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Estrada no Pará criticada por Trump não foi planejada para COP-30

PRESIDENTE DOS EUA ALEGOU QUE AMAZÔNIA FOI DESTRUÍDA PARA QUE 'AMBIENTALISTAS PUDESSEM VIAJAR'; GOVERNO ESTADUAL AFIRMA QUE AVENIDA É PLANEJADA DESDE 2020, ANTES DE BELÉM SER ESCOLHIDA PARA SEDIAR CÚPULA DO CLIMA

12 nov 2025 - 14h15
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O que estão compartilhando: que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, denunciou o desmatamento da Amazônia para a construção de uma estrada no Pará para a 30ª Conferência das Nações Unidas Sobre Mudança Climática (COP-30), que ocorre em Belém entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025.

Avenida no Pará criticada por Trump não foi planejada para COP-30
Avenida no Pará criticada por Trump não foi planejada para COP-30
Foto: Reprodução/Instagram / Estadão

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. As postagens se referem à construção da Avenida Liberdade, no Pará, que causou polêmica por questões ambientais. As publicações desconsideram, contudo, que o projeto da avenida começou a ser pensado ainda em 2012, sendo efetivamente lançado em 2020. Belém foi oficializada como sede da COP-30 apenas no final de 2023. O início das obras na estrada foi autorizado em 2024 pelo governo estadual.

Saiba mais: neste domingo, 9, Trump publicou em sua rede social, a Truth Social, que a Floresta Amazônica no Brasil foi destruída para "a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar". Ele disse que o caso "se tornou um grande escândalo".

Trump se refere à construção da Avenida Liberdade, que corta a Área de Proteção Ambiental da Região Metropolitana (APA Belém). Na publicação, ele sugere que o projeto foi iniciado com propósito de atender a COP-30, que ocorre em Belém, capital paraense. No entanto, o conteúdo desinforma ao omitir que, na verdade, a avenida está sendo elaborada desde antes de o Brasil ser confirmado como sede da Cúpula do Clima, em 2023.

A Rodovia Liberdade é mencionada em um documento da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística, datado de dezembro de 2020. O objetivo do projeto é descrito como "construção de uma rodovia expressa, que possibilite um fluxo contínuo e rápido de veículos, assim como que garanta o conforto, redução na taxa de acidentes e segurança de seus usuários".

Como publicado pelo Estadão, o fluxo de veículos na BR-136, principal via para deixar Belém por terra, torna o trânsito intenso. A Avenida Liberdade surge como uma proposta para destravar a mobilidade. Em junho de 2024, o governo estadual autorizou o início das obras da rodovia.

Em março deste ano, após a publicação da reportagem da BBC intitulada "A estrada construída para a COP-30 em Belém que vai desmatar a Amazônia", a Secretaria Extraordinária para a COP-30, vinculada à Casa Civil da Presidência, afirmou que a Avenida Liberdade não faz parte das obras de infraestrutura previstas para Conferência da ONU.

Na mesma data, a Secretaria de Comunicação (Secom) do Governo do Pará reforçou que a avenida não integra o pacote de investimentos federais e estaduais para a COP-30. Reiterou, ainda, que o projeto da Avenida Liberdade foi viabilizado em 2020, antes de Belém ser escolhida como sede da 30ª Cúpula da ONU. A capital paraense foi confirmada para sediar o evento em dezembro de 2023.

A reportagem da BBC citada pelos governos federal e estadual explica que a rodovia era idealizada desde 2012. Segundo o veículo, a proposta foi repetidamente engavetada por preocupações ambientais.

Construção levanta preocupações ambientais e sociais

Conforme reportagem do Estadão, uma análise de impacto ambiental feita pelo governo estadual, concluída em 2023, admite que a estrada causará "afugentamento dos animais terrestres para ambientes adjacentes e, nesse sentido, animais de baixa mobilidade terão maiores riscos de morte por atropelamentos".

Para animais aquáticos, segundo o relatório, "poderá haver perda ou morte devido a possível alteração da qualidade da água nos rios e igarapés gerados pelos eventos indiretos de erosão ou ainda podem estar relacionadas a descartes de efluentes".

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Em relação à população local, o documento especifica que a "circulação de máquinas e equipamentos" e "retirada de vegetação" podem causar "alterações no cotidiano dos moradores em relação a circulação de pessoas" e "sobrecarga nas principais vias de acesso das áreas de influência". Diz, contudo, que a obra reduzirá o tempo de deslocamento e "contribuirá de forma positiva para a melhoria dos serviços públicos".

Uma reportagem do g1 do Pará, publicada em setembro deste ano, relata que a Defensoria Pública do Estado do Pará entrou com uma ação civil pública para questionar a condução da obra da Avenida Liberdade. A Defensoria alega que o projeto pode não ter ouvido adequadamente as comunidades da região.

Ainda segundo a reportagem, cerca de 72 hectares de floresta devem ser suprimidos com a obra. O governo estadual defende que as famílias impactadas serão indenizadas, mas a ação judicial pede reparação por danos socioambientais.

Ao Verifica, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística alegou que o projeto da Avenida Liberdade "segue um linhão de energia, onde a vegetação já havia sido suprimida". Segundo o órgão, a obra possui licença ambiental e "cumpre 57 condicionantes sociais e ambientais, incluindo 37 passagens de fauna para garantir o deslocamento seguro das espécies locais, ciclovia, e sistema de iluminação com energia solar".

Após a repercussão da publicação de Trump, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), rebateu o presidente norte-americano. Ele defendeu que Trump deveria "apontar caminhos contra as mudanças climáticas", em vez de "falar de estradas". Veja abaixo.

Esta alegação também foi checada pela agência Lupa.

Estadão
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