SP: em 1 dia, fumantes podem produzir 40 t de bitucas
Vagner Magalhães
Direto de São Paulo
Se cada um dos dos 8 milhões de fumantes do Estado de São Paulo consumir meio maço de cigarros por dia, ao fim de 24 horas o meio-ambiente do Estado recebe uma carga de 40 toneladas de resíduo, formado por filtro, papel e tabaco. Em um mês, quantidade gerada pode ser comparada à de lixo exportada clandestinamente pela Inglaterra para o Brasil e encontrada pela fiscalização nos portos de Santos (SP), Rio Grande (RS) e Caxias (RS).
Dados do Instituto Nacional do Câncer apontam que cerca de 20% da população do Estado de São Paulo, de aproximadamente 40 milhões de pessoas, tem o hábito de fumar. Pesquisa pioneira sobre a poluição e contaminação por restos de cigarro, realizada pelos biólogos Mário Albanese e Aristides Almeida Rocha, em São Paulo, mostra que uma bituca permanece na natureza por períodos nunca inferiores a dois anos. Os filtros dos cigarros são resistentes à biodegradação e ficam no solo e na água por mais de cinco anos.
Segundo Albanese, presidente da Associação de Defesa da Saúde de Fumante, uma experiência realizada dá uma pista sobre o problema. "Mergulhamos 20 bitucas de cigarro em um recipiente com 10 litros de água. A conclusão é que elas geram uma poluição que pode ser igualada a de um litro de esgoto doméstico", diz.
De acordo com ele, cada bituca tem o peso médio de meio grama e provoca turbidez na água, formando um sedimento tóxico. "Isso acaba gerando lodo de difícil degradação. Polui tanto o ambiente líquido quanto o solo. Nas praias, por exemplo é um problema sério. Os filtros acabam sendo levados pelo mar e engolidos por peixes, tartarugas, golfinhos. Em alguns casos, podem levá-los à asfixia.
"Com a nova lei, que permite apenas o fumo em lugares aberto, as chances de essas bitucas serem dispensadas de maneira inadequada aumentam. É só andar pelas ruas e ver. A cada passo você encontra uma bituca jogada", diz.