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Nos conselhos tutelares de todo
o País, são freqüentes pedidos
sem resposta de vagas em creches, pré-escolas
e supletivos, além de reclamações
sobre cobrança irregular de taxas em escolas
públicas e discriminação em colégios
particulares. "Não estamos parados, vamos
no caminho certo, mas não chegamos lá",
analisa o pedagogo Antônio Carlos Gomes da Costa.
"Hoje, em comparação com dez anos
atrás, mais crianças estão na
escola, porém continuamos longe do mínimo."
A coordenadora de Educação Infantil
do ministério, Stela Maris Lagos Oliveira,
diz que o País está no meio de um processo.
"Em educação, não é
possível pensar em mudanças repentinas."
Ela afirma que, além do ECA, a educação
é amparada pela Constituição
e pela Lei de Diretrizes e Bases de 1998.
A presidente da Associação de Professores
do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, Maria
Izabel Noronha, é menos otimista. "Nesta
década a educação retrocedeu
e os números não refletem a realidade",
afirma. "A qualidade do ensino público
no País está muito ruim e várias
questões interferem nisso, desde a falta de
recursos, que causa a superlotação de
salas, até a desvalorização do
professor, que sofre com baixos salários e
falta de condições no trabalho",
diz. "Sem falar de desvios de verba no orçamento
e da superjornada: há professores que têm
empregos diferentes."
Para Maria Izabel, há muito marketing e pouca
realidade. "A educação só
avançará quando a sociedade civil disser
`basta, nós queremos educação
pública de qualidade'."
Arte - Os avanços também devem
incluir, segundo especialistas como o educador Cesare
la Rocca, presidente do elogiado Projeto Axé,
uma escola que dê espaço para imaginar
e criar."É impossível fazer educação
sem arte, estética e beleza", "Ninguém
pode negar que algo começou a se mexer na educação
nesta década, mas nem tudo o que reluz é
ouro:é preciso investir na formação
de profissionais e dar-lhes capacidade de manejar
tanto os parâmetros fundamentais - matérias
tradicionais, como matemática, quanto as transversais
- arte, cultura, meio ambiente, ética e até
filosofia."
Para ele, o esforço depois de dez anos de
estatuto está não só em reivindicar
soluções ao poder público, como
também participar. "Precisamos ter uma
posição que denuncia e também
anuncia, dizendo veja o que é possível
fazer."
Redação
Terra / O Estado de S. Paulo
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