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Corte de energia na UFMT surpreendeu reitora, que nega intermédio do MEC na religação

Câmpus de cinco cidades do Estado tiveram fornecimento de energia interrompido nesta terça. Gestora diz que aguarda liberação de mais verba, pois 'não há um centavo na conta'

17 jul 2019 - 20h36
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CUIABÁ - A reitora da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Myrian Serra, disse nesta quarta-feira, 17, que foi surpreendida com o corte da energia elétrica que ocorreu nesta terça em câmpus da instituição em cinco cidades do Estado. A dívida estimada com a Energisa é de R$ 5 milhões e havia sido renegociada em 2018 para ser paga até outubro de 2020. Segundo Myrian, uma reunião estava marcada para esta quinta, 18, para tratar do assunto, mas o corte ocorreu antes.

O corte expôs os problemas orçamentários da universidade e fez com que o Ministério da Educação (MEC) declarasse que tomará medidas administrativas e judiciais para responsabilizar envolvidos na suposta má gestão da instituição. O ministro Abraham Weintraub chegou a dizer que, durante as tratativas para a religação da energia, a reitoria havia sumido e que a pasta precisou atuar diretamente para resolver o problema. A reitora negou que a religação tenha sido efetuada por intermédio direto do MEC. A negociação, disse, foi realizada pelo vice-reitor Evandro Aparecido Soares.

Foi ele quem apresentou à empresa o comprovante de empenho de pagamento no valor de R$ 1,8 milhão, que corresponde a conta a ser paga em julho mais uma parcela de negociação da dívida. "Em uma hora a energia foi cortada. Começou pelo campus do Araguaia, meia hora depois em Cuiabá, em seguida em Sinop", explicou Myrian, que estava nesta última cidade quando o problema começou. A reitora disse esperar a liberação de R$ 2,7 milhões para quitar outras dívidas. "Hoje não temos um centavo na conta da UFMT para pagar fornecedor", disse ela.

Associação de reitores defende gestora da UFMT

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) saiu em defesa, nesta quarta-feira, 17, da reitora da UFMT. Segundo o vice-presidente da Andifes, Edward Madureira Brasil, que é reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Myrian já estava vindo a Brasília nos últimos dias para negociar um desbloqueio de recursos para pagar essas despesas. "Ela foi surpreendida por essa interrupção no fornecimento de energia", reforçou.

"Sabemos da dedicação da reitora para resolver esse problema", disse outro vice-presidente da Andifes, João Carlos Salles Pires da Silva, reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Silva disse que "certamente o episódio tem a ver com a situação de pressão orçamentária que estamos vivendo". Para Brasil, o problema poderá afetar outras instituições até o fim do ano. "As outras 62 universidades federais e 38 institutos federais estão em situação muito semelhante. É quase certo que nenhuma dessas instituições conseguem chegar ao ao fim do ano em funcionamento pleno. A reversão disso é fundamental para a conclusão do ano letivo", acrescentou.

MEC promete medidas administrativas e judiciais

Nesta terça, o Ministério da Educação (MEC) informou nesta terça-feira, 16, que tomará medidas administrativas e judiciais para responsabilizar envolvidos em uma suposta "má gestão" na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

No Twitter na noite desta terça, Weintraub disse que o MEC atuou diretamente com a companhia de luz e teve a colaboração da diretora e do vice-reitor da universidade. "A 'magnífica' reitora está incomunicável (sumiu)", escreveu. "Já iniciamos providências legais quanto à reitora."

O MEC, em nota na tarde desta terça, informou que o ministro Weintraub "tomou conhecimento da situação" na última quinta-feira, 11, quando chamou a reitora ao ministério e autorizou o repasse de R$ 4,5 milhões para que a reitoria quitasse a dívida. A pasta argumenta que a liberação do limite de empenho foi realizada na sexta-feira da semana passada "com o compromisso da reitora para o pagamento imediato da referida dívida".

Estadão
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