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Erro no Enem: Inep estima 'menos de 9 mil' candidatos afetados

Presidente do órgão apontou falha de gráfica, mas afastou a possibilidade de punição à empresa; ministro admitiu troca de gabaritos

18 jan 2020 - 13h52
(atualizado às 16h53)
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BRASÍLIA - O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, apontou falha da gráfica Valid Soluções S.A. nas notas erradas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2019 durante coletiva realizada neste sábado, 18. O dirigente do órgão estimou um número inferior a nove mil candidatos atingidos pelo problema. Esse foi o ano em que a empresa trabalhou pela primeira vez com o teste. Em nota, a Valid informou que não vai comentar o caso.

O Inep prometeu corrigir as informações até segunda-feira, 20. Pelas redes sociais, candidatos protestaram contra o erro nas notas da prova. O resultado das avaliações foi divulgado na véspera. Um dos motivos da apreensão dos estudantes é o início das inscrições para o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que oferece vagas em universidades públicas com as notas do Enem, na próxima terça-feira, 21.

O problema, de acordo com Lopes, foi verificado no segundo dia do exame, realizado no dia 10 de novembro. Candidatos fazem provas diferentes, que são identificadas por cores. Na hora da correção, houve pessoas que realizaram prova de uma cor e tiveram a correção com base em outra, afirmou. Segundo ele, o mesmo problema ocorreu em anos anteriores.

"Não há nenhum prejuízo concreto", disse Lopes. Dos 5.095.388 inscritos no Enem ano passado, 3.709.809 fizeram a prova no segundo dia de aplicação. Anteriormente, ele havia citado um número inferior a 1% de candidatos com o problema. Até o momento, foram confirmados quatro candidatos em Viçosa (MG) com as notas trocadas, afirmou o dirigente. "Acho que não chega a nove mil pessoas."

Ainda neste sábado, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, admitiu que houve uma "inconsistência" que prejudicou a nota de parte dos candidatos nas redes sociais e afirmou que os estudantes tiveram os gabaritos trocados. O ministro disse que ninguém será prejudicado.

'Falha administrativa'

Lopes classificou o erro da gráfica como uma "falha administrativa de transmissão de informações", mas afastou a possibilidade de punição à empresa. "Situações, problemas, sempre podem acontecer. O que temos que ter primeiro é transparência", comentou.

Ele ainda se disse "bastante satisfeito" com o trabalho da gráfica e que não está avaliando uma punição com base no contrato. "Acho que não há problema nenhum", afirmou. "Fazer ilações sobre a capacidade técnica e gerencial de qualquer um dos parceiros seria leviano."

O MEC abriu um canal por e-mail e telefone para receber reclamações de candidatos que possam ter sido prejudicados. Quando a nota errada é verificada, a prova será corrigida novamente até segunda-feira, de acordo com o Inep.

Estudantes reclamam de nota do Enem nas redes sociais

Estudantes que fizeram o Enem protestaram contra erro nas notas da prova na noite desta sexta-feira, 17. dia em que o resultado das avaliações foi divulgado. A hashtag #erronoenem chegou a ocupar o topo da lista de assuntos mais comentados.

Eles reclamaram de notas desproporcionais aos acertos no exame e ponderam que, mesmo com a Teoria de Resposta ao Item (TRI), os resultados estariam incorretos.

A TRI implica dizer que a média de acertos não é calculada levando-se em conta somente o número de questões corretas, mas também a coerência das respostas do participante diante do conjunto das questões que formam a prova. Os estudantes pediam uma reavaliação dos resultados.

Um grupo que se uniu para reclamar foi o de estudantes do Colégio de Aplicação, da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. Nas redes sociais, o grêmio do colégio disse que diversos alunos relataram erro nas notas.

"Alguns alunos alegam diferenças de cerca de 350 pontos da nota que deveria ter sido obtida", disse o grupo na postagem. "A falta de comprometimento do governo com um exame tão sério como o Enem e com a educação em geral é de se repudiar", acrescentou.

Os resultados podem ser consultados no site e também no aplicativo do Enem (disponível no Google Play e na App Store).

Com a nota do Enem, os estudantes podem buscar vagas tanto no ensino superior público quanto privado no Brasil. A nota pode ser usada no Sisu, no Programa Universidade Para Todos (ProUni), no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e também no ingresso direto nas instituições.

Além disso, a nota do Enem também já pode ser usada em universidades no exterior. Em Portugal, por exemplo, 47 universidades aceitam a nota do Enem no processo seletivo de alunos. Saiba mais sobre o que fazer com a nota do Enem.

Estadão
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