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Terceiro suspeito de participação em massacre em Suzano é liberado após prestar depoimento

15 mar 2019 - 11h02
(atualizado às 21h20)
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Um jovem suspeito de ser um terceiro envolvido no massacre em Suzano que deixou 10 mortos na quarta-feira foi liberado pela Justiça após prestar depoimento nesta sexta-feira, numa decisão que acatou parecer do Ministério Público, mas contrariou a posição da Polícia Civil, que queria que o menor fosse apreendido por afirmar ter provas de seu envolvimento no caso.

Estudantes e moradores participam de um abraço simbólico em homenagem às vítimas de ataque na escola Raul Brasil, em Suzano
15/03/2019
REUTERS/Ueslei Marcelino
Estudantes e moradores participam de um abraço simbólico em homenagem às vítimas de ataque na escola Raul Brasil, em Suzano 15/03/2019 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Em nota, o Ministério Público de São Paulo informou que colheu depoimento do jovem nesta sexta e pediu novas diligências à polícia e que, se for o caso, pedirá sua internação. A Polícia Civil, no entanto, disse que a apuração já conta com indícios sólidos contra o adolescente e que ele solto é um perigo para a sociedade.

"O MPSP informa ter ouvido, nesta sexta-feira, o terceiro jovem supostamente envolvido nos fatos que resultaram na morte de dez pessoas em Suzano. Informa ainda ter requisitado a realização de diligências complementares por parte das autoridades policiais para, posteriormente, se for o caso, pedir a sua internação, como determina o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)", informou o MP paulista em nota.

O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, no entanto, disse que a polícia pediu a internação do menor por entender que ele pode representar perigo à sociedade caso continue solto.

O adolescente é suspeito de ter participado do planejamento do massacre de quarta-feira junto com os dois atiradores, um de 17 anos e outro de 25, que cometeram suicídio na escola após matarem oito pessoas.

"Ele tinha ligação direta com todo o planejamento, ajudou a iniciar a execução e não participou da ação. É muito perigoso, do nosso ponto de vista, deixá-lo neste momento em liberdade. Ele pode, e já disse em depoimento que queria ter participado e queria fazer isso", disse o delegado-geral, acrescentando que o suspeito também era estudante da escola Raul Brasil.

Uma fonte a par das investigações, que pediu para não ser identificada, disse à Reuters sob condição de anonimato que a Polícia Civil queria a internação do menor por 45 dias e que existem "provas robustas" do envolvimento dele no massacre. Essa fonte disse ainda que o jovem tinha proximidade com o atirador mais jovem, que, na investigação, é tido como "mentor intelectual dos ataques".

O massacre ocorreu na manhã de quarta-feira, quando os assassinos entraram na escola estadual Raul Brasil e atacaram alunos que estavam no pátio durante o horário do lanche. Duas funcionárias também estão entre as vítimas fatais. Antes disso, eles mataram o dono de uma locadora de veículos, que era tio de um deles.

Os dois assassinos eram ex-alunos da instituição, e uma fonte policial afirmou que eles planejavam o ataque há um ano e meio, sob a intenção de atrair popularidade e chamar mais atenção do que o massacre de Columbine, nos Estados Unidos, no qual 15 pessoas morreram em 1999, incluindo os dois executores do crime.

Na quinta-feira, a polícia realizou diligências nas residências dos autores e em uma lan house onde os jovens costumavam se encontrar, e apreenderam diversos objetos entre computadores, tablets e anotações, que auxiliarão nas buscas pela motivação do crime, segundo a Secretaria da Segurança Pública de SP.

Os corpos da maioria das vítimas do ataque em Suzano foram sepultados na quinta-feira no Cemitério Municipal de São Sebastião. O corpo do dono da locadora de carros foi enterrado no Cemitério Colina dos Ipês. A família de um dos estudantes mortos optou por uma cerimônia reservada.

A coordenadora pedagógica da escola foi a última a ser sepultada. O enterro ocorreu na manhã desta sexta-feira, quando um dos filhos da vítima, que mora na China, chegou ao país.

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