DCE repudia denúncia do MP contra alunos por invasão na USP
Segundo o DCE, a intenção de criminalizar os alunos é um ataque ao direito democrático de livre expressão dos movimentos sociais
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade de São Paulo (USP) divulgou uma nota de repúdio após o Ministério Público ter denunciado à Justiça 72 estudantes da instituição por danos ao patrimônio público, pichação, desobediência judicial e formação de quadrilha. Em 2011, os alunos ocuparam o prédio da reitoria por seis dias, em um protesto contra a presença da Polícia Militar no campus.
"Na nossa opinião, a intenção de criminalizar esses estudantes é um ataque ao movimento estudantil e aos movimentos sociais de conjunto, que possuem o direito democrático de livre expressão e manifestação", disse o DCE em nota. Os estudantes também repudiaram as declarações da promotora , responsável pela denúncia, que teria chamado os estudantes de bandidos e criminosos.
O DCE ainda aproveitou para criticar a falta de democracia na gestão do reitor João Grandino Rodas. "O convênio assinado com a polícia militar não foi em nenhum momento debatido junto à comunidade universitária e não solucionou o problema da falta de segurança que até hoje permanece dentro da Cidade Universitária".
De acordo com a denúncia do MP, as provas para processar os 72 alunos foram encontradas dentro do prédio da reitoria: quatro litros de gasolina, seis caixas de rojões e dois isqueiros, além de garrafas de vidro vazias, materiais que poderiam ser usados como bomba caseira, segundo a promotoria.
A promotora ainda argumentou que ficou comprovado diversos danos causados a estrutura da reitoria após a ocupação, como depredação de móveis e equipamentos eletrônicos e pichação de paredes e vidraças. "os denunciados quedaram-se inertes e concordaram entre si com os fatos, sem sequer cogitarem a possibilidade de intervenção para fazer cessar os aludidos atos", disse Eliana Passarelli. A denúncia foi encaminhada ao Fórum de Pinheiros, na capital paulista.
Ocupação da reitoria
No dia 2 de novembro de 2011, centenas de estudantes ocuparam o prédio da reitoria da USP para protestar contra a presença da PM no campus. Seis dias depois, o batalhão de Choque da PM cumpriu decisão judicial de reintegração de posse do prédio e mais de 70 estudantes foram presos.
No final de 2012, a comissão formada pela universidade para investigar o caso determinou a suspensão dos envolvidos por um prazo máximo de 15 dias como forma de punição.