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Falta de recursos faz faculdades públicas buscarem reinvenção

Criar parcerias com as empresas, sem perder em autonomia, volta a ganhar o centro das discussões

7 out 2021 - 17h01
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Por onde se vai, ouve-se que é preciso se reinventar e investir em tecnologia, em todas as áreas. Mas o que acontece quando não há recursos disponíveis nem previsão deles? As instituições públicas, principais celeiros das tão necessárias pesquisas que resultam em inovações, enfrentam um grande problema agravado pela pandemia: a redução de verbas.

As universidades federais, por exemplo, sofreram um corte de orçamento de 18,16% em 2021 em relação a 2020, conforme dados da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). No Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), uma das principais agências por trás do financiamento da ciência brasileira, a verba dedicada às bolsas caiu 12% de 2020 para 2021.

Em julho, as três universidades estaduais de São Paulo, USP, Unicamp e Unesp, enviaram uma carta conjunta ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para pedir a reposição da cota de importação de materiais e equipamentos para pesquisas nacionais. Segundo o documento, o governo federal reduziu o investimento de US$ 300 milhões para US$ 93 milhões neste ano, o que coloca em risco toda a continuidade de projetos.

Diante dessa escassez de recursos, vem à tona o velho debate sobre o estabelecimento de parcerias entre as universidades públicas com empresas. A ideia é defendida no artigo "Adaptação e desafios futuros para as universidades públicas do Brasil diante da pandêmica covid-19", publicado em inglês na plataforma Global University Network for Innovation, ligada à Unesco.

"Dentro das universidades existem segmentos que são bastante refratários a essa relação, por temor de que as universidades poderiam comprometer sua autonomia, por exemplo", comenta Ana Maria Nunes Gimenez, pós-doutoranda no Instituto de Geociências da Unicamp e uma das autoras do artigo, com as pesquisadoras Muriel de Oliveira Gavira e Maria Beatriz Machado Bonacelli. "Mas pode-se pensar em parcerias mutuamente benéficas que possam gerar resultados positivos: novas agendas de pesquisa, desenvolvimentos tecnológicos voltados à solução de problemas específicos, trocas de conhecimento devido à circulação de especialistas da empresa e da universidade."

Papel do Estado

A pesquisadora ressalta, entretanto, o papel do Estado como fonte de recursos de base para equilibrar os orçamentos e possibilitar essa renovação da infraestrutura. "O Estado deve fomentar programas voltados a tecnologias digitais, fazendo encomendas públicas especificamente para a melhoria das capacidades digitais das universidades, financiando pesquisas conjuntas entre universidades e empresas nesse campo."

Estadão
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