Bolsonaro faz nesta quinta oitava cirurgia desde 2018; objetivo é tratar hérnia inguinal
Ex-presidente deve ficar entre 5 e 7 dias internados após cirurgia no dia do Natal. Ex-primeira dama acompanha Bolsonaro no hospital.
O ex-presidente Jair Bolsonaro faz, nesta quinta-feira, 25, dia de Natal, sua oitava cirurgia desde 2018, ano em que foi vítima de um atentado a faca durante a campanha eleitoral. A intervenção cirúrgica desta vez, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, visa tratar de uma hérnia inguinal. Além disso, há expectativa de que Bolsonaro passe por outro procedimento, o bloqueio anestésico do nervo frênico, para corrigir os soluços constantes.
Jair Bolsonaro deixou a Polícia Federal na manhã de quarta-feira, 24, para realizar os exames preparatórios para a cirurgia. O ex-presidente estava na sede da Polícia Federal há 32 dias, preso em razão da condenação a 27 anos e 3 meses na trama golpista. A saída se deu sob rígido esquema de segurança.
Veja o que se sabe já sobre a cirurgia e a permanência de Bolsonaro no hospital:
Internação e segurança no hospital
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre Moraes autorizou a internação de Bolsonaro em Brasília para a realização da cirurgia de correção de uma hérnia inguinal bilateral.
Após deixar a sede da Polícia Federal, onde está preso, o ex-presidente seguiu para a internação no Hospital DF Star para realizar os exames pré-operatórios.
O transporte e a segurança foram feitos pela Polícia Federal, de maneira discreta, com o desembarque sendo realizado nas garagens do hospital. Durante a internação, pelo menos dois policiais federais devem permanecer na porta do quarto, segundo a decisão de Moraes.
O ministro permitiu que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro seja a acompanhante principal do ex-presidente. Ele também liberou a visita dos filhos do ex-presidente.
Está vedado, contudo, segundo a decisão de Moraes, o uso de computadores, telefones celulares ou quaisquer dispositivos eletrônicos no quarto hospitalar
O que é uma hérnia inguinal bilateral
A hérnia acontece quando há uma frouxidão ou abertura na parede abdominal/pélvica que permite o extravasamento de alças do intestino, levando à formação de um caroço, o que pode trazer dor e desconforto.
Quando esse extravasamento ocorre na região da virilha, a hérnia é chamada de inguinal. Ela é considerada bilateral quando atinge a virilha direita e a esquerda simultaneamente.
Os principais fatores de risco para esse tipo de hérnia é ser do sexo masculino, ter passado por cirurgia de retirada da próstata e ter histórico familiar do problema.
Como será a cirurgia
A operação para tratar a hérnia consiste em "empurrar" o conteúdo da barriga para dentro e colocar uma tela de polipropileno na área afetada para contenção da parede abdominal.
"É realizado um corte de cada lado da virilha, a hérnia é empurrada para dentro, é feita uma sutura da área fraca e, na sequência, um reforço tecidual com uma tela de propileno", explica Cláudio Birolini, médico que realizará a cirurgia nesta quinta-feira.
A previsão dos médicos é de que a cirurgia dure de três a quatro horas. É um procedimento simples, comparado ao ex-presidente foi submetido em abril, e não há grandes riscos de complicação.
Bloqueio anestésico contra soluços
Bolsonaro também deve passar por outro procedimento médico no início da próxima semana para tratar a crise de soluço. Trata-se de um procedimento não cirúrgico que faz um bloqueio anestésico do nervo frênico.
Não é um procedimento comum para curar soluços, mas está sendo avaliado como uma opção pela equipe médica, que irá avaliar se o benefício compensa o risco.
Como será a reecuperação
O médico do ex-presidente afirmou que caso haja necessidade de algum cuidado especial durante a volta para a cela na PF, será estudada a possibilidade de solicitar autorização para visita de profissionais da saúde. Nesta quarta-feira, os profissionais de saúde indicaram que Bolsonaro deve permanecer internado pelo período de 5 a 7 dias.
A defesa de Bolsonaro enviou ao STF no final de novembro, um relatório médico listando os problemas de saúde do ex-presidente para sustentar o pedido de que ele cumpra, em prisão domiciliar, a condenação imposta no julgamento da trama golpista. O documento, assinado pelos médicos do ex-presidente, reúne o histórico de problemas de saúde que exigiria monitoramento contínuo e possibilidade de atendimento hospitalar imediato.
Além da hérnia, são listadas outras 9 doenças: doença do refluxo gastroesofágico com esofagite, oclusão e estenose de carótidas, doença aterosclerótica do coração, hipertensão essencial primária, anemia por deficiência de ferro, soluços incoercíveis, neoplasia maligna da pele, apnéia do sono e uma pneumonia bacteriana não especificada.
O cardiologista do ex-presidente, Brasil Ramos Caiado, também disse que Bolsonaro apresenta quadros de depressão e ansiedade prévios, potencializados pela preocupação pré-operatória.
Histórico com sete cirurgias
A cirurgia desta quinta-feira será a oitava do ex-presidente Jair Bolsonaro desde 2018, quando sofreu um atentado a faca na campanha eleitoral. A primeira foi realizada de emergência no dia 6 de setembro de 2018, em Juiz de Fora, logo após a facada. Na ocasião, os médicos precisaram retirar uma parte do intestino. A segunda ocorreu em São Paulo, ainda naquele ano, para desobstrução intestinal.
Em 2019, Bolsonaro voltou à mesa de cirurgia para retirar a bolsa de colostomia colocada em 2018 e também para tratar de uma hérnia que surgiu na cicatriz da facada. Já em 2020, ele precisou retirar um cálculo na bexiga. Bolsonaro também passou por uma vasectomia naquele ano.
Em 2023, novamente Bolsonaro precisou ser operado, agora para a retirada de outra hérnia e algumas aderências. Neste ano, em abril, o ex-presidente foi submetido a uma laparotomia exploradora, a desobstrução do intestino, para liberar aderências e reconstruir a parede abdominal.