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'Não sigo ipsis litteris', diz novo ministro sobre Olavo

Economista Abraham Weintraub afirmou que é 'técnico', mas que 'não trabalhará desconectado das convicções' de Bolsonaro

8 abr 2019 - 15h31
(atualizado às 15h51)
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O novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse ao Estado que fará uma gestão técnica à frente da pasta. Ele afirmou, contudo, que isso não significa que trabalhará desconectado das convicções do governo Jair Bolsonaro (PSL), que tem "uma ideologia clara". Ele assume o cargo após a demissão de Ricardo Vélez Rodríguez, anunciada nesta segunda.

"Sou um técnico. Minha missão é cumprir o que foi escrito no programa de governo de forma serena, tranquila e eficiente, de forma a gerar bem-estar ao cidadão. Esse é o objetivo do Estado, que existe para servir ao cidadão", disse, em breve entrevista após ter seu nome confirmado pelo presidente Bolsonaro.

Aluno inscrito do curso de Olavo de Carvalho, Weintraub reafirmou ter grande admiração pelo professor, mas disse não ter um alinhamento automático com ele.

"Ele tem ideias muito boas, mas não sigo ipsis litteris tudo o que ele fala. Não é porque gosto de música clássica que não escute rock and roll de vez em quando", disse. Com passagem pelo mercado financeiro e ex-professor universitário, ele vinha ocupando a secretaria-executiva da Casa Civil e seu nome passou a ser considerado por Bolsonaro há cerca de uma semana.

Weintraub afirmou que está pronto para assumir o posto. "Fui uma das pessoas que elaboraram o plano de governo do presidente. Participei do debate sobre diversas áreas, inclusive das discussões sobre educação. Sinto-me preparado para o cargo", disse.

O presidente Jair Bolsonaro e o novo ministro da Educação, Abraham Weintraub. 
O presidente Jair Bolsonaro e o novo ministro da Educação, Abraham Weintraub.
Foto: Casa Civil/Presidência da República / Estadão Conteúdo

Ele afirmou que, analisando o perfil dos que ocuparam o cargo de ministro da Educação desde o início do governo Lula, seu currículo "se sobressai" por trazer ao posto o perfil executivo de quem trabalhou por muitos anos em empresas privadas.

"Dos 11 ministros, 64% eram filiados a algum partido. Eu não tenho filiação partidária. Sou puramente técnico. E trago uma novidade importante, que é a minha experiência na iniciativa privada", afirmou.

Marxismo cultural

Abraham Weintraub defende que é preciso vencer o chamado marxismo cultural das universidades a partir dos ensinamentos do guru do bolsonarismo. Essa ideia foi apresentada por ele em dezembro a apoiadores do presidente Jair Bolsonaro durante um evento organizado por seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro(PSL-SP), em Foz do Iguaçu. "Dá para ganhar deles. É Olavo de Carvalho adaptado", disse Abraham. "E como ganhamos deles? Não sendo chatos. Temos que ganhar com humor e inteligência".

Na Cúpula Conservadora das Américas, Weintraub falou à plateia que os militantes de direita deveriam adaptar as teorias de Olavo para vencer os embates teóricos com os militantes de esquerda, inclusive adotando o seu jeito de falar com xingamentos. "Quando ele (um comunista) chegar para você com o papo 'nhoim nhoim', xinga. Faz como o Olavo de Carvalho diz para fazer. E quando você for dialogar, não pode ter premissas racionais", disse no evento.

No evento, defendeu o expurgo do comunismo e disse que era preciso evitar ameaças como ataques terroristas islâmicos para que o Brasil se tornasse "um dos países mais pacíficos do mundo". / COLABOROU MARIANA HAUBERT

Estadão
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