Aprender e desaprender rápido: 5 pontos para um líder encarar um mundo que não para de mudar
Desenvolver meta-habilidades, como criatividade, inteligência social e adaptabilidade, é fundamental para líderes navegarem com sucesso no mundo incerto e em constante evolução
Num mundo que muda o tempo todo, um bom líder tem que saber aprender e desaprender rapidamente. As incertezas dos negócios apresentam desafios crescentes para os chefes: as demandas dos trabalhadores evoluem, as perspectivas sobre o trabalho se diversificam e as inseguranças políticas e econômicas globais persistem.
Para um líder se manter relevante, ele precisa de meta-habilidades. Também conhecidas como metaskills, elas podem ser definidas como competências para aprender novas habilidades e incluem a criatividade, inteligência social, adaptabilidade, capacidade de previsão e saber o que importa.
A capacidade de aprender a aprender e se adaptar rapidamente às mudanças é uma vantagem competitiva no mundo dos negócios hoje.
Os líderes que dominam as meta-habilidades têm uma base sólida para enfrentar os desafios em constante evolução e liderar suas equipes com sucesso em direção ao futuro incerto.
Portanto, investir no desenvolvimento dessas competências é essencial para uma liderança eficaz atualmente.
Arte de aprender e desaprender
O inglês Tim Lucas, PHD em Antropologia e diretor da escola de liderança sueca Hyper Island na América, cita a famosa frase de Alvin Toffler, renomado futurista, para exemplificar essa importância.
Toffler previu com sabedoria que o analfabetismo no século XXI não estaria ligado apenas à capacidade de leitura e escrita, mas principalmente aqueles que não conseguem dominar a arte de aprender, desaprender e reaprender.
Se deseja aprender outras habilidades e, principalmente, uma competência mais técnica hoje em dia, acelerar esse desenvolvimento será mais eficiente se já tiver a base nessas metas-habilidades.
Essa capacidade de desenvolvimento passa pela necessidade de criar um ambiente propício ao aprendizado contínuo, explica Lucas.
Os líderes e suas equipes precisam se sentir encorajados a explorar, experimentar e inovar. Isso implica a promoção de uma cultura de tolerância ao erro, onde as falhas são vistas como oportunidades de aprendizado e não como fracassos.
Além disso, os líderes devem estar dispostos a investir tempo e recursos no desenvolvimento de suas próprias meta-habilidades e na capacitação de suas equipes.
Isso inclui a participação em cursos de desenvolvimento pessoal e profissional, a busca por mentores e a criação de espaços de reflexão e discussão na organização.
Como desenvolvê-las?
Desenvolver habilidades pode ser comparado a frequentar uma academia, onde é preciso praticar regularmente.
Além disso, é importante criar atividades divertidas e colaborativas para treinar essas competências. O aprendizado envolve errar e ajustar conforme necessário.
Tim Lucas elencou cinco conjuntos de meta-habilidades e como desenvolvê-las. Confira:
- Criatividade:
Desenvolver a capacidade de inovar e ser criativo é um processo que envolve estimular a curiosidade, empatia e facilitar o processo de inovação. Criatividade é uma habilidade que pode ser aprimorada e não é inata.
É como um músculo que pode ser exercitado e fortalecido ao longo do tempo. A colaboração desempenha um papel importante no desenvolvimento da criatividade, pois a troca de ideias e perspectivas diferentes pode estimular a inovação.
Elementos como curiosidade e empatia são fundamentais para desbloquear a criatividade.
- Inteligência Social:
É a capacidade de se conectar com outras pessoas. Essa conexão começa com o autoconhecimento.
Compreender a si mesmo é fundamental para entender os outros e estabelecer redes de contato.
Hoje, especialmente nas empresas, muitas vezes esquecemos que a empatia começa conosco, explica Tim Lucas.
Se você não tem claro quem você é e quais são suas opiniões, como poderá compreender outras pessoas? Como conseguirá construir conexões específicas com elas?
E como será capaz de compreender o comportamento do seu alvo público? "Se você conhece seus pontos cegos, pode ampliar a fonte de onde busca inovação", explica.
- Adaptabilidade
A adaptabilidade refere-se à capacidade de se ajustar e responder de forma flexível às mudanças nas situações.
A inovação está intrinsecamente ligada à adaptabilidade, pois inovar muitas vezes requer a capacidade de se afastar do status quo e experimentar novas abordagens.
Uma mentalidade ágil, que envolve aprender rapidamente, testar hipóteses e ajustar estratégias com base nos resultados, é fundamental para uma inovação bem sucedida.
Isso implica abandonar a ideia de que a inovação é um processo rígido e entender que a adaptabilidade é essencial para o progresso.
- Capacidade de previsão
A prospectiva envolve a capacidade de imaginar cenários e tendências futuras. Em um mundo complexo e em constante mudança, essa habilidade se tornou crucial para empresas e indivíduos.
Além de ser uma ferramenta estratégica valiosa, a capacidade de pensar no futuro também traz benefícios para a saúde mental por permitir que as pessoas estejam preparadas para enfrentar incertezas.
- Saber o que importa:
Compreender o que é realmente importante envolve a percepção de que aquilo que fazemos possui um impacto no nosso entorno, abrangendo tanto o âmbito profissional, dentro da empresa, quanto as dinâmicas de equipe e as relações interpessoais que mantemos como seres humanos.
"Saber o que realmente importa é mais ativo. É entender qual o impacto do que faço na empresa, na minha equipe e também como ser humano", diz Lucas.
Segundo ele, isso contrasta com o conceito de propósito, que muitas vezes é mais passivo e pode ser associado a encontrar sentido ou propósito na vida, o que nem sempre é facilmente mensurável.