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Análise: Ideb de 2019 traz algumas boas notícias, mas mantém preocupações históricas

Especialista analisa dados do Ideb, que foram divulgadas nesta terça-feira. 'O desafio da melhoria da qualidade da Educação no Brasil se amplia agora em função da pandemia', destaca Mozart Neves Ramos

15 set 2020 - 16h33
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A edição de 2019 do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) trouxe algumas boas notícias, e manteve algumas preocupações históricas. Foi gratificante verificar, tomando como referência a rede pública, que no Ensino Médio todos os Estados da federação tiveram um crescimento no Ideb de 2017 para 2019. Isto, entretanto, não foi suficiente, quando comparado à 2017, para que um número maior de Estados alcançasse a meta prevista para 2019. Como em 2017, apenas Goiás e Pernambuco conseguiram esse êxito.

O Estado do Paraná foi quem mais cresceu no Ensino Médio com um incremento de 0,7 ponto, e agora ocupa a 4ª posição no ranking nacional. Os três primeiros continuam sendo Goiás, Espírito Santo e Pernambuco.

Olhando para o Ensino Fundamental, os três melhores estados são Ceará, São Paulo e Paraná. A maior preocupação que se observa, nesta edição de 2019, foi um crescimento tímido no Ideb no Ensino Fundamental, especialmente nos Anos Iniciais, exatamente na etapa em que o Brasil vinha tendo melhoras substanciais no campo da aprendizagem escolar. Isso de certa forma pode refletir que a rede pública atingiu uma certa saturação no que se refere à qualidade do ensino oferecido. O Ceará continua sendo a grande pérola nordestina. Isso, em grande parte, decorre do exitoso trabalho de alfabetização das crianças cearenses aos 7 anos de idade.

Para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, os dois Estados que mais evoluíram, de 2017 para 2019, foram Alagoas e Piauí. Foi também Alagoas quem mais cresceu no Ideb nos Anos Finais do Ensino Fundamental com 0,6 ponto. Apenas sete estados alcançaram a meta prevista para 2019.

O desafio da melhoria da qualidade da Educação no Brasil se amplia agora em função da pandemia. Muitos alunos não tiveram até aqui atividades escolares, nem presenciais nem remotas. Isso naturalmente deve impactar tanto na aprendizagem, como no abandono escolar, e como consequência no próprio Ideb. Isso ocorrendo, o País ficará ainda mais distante de cumprir a meta 7 do Plano Nacional de Educação (PNE), vinculada à qualidade do ensino.

*É titular da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira da USP - Ribeirão Preto.

Estadão
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