Após gafe, ministro da Saúde leva 'puxão de orelha' da filha
Maria Victoria Borghetti Barros (PP), candidata à Prefeitura de Curitiba, lembrou que mulheres trabalham em média 5h a mais que homens
As declarações do ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), de que os homens vão menos ao médico porque “trabalham mais”, levaram a própria filha do político, a deputada estadual Maria Victoria (PP-PR), a se manifestar. Em vídeo publicado em sua conta na rede social Facebook na noite desta quinta-feira (11), ela disse que precisou dar um "puxão de orelhas" no pai.
"Por mais que haja dados absolutos de que há maior número de homens no mercado formal de trabalho, o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] afirma que as mulheres trabalham em média cinco horas a mais na semana do que os homens. Portanto, é uma jornada de trabalho mais longa", destacou.
A parlamentar se referia aos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 2014. Conforme o levantamento, apenas no trabalho doméstico, a jornada feminina, de 20,6 horas, é mais do que o dobro da observada para os homens, de 9,8 horas por semana.
Maria Victoria lembrou ainda o fato de profissionais do sexo feminino serem submetidas a jornadas duplas quando voltam para casa. Considerando a “dupla jornada”, elas trabalham em média 56,4 horas semanais, contra 51,6 horas deles. “Não é isso, mulherada?”, perguntou, ao final do vídeo.
O ministro fez as afirmações durante o anúncio da criação de um plano para aumentar as estatísticas de atendimento a homens na rede pública de saúde do Brasil. “Eu acredito que é uma questão de hábito. Os homens trabalham mais, são os provedores da maioria das famílias e não acham tempo para a saúde preventiva. Isso precisa ser modificado”, disparou. Barros é casado com a vice-governadora do Paraná, Cida Borghetti (PP), que até o momento não se pronunciou sobre o tema.
Rejeição ao feminismo
Curiosamente, a deputada, candidata à Prefeitura de Curitiba, costuma rejeitar o feminismo, movimento que, em suas diferentes vertentes, defende os direitos humanos das mulheres. Questionada sobre a questão pela reportagem do Terra em convenção de seu partido, no dia 4 de agosto, ela falou que “de maneira alguma” se coloca como feminista. “Eu sou a favor da equidade de gênero. A mulher e o homem são diferentes, e isso é muito positivo. Os dois têm de trabalhar juntos”, respondeu.
A pepista criticava, na ocasião, a subrepresentação feminina da política. “É muito baixa. Só 9% (de parlamentares) no Congresso Nacional, apesar de fazermos muitas campanhas de incentivo à mulher ingressar na política, porque a mulher tem uma inteligência emocional que pode ser muito favorável em qualquer profissão, mas principalmente na política, por esse carinho e vontade de cuidar e servir ao próximo”.