'Sandália política': imprensa francesa repercute polêmica em torno da campanha publicitária das Havaianas
A imprensa francesa desta terça-feira (23) aborda o episódio em torno da nova campanha publicitária da marca Havaianas, orgulho dos brasileiros, mas que também é famosa na França. Sites de jornais e canais de TV expressam surpresa com o nível da polarização política no Brasil.
"Eu não quero que você comece 2026 com o pé direito": o site do jornal Le Monde destaca que bastou essa frase, pronunciada pela atriz Fernanda Torres, para inflamar a direita brasileira. A matéria explica que, para a classe política conservadora — que pede boicote à marca — a campanha das Havaianas traz uma mensagem implícita em um momento em que o Brasil se prepara para um novo ano eleitoral.
A emissora BFMTV destaca que a publicidade suscitou "reações raivosas" em políticos da direita. O canal cita um stories publicado por Eduardo Bolsonaro no Instagram, em que o ex-deputado joga um par de Havaianas no lixo. A matéria afirma que o filho do ex-presidente critica a escolha de Fernanda Torres para representar a marca por ser, segundo ele, "uma pessoa declaradamente de esquerda".
Mesmo tom do canal TF1 que diz que o chinelo "está no centro de uma guerra entre direita e esquerda". A emissora também lembra que a campanha publicitária entrou na mira de influenciadores conservadores, como Thiago Asmar, que tem mais de dois milhões de seguidores no Instagram. O criador de conteúdos protestou postando um vídeo em que caminha descalço em uma calçada escaldante para evitar usar Havaianas.
Esquerda rejeita polêmica
"Sandália política", diz o jornal 20 Minutes, afirmando que a polarização no Brasil se cristaliza agora em torno dos chinelos preferidos dos brasileiros. Nas redes sociais, "muitos internautas sugerem comprar sandálias de outra marca, enquanto outros publicam vídeos em que cortam as tiras de suas Havaianas".
No campo da esquerda, a polêmica é refutada. A matéria destaca a declaração da deputada mineira Duda Salabert, que classifica de "idiotas" os ataques da direita contra a marca. Segundo ela, o boicote ameaça os empregos de cerca de 5 mil funcionários na fábrica das Havaianas em Montes Claros, no norte de Minas.
Para o site do jornal L'Humanité, o episódio ilustra a tensão no Brasil a menos de um ano da eleição presidencial. "Enquanto o presidente Lula anunciou que pretende se candidatar novamente, o campo bolsonarista [...] afina sua estratégia com o objetivo de reconquistar o Palácio do Planalto", avalia.
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