Sete de Setembro: o que se sabe sobre o protocolo de segurança reforçado previsto para Brasília
Desfile acontece no domingo em meio a manifestações por anistia e julgamento histórico que pode condenar Jair Bolsonaro por golpe de Estado
Em meio ao julgamento histórico que pode condenar Jair Bolsonaro e sete aliados por golpe de Estado e a manifestações previstas para acontecer em todo o Brasil clamando por anistia ao grupo e aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, acontece o tradicional desfile do Sete de Setembro em Brasília neste domingo. Com esse contexto, a segurança do evento será reforçada -- conduzida pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), com esforço conjunto entre os órgãos de segurança pública do Distrito Federal, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e o Ministério da Defesa.
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Neste ano, o Desfile Cívico-Militar terá “significados que vão além das celebrações em torno do Dia da Independência”, informa a Comunicação da presidência. O evento contará com a presença do presidente Lula, de ministros e outras autoridades.
O tema central será “Brasil Soberano”, termo que tem sido repetido em meio ao atual contexto político-econômico, com o Brasil sendo alvo de sanções do governo Trump, dos Estados Unidos, em retaliação ao que o republicano chama de “caça às bruxas” contra Bolsonaro e afronta à liberdade de expressão pelo Supremo Tribunal Federal.
O desfile terá início às 9 horas de domingo e contará com três eixos principais: ‘Brasil dos Brasileiros’, ‘Brasil do Futuro’ e um terceiro voltado à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que será sediada pela primeira vez no Brasil, em novembro, e ao Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O dia também contará com as programações de costume das tropas das Forças Armadas -- Marinha, Exército e Forças Aéreas--, além da apresentação da Esquadrilha da Fumaça.
O que se sabe sobre o esquema de segurança?
- Ao Terra, o GSI afirmou ter solicitado ao Ministério da Defesa um Coordenador de Segurança de Área (CSA) para garantir a segurança das autoridades presidenciais e, por extensão, do próprio desfile;
- De forma preventiva, o GSI opera em coordenação com órgãos de segurança pública do Distrito Federal, “acompanhando e analisando rotineiramente a evolução de possíveis cenários de risco às autoridades”;
- Unidades especializadas da Polícia Militar do Distrito Federal, como Cavalaria, BPCães e Bope, e da Polícia Civil, como a Divisão de Operações Especiais (DOE) e a Divisão de Operações Aéreas (DOA), estarão de prontidão durante o evento;
- Haverá reforço de policiamento na Rodoviária do Plano Piloto e nas estações de metrô Central e Galeria, nos entornos do desfile;
- Toda a região será monitorada por câmeras, drones e informações enviadas à estrutura da Cidade Policial, montada ao lado do Museu da República – e somente drones autorizados poderão acessar o espaço aéreo do local do desfile;
- Não foram fornecidos mais detalhes sobre o esquema de segurança para “não prejudicar os protocolos”, informou o GSI.
Como vai funcionar o desfile?
O público poderá acessar as arquibancadas a partir das 6h30. O acesso será controlado e limitado. Além disso, parte das arquibancadas serão de uso exclusivo para pessoas com deficiência, que poderão acessar o desfile pelo Bloco J. Está prevista para às 9h a recepção oficial ao presidente Lula e, na sequência, terá início o desfile.
Não será permitido entrar na Esplanada dos Ministérios com latas, copos, coolers e isopores; fogos de artifício e similares; artefatos explosivos, armas em geral e apontador a laser ou similares. Também não será permitida a entrada de animais em geral, com exceção de cães guia.
É permitida, porém, a entrada de lanches, biscoitos, frutas ou outros alimentos, assim como de água, suco ou outras bebidas – desde que não seja em garrafas de vidro. Também é permitido o uso de máscaras hospitalares, bonés e chapéus. Protetores solares estão liberados, desde que não sejam sprays ou aerossóis.
Pedestres terão acesso ao local do desfile pelos caminhos:
- Via S1 (após o Buraco do Tatuí, próximo à Catedral; e pela saída da L2 Sul);
- Via S2 (escadarias da Catedral, Bloco B e Bloco C);
- Via N2 (na escadaria e túnel do Bloco J do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) — o primeiro ministério na via N1 no sentido Rodoviária-Congresso), na Asa Norte.
O trânsito na área central de Brasília será alterado, com o fechamento da Esplanada desde às 17h deste sábado, 6. No domingo, o metrô começará a funcionar às 5h30. Além disso, o transporte público será gratuito no dia.
Julgamento e anistia
Na terça-feira, dia 12, teve início o julgamento em torno da trama golpista que tem Jair Bolsonaro e outros sete aliados como réus. A ação penal é inédita e tem sido reconhecido internacionalmente como um feito histórico. Isso porquê é a primeira vez que um ex-presidente da República e militares de alta patente podem ser condenados por tentativa de ataque à democracia.
Eles são investigados por tentativa de golpe de Estado, organização criminosa, dano ao patrimônio público e outros crimes -- sendo Bolsonaro apontado como o líder e principal beneficiário da trama golpista. Na quarta-feira, os réus foram defendidos pela última vez por seus advogados. Agora, o caso será retomado na semana que vem com os votos dos cinco ministros da Primeira Turma do Supremo.
A próxima sessão da Ação Penal 2668 será na terça-feira, 9, com a análise dos ministros da Primeira Turma. Votarão, na ordem: Alexandre de Moraes (relator do caso), Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin (presidente da Turma). A condenação ou a absolvição dos réus será decidida pelo voto da maioria.
A Primeira Turma votar pela condenação dos réus não significa que eles serão presos imediatamente. Isso porque eles ainda podem apresentar recursos – que podem pesar mais ou menos, a depender do placar do juri. A execução de uma eventual pena só pode acontecer após ser dado “trânsito em julgado”, ou seja, quando são esgotados todas as possibilidades de recursos.
Jair Bolsonaro está em prisão domiciliar desde o dia 4 de agosto, mas devido um processo que corre paralelamente no STF. No caso, se trata do inquérito que aponta que as ações do deputado Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, com o apoio do ex-presidente, tiveram como objetivo pressionar o Supremo a desistir da ação penal da trama golpista. Nisso, ambos foram indiciados pelos crimes de coação no curso do processo e abolição do Estado Democrático de Direito.
Em paralelo ao julgamento, manifestações em prol da anistia pelos réus e aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro são organizadas para acontecerem neste Sete de Setembro por todo o Brasil.
Confira as datas e horários das próximas sessões:
- 9 de setembro (terça-feira): sessão extraordinária das 9h às 12h e das 14h às 19h;
- 10 de setembro (quarta-feira): sessão extraordinária das 9h às 12h;
- 12 de setembro (sexta-feira): sessão extraordinária das 9h às 12h e das 14h às 19h.
É possível acompanhar a transmissão pelos canais oficiais do STF -- TV Justiça, Rádio Justiça, aplicativo Justiça+ e o canal do Supremo no YouTube. O portal Terra também transmite as sessões, assim como publica detalhes do julgamento e de seus bastidores.

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