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Em novo relatório, instituto volta a associar Hydro a contaminação no Pará

Novo parecer do Instituto Evandro Chagas se baseou em análise de toda a cadeia produtiva da empresa na região ligou efluentes encontrados em Barcarena a área de extração de bauxita da empresa norueguesa em Paragominas

31 jul 2018 - 00h44
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SÃO PAULO - Depois de uma série de análises em toda a cadeia de produção de alumínio da empresa norueguesa Hydro, no Pará, o Instituto Evandro Chagas (IEC) concluiu, em relatório divulgado nesta segunda-feira, 30, que os metais tóxicos encontrados no ambiente em concentração maior que a normal na região de Barcarena (PA) tiveram mesmo origem nos processos de produção da mineradora.

De acordo com o químico Marcelo Oliveira Lima, da Seção de Meio Ambiente do IEC, o parecer técnico reforça as conclusões dos relatórios anteriores, de que houve vazamento na planta de empresa e consequente contaminação ambiental com rejeitos tóxicos.

O vazamento de rejeitos de bauxita e efluentes do processo industrial da empresa na bacia do rio Pará começou a ser investigado entre os dias 16 e 17 de fevereiro, após denúncia de moradores locais . Depois de uma forte chuva na região, uma lama vermelha se espalhou para além da área da planta industrial.

A nova análise do IEC incluiu toda a cadeia de produção da empresa, desde Paragominas (PA), onde ela extrai o minério de bauxita, passando pela sua transformação em polpa e pelo transporte através de 400 quilômetros de minerodutos, até a refinaria de alumina em Barcarena.

"Esse novo parecer técnico traz à tona as origens geológicas desse material encontrado no ambiente, reforçando o nosso entendimento inicial de que são efluentes da empresa que foram parar no ambiente", disse Lima ao Estado.

Segundo o químico, os efluentes que haviam sido encontrados no meio ambiente em Barcarena incluíam vestígios de arsênio, chumbo e cádmio. Ele afirma que esses elementos, depois de serem retirados do solo, podem se espalhar pelo ambiente em diversas fases do processo de produção do alumínio.

"No fim do processo industrial, só sobra alumina e alumínio. O restante fica no meio ambiente. Esse novo parecer mostra essa trajetória e contribui para o relatório final que estamos preparando, que discutirá vários outros resultados, incluindo análises nas cinzas e nas estradas", afirmou.

De acordo com Lima, as quantidades de metais tóxicos nos rios da região possivlemente são pequenas. Mas não é preciso grandes quantidades para provocar danos em peixes, animais e pessoas.

"Quando esse material é tirado do subsolo e entra em contato com o ambiente, pequenas quantidades vão acabar sendo liberadas todos os dias. Primeiro o material fica no solo, depois é transformado em pequenos grãos. Depois é enviado pelos minerodutos até Barcarena, onde acontece a secagem da polpa. Quando em alguma dessas etapas a chuva entra em contato com esse material, ela deixa de ser água e se torna efluente."

Segundo o relatório, "os dados técnico-científicos evidenciam claramente que o uso do minério bauxita proveniente da província mineral de Paragominas tem como resultado a presença de elementos tóxicos que possuem alta mobilidade e disponibilidade hidrogeoquímica, podendo ser facilmente liberados a partir de processos intempéricos ou etapas de lixiviação."

De acordo com o texto, "o acúmulo e o lançamento desses efluentes no ambiente sem o devido tratamento podem causar impactos ambientais irreversíveis com danos aos ecossistemas aquáticos e terrestres e também para as populações que residem nessas regiões em áreas próximas a essas atividades minerais."

O que diz a Hydro

Em nota, a empresa sustenta não ter havido vazamento e diz que avaliará o parecer técnico do Instituto Evandro Chagas. A Hydro destacou que a Justiça de Paragominas indeferiu pedido de liminar para paralisação das atividades. "Desta forma, a Mineração Paragominas continua operando", acrescentou. A empresa diz que a "Mineração Paragominas monitora a operação do seu mineroduto 24 horas por dia e realiza todas as manutenções preventivas, o que garante a confiabilidade e a segurança da operação deste sistema".

"A bauxita é explorada em diversas partes do mundo e em diferentes locais no Brasil. A polpa de bauxita é inerte e, além disso, não tem contato com o meio ambiente durante a operação de bombeamento, pois o mineroduto é totalmente vedado em toda a sua extensão", informou. "O Plano de Aproveitamento Econômico - PAE da Mineração Paragominas prevê a destinação de rejeitos do processo da mina em suas barragens, conforme requerem a legislação e a Agência Nacional de Mineração (ANM)."

Estadão
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