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Indiana que tirou leopardo de poço já resgatou 800 feras

11 nov 2015 - 10h40
(atualizado às 11h42)
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Em uma manhã abafada de março de 2013, residentes do vilarejo de Jalandhar, na província rural de Gujarat, na Índia, acordaram com uma barulheira em um poço sob construção. Durante a noite, um leopardo tinha caído no buraco. Embora a aparição de felinos seja comum na região, dessa vez era diferente: o bicho precisava ser retirado do poço.

E se a polícia florestal chegou rapidamente a Jalandhar, havia um problema especial: estreito e profundo, o poço oferecia espaço e luz de menos para quem se habilitasse a descer por ele e tentar sedar o animal.

Foi a única mulher da equipe, Rasila Vadher, quem se voluntariou para a missão: a bordo de uma gaiola feita para operações com animais selvagens. Vadher foi baixada poço e, atirou um dardo tranquilizante no leopardo quando estava a apenas três metros do felino. Com o bicho anestesiado, ela pôde colocá-lo numa rede.

Foto: Parque Florestal Nacional de Gir/Divulgação

Leões 'sociáveis'

O mais impressionante não foi a coragem da agente florestal, mas o fato de este não ter sido único resgate de sua carreira. Vadher tem no currículo mais de 800 operações de salvamento de animais selvagens. Foram 400 leopardos, 200 leões e um festival de crocodilos, cobras e pássaros.

E o leopardo de Jalandhar nem foi o mais complicado resgate que ela já fez. Vadher uma vez precisou resgatar três leopardos em 24 horas, incluindo um felino à solta na recepção de uma pensão.

Isso sem falar nas vezes em que, literalmente, deu de cara com leões. "Nenhum programa de treino, independentemente de quão extenso seja, prepara alguém para uma situação real de risco. Você precisar avaliar tudo à volta e aprende com a experiência. Leões, por exemplo, são criaturas sociais e nunca vão te atacar, a não ser que provocados, e sempre vão te dar um aviso", explica a agente florestal.

O mesmo, porém, não se aplica a leopardos. "Leopardos são criaturas solitárias e imprevisíveis. Não precisam de uma razão para atacar."

E estes são os felinos que mais comumente são avistados próximos de vilarejos na Índia. O desmatamento e o crescimento urbano fazem com que leopardos busquem comida perto de humanos e por vezes ataquem habitantes. O que torna o trabalho da polícia florestal ainda mais complicado, já que os animais acabam tendo de ser protegidos de ataques das populações. Há ainda a caça ilegal.

Por isso, parte das tarefas de Vadher inclui cuidar de animais feridos e de filhotes de animais mortos.

"Os animais são minha família", diz a agente florestal, que é casada, mas mora longe do marido, em uma reserva florestal na região de Gir.

Vahder, de 29 anos, entrou na policial florestal em 2008, um ano depois de o então governador de Gujarat e atual presidente indiano, Narendra Modi, ter promovido a contratação de 40 agentes femininas para cuidar da reserva. Nem mesmo ter quase morrido num ataque de leão, em 2012, que deixou com uma série de cicatrizes profundas, tirou seu entusiasmo pelo trabalho.

"Sou paga para passar meu tempo convivendo com a natureza e os animais. O mais importante é mostrar que mulheres podem escolher a carreira que quiserem. Não somos obrigadas a ficar em casa cozinhando".

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