Omar Aziz será relator da recondução de Paulo Gonet à PGR
CCJ é liberada para votar recondução em novembro; Lula aposta na continuidade do atual procurador-geral em meio a novo equilíbrio político
Omar Aziz será o relator na CCJ do Senado para a recondução de Paulo Gonet à PGR, ato apoiado por Lula em busca de estabilidade política e aprovação no plenário.
O senador Omar Aziz (PSD-AM) foi designado relator da recondução de Paulo Gonet ao comando da Procuradoria-Geral da República (PGR). A escolha foi feita pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Otto Alencar (PSD-BA), e marca o início formal da tramitação da indicação enviada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 27 de agosto.
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Com o aval do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), a CCJ está oficialmente liberada para votar o nome de Gonet em novembro, etapa que antecede a análise no plenário da Casa. O sinal verde de Alcolumbre destrava o cronograma e confirma o calendário já delineado pelo governo para consolidar a recondução do atual procurador-geral.
A indicação ocorre em um momento politicamente sensível: Lula decidiu manter Gonet à frente do Ministério Público Federal poucos dias antes do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que envolve Jair Bolsonaro e outros investigados pelo episódio do 8 de Janeiro.
Atuação e histórico com Bolsonaro
Antes de assumir a chefia da PGR, Gonet atuou como vice-procurador-geral Eleitoral e teve papel decisivo nas ações que levaram à inelegibilidade de Bolsonaro. Em duas ocasiões, ele se manifestou pela condenação do ex-presidente: a primeira, após a reunião com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, em julho de 2022, quando Bolsonaro levantou, sem provas, suspeitas sobre o sistema eletrônico de votação; e a segunda, nas comemorações do Bicentenário da Independência, em setembro do mesmo ano, quando o então presidente utilizou o evento oficial para fins eleitorais.
Nos dois casos, Gonet apontou abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, alinhando-se à posição que consolidou a inelegibilidade do ex-mandatário.
Do radar bolsonarista à aposta de Lula
O nome de Gonet não é estranho ao universo bolsonarista. Em 2019, a deputada Bia Kicis (PL-DF) chegou a sugeri-lo como possível titular da PGR, elogiando seu perfil técnico e conservador. Na ocasião, porém, Bolsonaro optou por Augusto Aras, considerado mais alinhado ao governo.
Agora, seis anos depois, Gonet retorna ao centro da cena política sob outro contexto — desta vez com o apoio de Lula, que busca garantir estabilidade institucional e sinalizar compromisso com a autonomia do Ministério Público.
A condução de Omar Aziz na relatoria é vista como um gesto de equilíbrio dentro do PSD, partido que ocupa posição estratégica entre o governo e o bloco de centro. Com a CCJ autorizada a votar, a recondução de Gonet tende a avançar sem sobressaltos, embora o plenário do Senado ainda possa impor surpresas no caminho.