Vice-secretário dos EUA acusa Moraes de “destruir” relação entre Brasil e Washington
Declaração ocorre após Itamaraty convocar representante americano e manifestar indignação com críticas
Vice-secretário dos EUA, Christopher Landau, acusou Alexandre de Moraes de comprometer a relação Brasil-EUA ao usar indevidamente seu poder no STF, gerando tensão diplomática e críticas à separação de poderes.
O vice-secretário do Departamento de Estado norte-americano, Christopher Landau, afirmou neste sábado, 9, que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), seria o responsável por “destruir” a relação histórica entre o Brasil e os Estados Unidos.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
A declaração foi feita um dia depois de o Itamaraty chamar para uma reunião o encarregado de negócios dos EUA em Brasília, Gabriel Escobar, em protesto contra declarações de autoridades e da representação diplomática americana.
Em publicação no X (antigo Twitter), Landau defendeu que a separação entre os Poderes é uma “garantia de liberdade” e alertou que nenhuma autoridade deveria “acumular poder excessivo”.
Segundo ele, uma separação formal de atribuições “nada significa” se um dos poderes tiver a capacidade de intimidar os demais a ponto de fazê-los abrir mão de suas prerrogativas constitucionais. “O que está acontecendo agora no Brasil reforça esse ponto: um único Ministro do Supremo Tribunal Federal usurpou poderes ditatoriais ao ameaçar líderes dos outros poderes – ou suas famílias – com prisão, detenção ou outras penalidades", afirma Landau.
The separation of powers among different branches of government is the greatest guarantor of liberty ever devised by the human mind. No single branch, or person, can amass too much power if checked by the others. But a formal separation of powers means nothing if one branch has…
— Christopher Landau (@DeputySecState) August 9, 2025
Landau acusou o ministro de aplicar de forma extraterritorial a lei brasileira para tentar silenciar pessoas e empresas nos Estados Unidos, o que, segundo ele, teria prejudicado a parceria entre as duas nações.
O diplomata afirmou ainda que a situação é “sem precedentes”, pelo fato de envolver um magistrado. "A situação é inédita e anômala justamente porque essa pessoa veste uma toga judicial: enquanto sempre é possível negociar com líderes dos poderes Executivo ou Legislativo de um país, não há como negociar com um juiz, que precisa manter a aparência de que todas as suas ações são ditadas pela lei", argumentou.
Por fim, disse que Moraes atua “sob o manto do Estado de Direito” e que o impasse persiste porque os demais Poderes afirmam não poder intervir. "Se alguém souber de um precedente na história da humanidade em que um único juiz não eleito tenha assumido o controle do destino de sua nação, por favor informe. Queremos retomar nossa amizade histórica com a grande nação do Brasil!", disse.