Ex-protagonista de 'Malhação' transforma roupa em árvore: 'Sem ser ecochata'
Anajú Dorigon vive seu melhor papel por trás da La Femme 368, uma marca de 'slow fashion' que já nasceu sustentável
Anajú Dorigon equilibra carreira artística e empreendedorismo com sua marca sustentável de moda La Femme 368, que adota práticas de slow fashion, compensação de carbono e produção consciente, além de integrar projetos alinhados com ideais ambientais.
Nas telinhas, Anajú Dorigon imerge nas características das personagens que precisa dar vida, sejam elas boazinhas ou com algumas atitudes questionáveis, como a vilã Jade, que lhe deu fama lá em 2014, quando fez Malhação Sonhos, na TV Globo. Já fora delas, a atriz encontrou na função de empreendedora um papel que permite ser exatamente como ela é, com margem para respeitar seus ideais e, sobretudo, seus limites.
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Desde 2021, Anajú se divide entre os trabalhos como artista, as publicidades e a sua marca de roupas, a La Femme 368. A empresa já nasceu com o compromisso de ser sustentável, mas sem ser “ecochata”, brinca Anajú.
“O que a gente foi ensinado, o que a gente costumava consumir de conteúdo sobre sustentabilidade, sempre foi uma coisa mais maçante. Então, eu pensei como eu poderia abordar isso dentro desse hub criativo, que é a 368, e como eu poderia praticar ativamente a sustentabilidade”, reflete.
Assim, nasceu uma marca em que as peças já são desenhadas pensando no sustentável. Isso vai desde a escolha dos materiais até o ritmo com que as roupas são feitas.
“Eu digo que nós somos uma empresa de slow fashion e non-seasonal. Ou seja, a gente faz o máximo possível por ateliê, sem correr para fábrica, e não trabalhamos com coleções ‘verão, primavera, outono, inverno’, mas, sim, por uma demanda”, explica.
Anajú destaca que essa é a forma que ela encontrou de fazer sua parte na indústria da moda, apontada como a segunda que mais polui no mundo, segundo levantamento da Global Fashion de 2022. Ainda assim, ela reforça ser contra extremismos e entende que não é possível extinguir as indústrias do chamado fast fashion.
“Quantas pessoas não têm seus empregos ali? Quantas famílias não são sustentadas através disso, e o quanto essas roupas não fazem bem para as suas clientes?”, pondera Anajú.
Mas o que está a seu alcance para mitigar o impacto da moda no mundo, ela faz. Além da forma de produção menos acelerada, Anajú encontrou um jeito de zerar a emissão de carbono das peças de sua marca.
“Criamos o bosque da 368, onde a gente realiza o plantio de árvores em torno de uma nascente que deságua ali em mais de 100 cidades. E é através desse bosque que a gente faz a compensação e a neutralização de carbono”, explica. O bosque fica localizado no interior de São Paulo.
Ela explica que a marca contratou uma empresa que realiza uma espécie de auditoria de quanto carbono é emitido pelas produções da 368 e quantas árvores deveriam ser plantadas para compensar essas emissões. O bosque também está disponível para clientes que queiram, por conta própria, compensar suas emissões, assim como já foi usado por Anajú para presentear outras atrizes.
“A filha da Nathalia Dill, quando nasceu, eu presenteei ela com um ipê branco. A Nathalia consegue, por um QR Code, acompanhar o crescimento dessa árvore”, conta.
Extensão de si mesma
Ao entrar no perfil da La Femme 368 no Instagram, a publicação mais recente é de 2024. O que parece ser um detalhe destaca mais uma característica importante da marca: há tempo para criar, desenvolver e produzir.
“Entra aí um outro aspecto que é muito especial e que sai um pouco da curva, que é a gente ter esse tempo de dizer ‘Olha, nesse momento a gente está passando por uma fase de transição e de reorganização’. Nós atendemos as clientes que nos procuram e que estão ali conosco no dia a dia, tendo tempo de criação para que a gente possa elaborar algo novo”, afirma Anajú. No momento, o site da 368 está em reconstrução.
No entanto, mesmo com as produções reduzidas, a 368 continua completamente inserida na rotina de Anajú. Isso porque, devido à empresa de moda, a atriz passou a ser convidada para muitos projetos alinhados com esse ideal de sustentabilidade que defende na marca.
No ano passado, Anajú foi convidada para participar do Zero Summit, uma conferência de líderes que discute a possibilidade de um futuro com zero carbono. Ela participou daquela edição como palestrante, mas a experiência deu tão certo que foi convidada a integrar a equipe.
“E hoje a gente faz não só o Zero Summit em si, as conferências em si, como também a gente tem um podcast do Zero. A gente recebe, por exemplo, uma pessoa do agro, e aí a gente recebe uma pessoa do extremo oposto, para conversas em que a gente se aprofunda mais do que apenas nas conferências”, afirma.
Novos projetos como atriz
Embora Anajú tenha uma alta frequência no mundo digital, muita gente gosta de vê-la mesmo nas produções audiovisuais. A atriz compartilhou que no ano que vem estará de volta às telas do streaming em um novo filme sobre Elize Matsunaga.
“Uma observação é que a minha primeira formação é em artes performáticas, mas a minha segunda formação é em criminologia. Então, quando veio a ideia do filme, na hora eu falei, mas com toda a certeza do mundo, eu quero de alguma forma fazer parte”, conta. A atriz irá interpretar a amante de Marcos Matsunaga, morto por Elize.
Anajú reflete que a história por si só é muito delicada e espera que o filme traga novas reflexões. “É uma temática muito atual, envolvendo os abusos, envolvendo o papel da mulher. Vai trazer tipos de questionamento e elementos da história que antes ainda não haviam sido tão abordados”, considera.