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Antonio Carlos Hernandes, físico, foi vice-reitor da gestão atual

'Precisamos desmistificar, mostrar que a USP não é inatingível, a universidade precisa descer para o asfalto'

24 out 2021 - 12h59
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O físico Antonio Carlos Hernandes, de 62 anos, se emociona ao falar ao Estadão sobre como a Universidade de São Paulo (USP) pode ajudar a diminuir as desigualdades. Filho de um pedreiro de Monte Aprazível, no interior do Estado, ele conta que foi o primeiro a entrar em uma universidade pública e acabou mudando a história de boa parte da família. "Precisamos desmistificar, mostrar que a USP não é inatingível, a universidade precisa descer para o asfalto", diz.

Como vice-reitor da atual gestão, cargo que teve de deixar para se candidatar, ele é o responsável por um programa que incentiva estudantes de escolas públicas a concorrer a vagas na USP, criado em 2017. Hernandes é também um grande defensor das cotas étnico-raciais e sociais que existem hoje, depois de anos de polêmicas e discussões para serem aprovadas na instituição.

Se for eleito, ele pretende criar o Conselho Especial de Inclusão e Diversidade, que teria representantes da sociedade civil em núcleos temáticos étnico-raciais, de gênero, indígenas, LGBTQIA+ e de acessibilidade. "É fundamental que tenhamos as pessoas externas, para ajudar a USP nessas questões", afirma.

Com o aprendizado da pandemia de que é possível dar cursos remotos e não perder qualidade, diz, ele ainda promete criar cursos rápidos, gratuitos e online para a população do País todo, com professores da USP. "Não conseguimos incluir todos como alunos formais, mas podemos ter um milhão de pessoas que vão receber informações da USP, isso cria um sentimento de pertencimento pelas instituições públicas."

A USP recentemente teve de responder sobre seus gastos a uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa e enfrentou o risco de perder verbas com um ajuste fiscal do governo estadual durante a pandemia. Além disso, sofre com os cortes de recursos para a ciência feitos pelo governo Bolsonaro.

"Quando se tira esse dinheiro, tira-se do progresso que poderia ter sido feito em diferentes áreas. A população precisa se colocar contra isso", afirma. Para ele, a USP "sempre se comunicou mal" e isso precisa mudar.

Sua candidata a vice é a professora da Faculdade de Odontologia, em Bauru, Maria Aparecida de Andrade Moreira Machado. Assim como seu concorrente, Hernandes diz que é preciso melhorar a condição das mulheres na universidade. "Precisamos ter uma política para que ela possa fazer sua carreira acadêmica e seguir com a formação da sua família", afirma.

Ele próprio diz que presencia as dificuldades com a mulher, professora universitária, com quem tem uma filha de 5 anos, além de outros dois, adultos, do primeiro casamento. "Somos todos USP porque reconhecemos a diversidade como um valor", diz seu programa de governo intitulado justamente Somos todos USP.

Hernandes deixa claro que, apesar do seu opositor também fazer parte da atual reitoria, ele é o candidato da continuidade. "Eu sou da gestão, não tenho dúvidas disso."

Estadão
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