Jovem morto ao invadir recinto de leoa em João Pessoa tinha esquizofrenia e histórico de vulnerabilidade
Conhecido como "Vaqueirinho", jovem tinha sonho de domar leões
O homem que morreu após invadir a jaula de uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, em João Pessoa, na manhã deste domingo, 30, foi identificado como Gerson de Melo Machado, conhecido como "Vaqueirinho", de 19 anos.
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A conselheira tutelar Verônica Oliveira, que acompanhou o jovem desde a infância, relatou que Gerson tinha diagnóstico de esquizofrenia e era atendido pelo Conselho Tutelar desde criança, quando fugiu de um abrigo em Pedras de Fogo, no interior da Paraíba.
O jovem chegou no abrigo aos dez anos depois de ter sido destituído da mãe, que também tinha quadro de esquizofrenia e não possuía condições de cuidar dos filhos. Além dele, outros quatros irmãos foram encaminhados à adoção. Gerson nunca foi adotado.
Gerson acumulou, ao longo dos anos, passagens pela polícia e por centros socioeducativos. De acordo com a Polícia Civil, ele havia sido solto na última sexta-feira, 28, após tentar danificar caixas eletrônicos no bairro de Mangabeira, em João Pessoa. Logo depois de ser liberado, foi detido novamente por apedrejar uma viatura da Polícia Militar perto da Central de Flagrantes. Relatos colhidos pelas autoridades indicam que ele dizia que queria ser preso por estar com fome e sem lugar para dormir.
A conselheira contou que o jovem sempre alimentou um sonho relacionado a leões e à África. "Gerson sempre teve o sonho de ir para a África domar leões", relatou. Em um dos episódios mais extremos do quadro, ele chegou a ser encontrado escondido no trem de pouso de um avião que acreditava ter como destino o continente africano.
Neste domingo, ele escalou a estrutura lateral do recinto da leoa Leona, entrou no espaço e foi fatalmente atacado. Conforme a conselheira, a equipe tentou por diversas vezes oficializar o laudo de Gerson, mas o quadro do jovem foi registrado apenas como "problemas comportamentais", o que impediu o tratamento adequado.
