É falso que Polícia tenha encontrado frigorífico em SP que vendia carne humana
VÍDEO FEITO COM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL FAZ ALEGAÇÕES SENSACIONALISTAS NO TIKTOK SEM PÉ NA REALIDADE
O que estão compartilhando: vídeo em que uma pessoa que parece ser um repórter afirma que a Polícia Federal "encontrou restos de carne humana misturados com produtos de carne animal em um frigorífico de São Paulo" e que "o produto estaria sendo vendido em supermercados".
O que o Estadão Verifica concluiu: é falso. Não há qualquer registro sobre o assunto em veículos de imprensa, portais oficiais do governo brasileiro ou órgãos internacionais.
O vídeo foi gerado com ferramentas de inteligência artificial (IA). Uma análise do áudio e das imagens, com auxílio de detectores específicos, indicou 99% de probabilidade de o conteúdo ter sido criado digitalmente.
Saiba mais: o vídeo foi publicado nos Reels do Instagram por um perfil que se apresenta como "criador de conteúdos digitais e influenciador". Ele costuma compartilhar conteúdos virais. A postagem acumula 18,4 mil curtidas, 1,4 mil comentários, 1 mil reposts e 43,9 mil compartilhamentos na plataforma.
Na gravação, a personagem criada por IA relata que a Polícia Federal teria encontrado restos humanos em produtos de carne de um frigorífico em São Paulo. Segundo o conteúdo falso, a investigação teria começado após um funcionário denunciar anonimamente que pessoas eram mantidas em cativeiro na fábrica e forçadas a trabalhar sob ameaça de morte. O vídeo ainda afirma que análises de DNA teriam identificado material de pessoas desaparecidas e que a PF investigaria uma rede de tráfico que usaria a fábrica como fachada para ocultar vítimas.
O vídeo não informa o nome da empresa, nem a cidade onde o suposto material teria sido encontrado. A falta de informações é um indício de que o conteúdo não é confiável. A Polícia Federal foi procurada, mas não respondeu até a publicação da checagem.
Perfil que criou o vídeo
O vídeo foi publicado inicialmente no TikTok, mas foi retirado da plataforma. A conta só possui seus vídeos disponíveis, todos eles marcados como criados com ferramentas de inteligência artificial. Os conteúdos abordam temas sensacionalistas para apelar às emoções dos usuários e atrair engajamento.
O nome, a descrição e a identidade visual simulam um veículo de comunicação. Apesar disso, não há registro de sua existência fora do TikTok. O uso de padrões que simulam a imprensa profissional é uma forma de dar credibilidade ao conteúdo.
O que podemos aprender com essa checagem: ferramentas de inteligência artificial estão cada vez mais acessíveis e mais verossímeis. O vídeo checado se utilizou do formato de um conteúdo jornalístico para passar credibilidade. Uma forma de confirmar a autenticidade de um conteúdo é procurar sua origem nas páginas e perfis oficiais dos meios de comunicação.