Como sócio de um dos maiores escritórios do País concilia advocacia com trabalho de DJ: 'Algo que me torna mais jovem'
Giovani Loss, especializado no setor de petróleo e gás, assume a persona de Bengoxi quando está em cima dos palcos
Giovani Loss, sócio de um dos maiores escritórios de advocacia do Brasil, concilia sua carreira jurídica com o hobby de DJ, conciliando as duas atividades de forma complementar e realizando apresentações musicais em diversos locais, inclusive internacionais.
Óculos de grau, blazer e camisa social por baixo. Essa é a forma como Giovani Loss, de 47 anos, aparece em sua foto do perfil na rede social corporativa Linkedin. Pela descrição, você pode pensar que se trata de um advogado comum como tantos mil outros. Mas, entre publicações comemorando vitórias em prêmios de advocacia e a conclusão de uma nova formação acadêmica, Giovani surpreende ao aparecer detrás de uma mesa de DJ, tocando música eletrônica para centenas de pessoas.
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Ao estilo Clark Kent, Giovani troca os óculos de grau pelos de sol e - voilá - está pronta a sua versão musical, nomeada de Bengoxi. Mas, ao contrário do que acontece com o Super Homem, o advogado não esconde sua dupla identidade. Na verdade, hoje em dia, elas até se complementam.
"Você tem ali o meu mundo dos advogados, as pessoas acabam achando isso uma coisa muito interessante, muito legal. E também entre os DJs, principalmente, quando eu explico que eu faço transações no setor de petróleo e gás, eles ficam superinteressados. Às vezes, até abre porta porque não é um DJ comum, é um DJ que tem um aspecto diferente e aí eles gostam também de me conhecer”, conta.
Sócio do Escritório Mattos Filho, um dos maiores de advocacia do Brasil com faturamento de R$ 1,8 bilhão por ano, Giovani se sentiu à vontade para assumir a identidade de Bengoxi depois de descobrir um outro executivo que se arriscava na música: David Solomon, CEO da Goldman Sachs, um dos maiores bancos de investimentos do mundo, também é DJ de música eletrônica.
“Aquilo me inspirou de que eu poderia, dentro do mundo corporativo, ter o meu hobby e aquilo poderia não ser tão mal visto quanto eu pensava”, diz, ao confessar que tinha medo de encontrar um ambiente conservador entres os colegas do Direito.
Mas a repercussão não poderia ser mais positiva. Bengoxi se tornou figura certa nas festas de final de ano do Mattos Filho, assim como Giovani sempre encontra um espaço para ele nas viagens internacionais que faz. Uma vez por ano, por exemplo, Giovani vai à China a trabalho como advogado. Na última ida, ele conseguiu através de um contato descolar uma apresentação em Hong Kong como DJ. Para a próxima vez, mira em Xangai.
“Quando eu faço essas viagens, eu vou sempre tentando com amigos arrumar contatos”, diz. Outras apresentações são marcadas com antecedência por produtoras que chegam até ele. Foi o caso do show que fez em Punta del Este, no Uruguai, no feriado da Consciência Negra, e da apresentação que fará no Réveillon de Carneiros, no Rio Grande do Norte. Entre os destinos internacionais, Bengoxi também já tocou no México e nas Maldivas.
Acostumado com os prêmios de Lawyer of the Year (Advogado do Ano, na tradução do inglês), Giovani passou a comemorar sua aparição nos charts - como são chamados os rankings que avaliam o desempenho de produções musicais. Com o EP Need It, Bengoxi ficou em primeiro lugar no ranking Beatport.
“É um ranking de vendas de músicas para DJs. Beatport é um site que vende a música no formato para o DJ tocar. Então, todos os DJs, eles propagandeiam muito quando eles entram no ranking, quando eles alcançam posições altas no ranking. Não é algo fácil”, conta.
É verdade que o trabalho como DJ está longe de ser de onde vem a renda de Giovani, um advogado especializado no setor de petróleo e gás com carreira muito bem consolidada. “As apresentações são pagas, mas dinheiro não é o objetivo. Financeiramente, para mim, não vai fazer tanta diferença, é muito mais pelo prazer da música”, conta.
Ainda assim, isso não tira a seriedade com que ele trata esse seu outro lado. Giovani estabeleceu e cumpre a meta de um grande show por mês, para não atrapalhar as obrigações enquanto advogado e, principalmente, enquanto pai. Seu sonho, lá na frente, é conseguir tocar nos grandes festivais, a exemplo da Tomorrowland, mencionada por ele algumas vezes durante a entrevista.
“Eu tenho 47 anos. Ser DJ é algo que me torna mais jovem, mais feliz, e me fez fazer tantas novas amizades”, reflete.