COLUNA | O Leite está azedando: crise do carnaval, do avião, do documentário e pedido de impeachment desgastam governador
Suas próprias decisões políticas e movimentos recentes acabaram por agravar ainda mais sua imagem
Não adianta tapar o sol com a peneira: o Eduardo Leite que vai finalizar o segundo mandato é bem menos popular do que aquele que iniciou o primeiro. A imagem do governador está se desgastando a cada dia que passa, sendo que alguns dos fatores vão além dele mesmo e não daria para ele sozinho fazer muita coisa. Porém, outras de suas decisões têm servido para temperar sua impopularidade.
Dentre os fatores que estavam aquém do que o governador poderia fazer está a crise do PSDB, seu antigo partido que anunciou fusão. Leite decidiu arrumar as malas e ir para outra legenda, o que não chega a ser "ruim" por si só, mas já colocou ele em uma posição delicada no tabuleiro político. Independente de sua decisão, o desgaste na imagem seria natural. Além disso, nem ele, nem ninguém, contava com a enchente do ano passado, que acabou gerando impasses e trocas de farpas na questão envolvendo as obras e recursos.
Porém, os fatores que independem do governador param por aqui. Suas próprias decisões políticas e movimentos recentes acabaram por agravar ainda mais sua imagem.
Para começar, o governo estadual havia lançado a ideia de comprar um avião seminovo no valor de R$ 95 milhões para auxiliar não só no transporte do próprio governador, como em situações de emergência e urgência, como transplante de órgãos e calamidades. Logo em seguida veio outra polêmica envolvendo o documentário na qual Leite é o narrador, que foi considerado por muitos uma "promoção pessoal". A mais recente, que causou indignação em muitas pessoas, foi a ideia de destinar recursos estaduais para a Escola de Samba Portela, do Rio de Janeiro, que terá como enredo a história do Príncipe Custódio e a cultura afro-gaúcha. As próprias farpas trocadas com o governo federal na questão da reconstrução fragilizam sua imagem.
A "cereja do bolo" de sua impopularidade recente seja o pedido de impeachment que foi protocolado na Assembleia Legislativa do RS. É improvável que esse movimento vá, de fato, cassar o mandato do governador, mas já mostram o nível de descontentamento geral com a sua gestão. Talvez Leite esteja pensando em uma eventual candidatura à Presidência da República em 2026, mas se for essa a intenção, as perspectivas não parecem animadoras dada a desidratação de sua imagem. Além disso, quem quer que ele escolha para apoiar ao governo do RS deverá ter bastante dificuldade por conta disso.