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Processos de impeachment ou cassação serão mais longos que mercados esperam, diz 'FT'

15 mar 2016 - 07h41
(atualizado às 08h14)
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Foto: Lula Marques/ Agência PT

Um eventual impeachment ou cassação da presidente Dilma Rousseff pela Justiça Eleitoral pode levar mais tempo do que os mercados esperam, diz o jornal britânicoFinancial Times na edição desta terça-feira.

"Enquanto o impeachment é um processo político, o TSE é um procedimento jurídico que provavelmente acabará no Supremo Tribunal Federal. Os dois demorarão mais do que os mercados - esperançosos por um governo mais amigável aos investidores - possam estar esperando", diz o texto.

A reportagem, que ocupa uma página inteira do jornal, diz que os investidores estão "otimistas sobre uma mudança em Brasília".

"O escândalo de corrupção da Petrobras e o possível impeachment da presidente Dilma Rousseff estão alimentando uma crescente corrida por ações, títulos e moeda brasileira, dando ao país uma oportunidade de recorrer aos mercados internacionais pela primeira vez em 18 meses."

Segundo o jornal, o real teve alta de mais de 10% em relação ao dólar este ano, tornando-se o moeda com melhor desempenho entre países emergentes, enquanto a Bovespa subiu 14%.

"Ao ignorar a recessão, déficit fiscal e agitação política, os investidores estão apostando que o Brasil está perto de instalar um novo governo que irá tirar sua economia da estagnação."

Política

O jornal diz, porém, que nem Dilma nem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva devem "desistir fácil", citando o clamor do ex-presidente para que as pessoas fossem às ruas após sua condução coercitiva e o passado de guerrilheira de Dilma.

A reportagem diz que a intensificação das investigações de corrupção no país, que chegaram ao ex-presidente Lula, abriram uma "capítulo perigoso" na crise.

"Enquanto o país se prepara para sediar a Olimpíada, há dúvidas sobre se haverá um presidente no cargo durante os Jogos."

De acordo com a publicação, os protestos refletem não só a insatisfação com o governo mas também com a mudança na sorte do país.

"Após aparentemente não fazer nada de errado na primeira década do século, o Brasil está lutando para fazer qualquer coisa certa na segunda".

Na sequência de eventos negativos, o jornal menciona a traumática derrota por 7 x 1 na Copa, a falência de Eike Batista, que chegou a ser o homem mais rico do país, o risco de Lula ("estrela política que chegou a representar o entusiasmo e potencial do país") parar na cadeia e a epidemia de zika.

O Financial Times destaca ainda a "bomba-relógio" criada pela Constituição de 1988 com gastos obrigatórios na forma de benefícios, aposentadorias e salários "insustentáveis".

"No importa quem governe o Brasil, há uma necessidade urgente de reestruturar suas finanças públicas."

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