medievo imperava a vara e a palmatória, como alternativas severas aos procedimentos tidos como brandos (ajoelhar-se sob um grão de centeio) e que mesmo assim geraram muito ódio quando, os ex-alunos, mais velhos, referiam-se com mágoa senão com ódio do seu tempo escolar. Uns tinham pesadelos que os acompanhava por larga parte da existência. Numa famosa entrevista dada por Stalin a Emil Ludwig, em 1932, ele deu a entender que perdera para sempre qualquer vestígio de fé na bondade quando aluno do seminário ortodoxo de Tífilis na sua Geórgia natal.

O vislumbre de uma nova abordagem decorreu do esforço de J.J.Rousseau, cuja obra-prima pedagógica “Emílio”, de 1762, ganhou o mundo. Era revoltante seviciar os estudantes visto que para ele “todos os humanos nascem bons”. Gradativamente as punições físicas, nestes dois séculos em meio, caíram em desuso. Rousseau deu início ao fim do professor-tirano.

Quanto a sugestão do presidente Trump de transformar alguns mestres em pistoleiros - tipo Bronco Bill ou Jane Calamidade, percebendo as escolas como um Ok Curral -, beira à demência e deve ter sacudido os ossos dos dois maiores educadores norte-americanos; Waldo Emerson e John Dewey.

Professor entregando as avaliações finais, segundo Trump.
Professor entregando as avaliações finais, segundo Trump.
Foto: Reprodução

Armar os professores, ainda que para fins preventivos, só pode ser entendido como favorável a uma ampliação das venda de armas automáticas e revólveres, sem que isto evite qualquer outro tiroteio futuro, ao tempo em que promove Trump como o mais infeliz pedagogo do Ocidente. America last!

Trump sugere armar professores nas escolas:
Fonte: Especial para Terra
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