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Coronavírus

Governo do Pará decreta toque de recolher na Grande Belém

Decisão chega no momento em que o Estado está com 81,91% dos leitos de UTI ocupados na rede pública

3 mar 2021 - 00h57
(atualizado às 07h39)
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BELÉM - Na tentativa de frear o avanço do novo coronavírus, o governo do Pará vai endurecer as medidas restritivas na região metropolitana de Belém a partir desta quarta-feira, 3. Entre as novas medidas, está o toque de recolher de 22h até as 05h, exceto, para pessoas com justificativas no âmbito profissional ou com receitas médicas em busca de atendimento hospitalar. O Estado está com 81,91% das UTIs, e 62,23% dos leitos clínicos exclusivos aos pacientes com covid-19 ocupados na rede pública.

Pessoas caminham pelas ruas de Belém, no Pará
Pessoas caminham pelas ruas de Belém, no Pará
Foto: Reuters

O decreto com as normas deve ser publicado na manhã desta quarta, 3, no Diário Oficial do Estado, tendo efeito imediato. Ficam proibidas aglomerações com mais de dez pessoas em locais públicos e privados; práticas esportivas com mais de duas pessoas e apresentações musicais com mais de dois artistas. Além disso, restaurantes, lanchonetes e estabelecimentos similares poderão funcionar com 50% da capacidade, restrito até as 18h.

A venda de bebidas alcoólicas também passa a ser proibida até as 18h. Sendo assim, lojas de conveniência, supermercados e mercados podem comercializar bebidas até este horário. As decisões do governo do Estado foram tomadas em conjunto com as prefeituras que integram a Grande Belém, diante do possível colapso na rede pública e privada.

As regras mais severas foram anunciadas, no fim da noite desta terça pelo governador do Pará Helder Barbalho (MDB), em coletiva à imprensa. "A segunda onda está mais intensa do que a primeira onda no Brasil. Não devemos esquecer dos momentos traumáticos que vivemos na última semana de março e a primeira de abril do ano passado", lembrou o governador, referindo-se ao fechamento das portas de hospitais públicos e privados no Pará. "Não é fácil está aqui anunciando as medidas, mas devemos ser responsáveis e ter empatia. Nossa obrigação agora é evitar o caos", afirmou.

As novas regras devem valer, no primeiro momento, por sete dias. "Em uma semana, queremos voltar aqui e dizer que as medidas foram suficientes para conter o avanço dos casos. Somos solidários aos trabalhadores que ficarão sem trabalhar à noite, neste período", enfatizou o governador.

Ao lado de Barbalho, estavam os prefeitos de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL) e o Dr. Daniel Santos (MDB), de Ananindeua, as duas maiores cidades da metropolitana. Demais prefeitos de municípios vizinhos também participaram do anúncio. "Belém acompanha o número de ocupação de leitos do Estado, mas nossa preocupação é que em quatro dias, não tenha mais nenhum disponível. Em três dias, tivemos um aumento de 20% e isso é muito preocupante", alertou Edmilson.

Durante a manhã, arbalho se reuniu em videoconferência com prefeitos dos 144 municípios paraenses para discutir propostas de enfrentamento ao avanço da doença. Mesmo com novo pico de casos e mortes, o Pará tem menos da metade de leitos, se comparado ao período crítico de 2020. No dia 29 de julho, eram 2.365 leitos exclusivos para pacientes em tratamento de covid-19. Atualmente, o estado conta apenas com 951, redução calculada em 59,79%, no sistema da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).

O Estado abriu mais 50 leitos clínicos, no Hospital de Campanha do Hangar, em Belém. Os leitos já estão disponíveis no sistema de regulação do Estado desde essa segunda, 1º. A ação faz parte da estratégia de prevenção no enfrentamento à covid-19. O Hangar já contava com 250 leitos, sendo 150 leitos clínicos e 100 UTI (Unidade de Terapia Intensiva). A partir desse acréscimo de leitos, serão 300 leitos no total.

Rede particular está em alerta

A situação dos leitos exclusivos para covid na rede particular também não é confortável. No Hospital Porto Dias, que recebe pacientes de vários convênios médicos, a situação beira o caos. "Estão mandando pessoas de outros hospitais, e temos de mandar voltar. Hoje a situação é bem semelhantes a abril e maio do ano passado. A diferença é que já sabemos lidar mais com a doença do que antes", desaba um enfermeiro-chefe, que prefere não se identificar. "As pessoas devem entender que se é rico ou pobre vai dar no mesmo. Os leitos estão escassos aqui. Ano passado, pessoas com muito dinheiro tiveram de ser transferidas para São Paulo e muitas não retornaram", observa o profissional da saúde. A assessoria de comunicação da instituição não foi encontrada para dar esclarecimentos.

A família da Josete Melazzo pede oração nas redes sociais dos seus parentes e amigos. Há cinco dias, a idosa aguarda por leito para ser internada em um hospital credenciado pela Unimed Belém. A empresa de convênios de saúde reconhece o aumento da demanda, mas não informa o percentual de ocupação dos leitos, após questionamento da reportagem. Em nota, informou que, na última semana, a demanda de atendimento a pacientes suspeitos e confirmados cresce "e, consequentemente, a taxa de ocupação de leitos aumentou". Para atender a todos, tanto a rede própria, quanto a rede prestadora da cooperativa estão recebendo os casos leves, moderados e graves da doença. Além disso, ambas irão ampliar os leitos, nos próximos dias, com todo o zelo assistencial", disse o texto.

Procon Pará pede explicações de hospitais da rede particular

A Diretoria de Proteção e Defesa do Consumidor, vinculada à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, enviou expedientes nesta terça a diversos hospitais particulares, a fim de que sejam identificados o atual cenário de disponibilidade e ocupação de leitos de UTI para tratamento da doença e outras patologias, bem como informações quanto aos demais atendimentos hospitalares dos consumidores paraenses.

O Procon requer que sejam enviadas, até esta quarta, em caráter de urgência, informações sobre o quantitativo de vagas e leitos para tratamento da covid-19 e suas variantes, outras patologias e pediatria, bem como o índice de ocupação dos leitos de UTI e clínicos. Também solicita que os hospitais esclareçam quais os tipos de atendimentos realizam - particular, convênios, SUS, planos de saúde - e as especialidades de atendimento, além da tabela de preços de serviços, no caso de atendimento particular, os procedimentos adotados no atendimento e na triagem e, por fim, os horários de atendimento e visitas de acompanhantes às unidades.

Baseado nas normativas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Procon Pará solicita informações sobre os procedimentos e exames que estão sendo autorizados e realizados para detecção do Sars-CoV-2, por meio de sorologia IgG, IgA, IgM, RT-PCR em swab e em saliva, RT-LAMP, Pesquisa do Antígeno de Sars-Cov-2, além dos critérios e prazos para autorização, locais de realização dos referidos procedimentos e exames em todo o Estado.

Estadão
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