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Postagens manipulam imagens de criança palestina e jovem morta para levar a sites fraudulentos

PUBLICAÇÕES NAS REDES SOCIAIS ALEGAM DIVULGAR 'VAQUINHA' PARA CONTRIBUIR COM TRATAMENTO CONTRA CÂNCER, MAS USAM VÍDEOS MANIPULADOS POR IA DE MENINAS QUE SEQUER SÃO BRASILEIRAS

17 set 2025 - 11h10
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O que estão compartilhando: postagens que pedem doações para Bianca e Maria Clara, que sofreriam de câncer. As publicações direcionam usuários a sites que permitem doar dinheiro para contribuir com o tratamento das meninas.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. As publicações usam imagens de uma criança palestina e de uma jovem australiana para direcionar a sites fraudulentos. Os vídeos têm indícios de manipulação por inteligência artificial (IA), como falas pouco naturais e falta de nitidez.

Saiba mais: publicações no Facebook que somam mais de 44 mil curtidas direcionam a sites fraudulentos de doação. As postagens alegam divulgar os casos de Maria Clara e Bianca, duas jovens que sofreriam de câncer. Os conteúdos, no entanto, foram manipulados por IA.

Um dos vídeos analisados mostraria a criança apresentada como Maria Clara, de 10 anos. Ela sofreria de um tumor maligno cerebral. "Maria já perdeu a mãe em um acidente e hoje vive sob os cuidados da avó, que luta com todas as forças para salvar a neta. Mas o tratamento é muito caro e impossível de pagar sozinha", diz a publicação. O conteúdo direciona a um site para doação.

A menina mostrada no vídeo, na realidade, é uma criança palestina que sofreu um ferimento na cabeça após um bombardeio na Faixa de Gaza. Por busca reversa (veja aqui como fazer), o Verifica encontrou o vídeo original no TikTok do canal de televisão TRT Arabi.

"Uma garota palestina apela por suspender o cerco a Gaza e permitir que ela seja tratada fora da Faixa depois que um bombardeio da ocupação israelense causou a ela um ferimento crônico na cabeça", informa a legenda original.

O vídeo é creditado ao jornalista Amr Tabash. Ele compartilhou a gravação da menina, identificada como Maryam Ibrahim, no Instagram em agosto deste ano (veja aqui).

A outra postagem verificada aparenta divulgar o caso de Bianca, uma jovem de 25 anos que sofreria de um câncer agressivo na mandíbula. No conteúdo, ela parece dizer que teria perdido um bebê e, logo depois, descoberto o tumor.

Quem realmente aparece na gravação, contudo, é Isabella Bradford. Ela publicava conteúdos de moda no TikTok e compartilhava informações sobre seu diagnóstico de câncer. A postagem fraudulenta manipula um vídeo póstumo em que a jovem anuncia a própria morte.

"Tenho câncer terminal e, infelizmente, agora minha vida chegou ao fim, e eu já faleci. Mas eu queria fazer um último 'Arrume-se comigo' porque adoro fazer isso e adoro moda. Obrigada por me acompanhar nessa jornada divertida e, sim, espero que você possa rever todos os meus vídeos e encontrar um pouco de alegria no seu dia se precisar de um estímulo", disse.

O vídeo de Isabella ganhou mais de 10 milhões de visualizações e foi noticiado por veículos de imprensa (veja aqui, aqui e aqui). A jovem australiana de 24 anos morreu em 2024.

Os conteúdos verificados têm indícios de manipulação por IA, como falas e pausas entre frases que soam com pouca naturalidade. É possível perceber, por exemplo, que nos dois casos o movimento dos lábios aparece com pouca nitidez. Esses erros são comuns em mídias geradas pela tecnologia.

Outro indício de falsidade é a criação recente das páginas que divulgam os sites fraudulentos. A página que compartilha o vídeo manipulado da criança palestina foi criada em junho deste ano. O outro perfil, que usa a imagem de Isabella, foi feito um mês depois, em julho.

A Biblioteca de Anúncios da Meta mostra que uma das páginas fraudulentas patrocinou 27 postagens com o vídeo manipulado de Isabella. Todos os anúncios constam como ativos nesta quarta-feira, 17, e direcionam a sites falsos de doação. Veja abaixo.

Como lidar com postagens do tipo: é importante ter cautela com postagens que levam a sites que podem coletar dinheiro. No caso verificado aqui, a reportagem buscou por indícios que poderiam relevar a falsidade do conteúdo: a autenticidade dos vídeos e a confiabilidade da página responsável pela divulgação, por exemplo.

A busca reversa de imagens é uma ferramenta útil nestes casos. Ela auxilia a descobrir se uma determinada mídia já foi compartilhada antes na internet, em quais sites e em qual contexto.

Estadão
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