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Política

Bolsonaro mandou Cid distribuir remédios proibidos durante pandemia, diz jornal

Proxalutamida ainda está sendo testada para tratamento contra câncer e não possui eficácia verificada contra covid

27 ago 2025 - 14h04
(atualizado às 14h20)
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Resumo
Bolsonaro teria mandado Mauro Cid distribuir proxalutamida, remédio sem registro e eficácia contra covid, durante a pandemia, segundo investigação com dados da Polícia Federal.
O ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, e o então presidente da República, Jair Bolsonaro
O ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, e o então presidente da República, Jair Bolsonaro
Foto: Dida Sampaio/Estadão / Estadão

O então presidente Jair Bolsonaro (PL) mandou o tenente-coronel Mauro Cid distribuir para aliados um medicamento de uso proibido no Brasil durante a pandemia da covid-19, segundo o jornal Estadão. Até hoje, o remédio chamado de proxalutamida não tem registro na Anvisa e, ao redor do mundo, está apenas em fase de testes.

De acordo com a reportagem, dados extraídos pela Polícia Federal do celular de Cid usado em 2021 mostram que ele conseguiu obter uma carga desse medicamento e acertou com Bolsonaro a entrega para aliados. As mensagens mostram que o presidente dava a palavra final sobre a liberação.

A proxalutamida é um anti-androgênio produzido na China, originalmente estudado para o combate a alguns tipos de câncer. Durante a pandemia, bolsonaristas passaram a defendê-la como suposto tratamento contra a covid-19, embora sem comprovação científica.

Órgãos regulatórios dos Estados Unidos e da União Europeia também não autorizam o uso da substância, nem mesmo para sua indicação original. No Brasil, estudos chegaram a ser liberados, mas foram suspensos por irregularidades, entre elas importação em quantidade maior do que a autorizada.

As mensagens de Cid detalham diferentes situações em que Bolsonaro autorizou entregas. Em junho de 2021, ao ser consultado sobre um paciente com covid-19, respondeu: “Mande a proxalutamida”. Em outra ocasião, determinou que o medicamento fosse entregue à família do deputado Luciano Bivar (PSL-PE).

Entre os destinatários também esteve o pastor R. R. Soares, internado com covid-19 naquele período. Cid chegou a sugerir o envio do remédio ao líder religioso, com aval direto do presidente. Não há registro de que a substância tenha sido utilizada no tratamento.

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello (PL-RJ), atual deputado federal, aparece em diálogos defendendo a proxalutamida. Em mensagens a Cid, sugeriu que Bolsonaro promovesse o medicamento em suas transmissões ao vivo e chegou a receber um pacote com 280 comprimidos.

Fontes ouvidas pelo jornal apontam que a distribuição do fármaco poderia se enquadrar no artigo 273 do Código Penal, que prevê pena de dez a quinze anos de prisão para quem entrega medicamentos sem registro da Anvisa. Apesar disso, os diálogos não foram objeto direto de inquérito pela PF.

Servidores da Anvisa ouvidos pela reportagem afirmaram não ter sofrido pressão política para liberar o uso da proxalutamida, mas confirmaram que médicos ligados ao governo tentaram em reuniões defender a liberação do fármaco. O inquérito sobre as irregularidades segue em andamento.

Procurados pelo Estadão, Jair Bolsonaro, Mauro Cid e Eduardo Pazuello não se manifestaram sobre o caso.

Fonte: Redação Terra
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