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Política

A rua é do povo: brasileiros preparam protestos antagônicos

O duelo do protesto de quem quer o impeachment da presidente e de quem rechaça "retrocesso"

11 mar 2015 - 18h54
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Protestos contra Dilma já ocorriam desde o fim das eleições do ano passado
Foto: Vilmar Bannach / Futura Press

Desde a reeleição de Dilma Rousseff, setores insatisfeitos com o resultado do pleito iniciaram um processo de mobilização para demonstrar sua indignação. Nestes primeiros meses de 2015, vieram medidas como aumento de combustíveis e de energia elétrica, ajustes fiscais, greve dos caminhonheiros e a divulgação da lista com políticos investigados na operação Lava-Jato. O país entrou em uma espiral de revolta e insegurança. Entidades de posições políticas opostas planejam protestos pedindo o impeachment da presidente, de um lado, e promovendo a defesa da Petrobras, de outro.

Depois do pronunciamento da presidente na noite do Dia Internacional da Mulher ter sido acompanhado de um panelaço dos descontentes, e de ter vindo dois dias depois da divulgação da lista dos investigados na Lava-Jato, ganhou ainda mais destaque a manifestação do dia 15  que pedirá o impeachment da presidente.

 “É um julgamento político que depende do Congresso. Não é preciso que o presidente seja condenado, que transite em julgado, mas é um mecanismo democrático que permite a remoção de governantes indesejáveis, de maneira democrática, com o clamor das ruas e o Congresso responde ou não”, defende Fabio Ostermann, um dos coordenadores do grupo que tem capitaneado a mobilização, o  Movimento Brasil Livre. "É importante que as pessoas saibam que a democracia não se exerce apenas de quatro em quatro anos, o impeachment é um instrumento de reforço da democracia"m disse. "É um governo que não tem mais condições de colocar o País no lugar. Que sequer reconhece que o Brasil está no rumo errado, que nos deixa inseguros."

Ostermann, que também faz parte da diretoria do Instituto Liberal, conta que o movimento surgiu durante as manifestações de junho de 2013 na tentativa de dar rumo a falta de pautas que se viu nas ruas. Aos poucos foi perdendo força, e tem se reorganizado desde a reeleição de Dilma Rousseff. Para o domingo, eles esperam de 10 a 20 mil pessoas nas ruas de Porto Alegre, além de manifestações paralelas em diversas cidades pelo País.

 “Arrecadamos dinheiro por meio de vaquinhas, contribuições durante os atos, venda de camisetas, adesivos. Não recebemos dinheiro de partidos políticos, sindicatos ou do FBI”, diz, rechaçando as críticas vindas de setores e pessoas mais ligadas com a esquerda, como se vê nas redes sociais. 

“É uma tentativa de deslegitimar o movimento. Demonstra a incapacidade de conviver com uma democracia e com a opinião divergente, pessoas que são pagas por sindicatos ou partidos, que acreditam que quem não for de esquerda não pode se mobilizar em prol de uma causa comum para o bem do Brasil. Isso, por si só, é uma demonstração da má compreensão do que é uma democracia”, rebate.

PSDB estaria tentando cooptar?

No entanto, nas redes sociais os virtuais participantes do protesto defenderem que não sejam levadas bandeiras de partidos políticos, sendo que há até relatos de que o PSDB estaria tentando controlar a mobilização de domingo.

O secretario-executivo da Juventude do PSDB do Rio Grande do Sul, Ramiro Rosário, nega que o partido tenha tentado surfar na onda dos protestos que ocorrerão no domingo na tentativa de emplacar pautas tucanas em meio a manifestação.

“Não há nenhuma intervenção direta do PSDB ou de algum outro partido. Terá a participação de militantes partidários, de forma individual e pessoal, manifestando seu descontentamento”, afirma Rosário.

MST e CUT unidos pelos trabalhadores e pela Petrobras

Em resposta, entidades e grupos historicamente mais ligados ao PT anunciam mobilizações nacionais a partir de quinta-feira. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) tem convocado o “Dia Nacional de Luta em Defesa dos Direitos da Classe Trabalhadora, da Petrobras, da Democracia e Reforma Política, Contra o Retrocesso”, que deve ocorrer em mais de 20 cidades na quinta e sexta-feira. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ter anunciado que vai aderir a estas manifestações.

 “Vamos sair [às ruas] antes. Vamos fazer protestos em favor da Petrobras e também pelas causas do nosso movimento”, disse João Pedro Stédile, um dos fundadores do MST durante entrevista no programa Espaço Público, da TV Brasil. “As ruas são democráticas. As ruas são a única forma de o povo se politizar. Eu não vejo problema em que a direita chame manifestações, desde que respeite as nossas”.

Nem impeachment, nem CUT, nem MST, nem PT, nem Petrobras

Em meio a este embate entre correntes políticas de esquerda e direita, o Psol prefere manter distância. Em um texto publicado por Luciana Genro, candidata à presidência da República pelo partido em 2014, ela critica ambas as mobilizações: “nem 13, nem 15. Nem o sujo, nem o mal lavado”.

“O 15 de março, abraçado pela direita que está fora do governo, o PSDB e seus satélites. O 13, uma articulação governista que visa a defender Dilma e sua política. O PSOL não embarcará em nenhuma destas canoas furadas. Estamos nas lutas contra o ajuste de Levy e Dilma, contra os ataques aos direitos do povo, por emprego, salário e direitos sociais. O PSDB não tem autoridade política e nem moral para denunciar a política de Dilma ou a corrupção, pelo simples fato de que este ajuste de Levy tem a cara do PSDB, e a corrupção na Petrobras e em outras tantas esferas de governo já era uma pratica no governo FHC. Estamos construindo uma oposição de esquerda para barrar o ajuste, a corrupção e conquistar mais direitos”, diz a publicação. 

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Fonte: Terra
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