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Coronavírus

Bolsonaro minimiza casos de racismo: "Não podemos brincar"

Após participar de partida de futebol beneficente, presidente exaltou sua atuação durante a pandemia: 'Não errei nenhuma'

28 dez 2020 - 20h46
(atualizado às 20h54)
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O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira, 28, que o Brasil não aguenta mais um lockdown em razão da pandemia da covid-19. Perguntado se haverá auxílio emergencial no ano que vem, disse que o País está no limite do endividamento. Ele ainda elogiou as pessoas que decidiram desrespeitar os decretos de isolamento em algumas cidades, disse que não adianta "se esconder do vírus" nem ter "pavor" da doença e exaltou sua atuação durante a pandemia. "Não errei uma. Zero", disse Bolsonaro. Além disso, o capitão da reserva minimizou os recentes casos de racismo no futebol ao dizer que "não se pode mais brincar no Brasil".

Bolsonaro minimiza casos de racismo: "Não pode brincar"
Bolsonaro minimiza casos de racismo: "Não pode brincar"
Foto: Reprodução/Facebook/Jair Bolsonaro / Estadão Conteúdo

O presidente fez as declarações depois de participar de um jogo de futebol em Santos, uma das 19 cidades paulistas que descumpriram o decreto do governador João Doria (PSDB) que determina medidas restritivas.

Depois da partida, Bolsonaro parou para falar com jornalistas, disse que todos estavam de máscara, menos ele, e falou que as pessoas não podem se esconder no vírus. "Não adianta a gente se esconder do vírus. Temos que ter cuidado com os idosos e quem tem comorbidades. Este vírus vai ficar entre nós a vida toda. Não aguentamos mais um lockdown, mais medidas restritivas. Quebra a economia. Não temos mais capacidade de nos endividar", disse o presidente. "Sei que a vida não tem preço e lamento as mortes. Mas não precisamos ficar com este pavor todo", concluiu.

Indagado por repórteres sobre a manutenção do auxílio emergencial no ano que vem, Bolsonaro repetiu: "Estamos no limite da capacidade de endividamento".

O presidente citou, em tom elogioso, as pessoas que foram às ruas e se negaram a cumprir medidas restritivas em Fortaleza (CE), Manaus (AM) e Búzios (RJ).

Bolsonaro participou do jogo beneficente "Natal Sem Fome", promovido há 15 anos pelo ex-jogador Narciso, do Santos, no estádio da Vila Belmiro. Ele jogou pouco mais de cinco minutos e marcou um gol. Jogando como centroavante, recebeu passe de Wiliam Batoré, pela direita, e tocou de esquerda para o fundo das redes. A defesa adversária ficou parada esperando um impedimento que não houve - o presidente estava atrás da linha da bola. O técnico do time foi o ex-jogador Clodoaldo, do Santos e da seleção brasileira.

Um jornalista fez uma comparação entre a jogada e a importância do Centrão, grupo de partidos que sustenta Bolsonaro na Câmara, e o presidente respondeu. "Se eu não tiver apoio de algum deles não tenho como sonhar aprovar uma proposta de emenda à Constituição e quem bota parlamentar em Brasilia são vocês. Eu fui do Centrão no passado. Fui do PP, do PTB, PSC. Então essa história de querer genericamente desqualificar parlamentares não é por aí", disse. O presidente defendeu o bloco alvo de denúncias de corrupção. "É a mesma coisa do time do Santos. Se um ou outro joga mal, não posso falar mal do time todo", afirmou.

Indagado sobre a disputa pela presidência da Câmara, em que Arthur Lira (PP-AL), apoiado pelo Centrão e pelo Planalto, vai disputar com um nome do grupo de Rodrigo Maia (DEM-RJ), Bolsonaro disse que vai "cumprimentar quem vencer".

O presidente também aproveitou o ambiente futebolístico para reclamar das críticas pelo uso de palavras racistas. Ele disse que no vestiário, antes do jogo, Clodoaldo contou que Pelé era chamado de "Negão" pelos colegas e isso era normal. "A gente não pode mais fazer brincadeira no Brasil. Tudo é preconceito, racismo. Ninguém está querendo desqualificar ninguém mas nós fomos acostumados a nos tratar dessa maneira", afirmou o presidente.

Estadão
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