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Polícia

SP: PM avalia ação em protesto como 'sucesso' e pede 'desculpas'

Número de policiais superou o de participantes de ato contra a Copa em São Paulo: 2,3 mil PMs contra 1,5 mil manifestantes; 262 foram detidos - inclusive jornalistas - e já liberados

23 fev 2014 - 18h01
(atualizado às 22h38)
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Coronel Cesar Luiz Pinheiro (E) classificou operação como "sucesso absoluto" e exaltou "menos danos à cidade"
Coronel Cesar Luiz Pinheiro (E) classificou operação como "sucesso absoluto" e exaltou "menos danos à cidade"
Foto: Janaina Garcia / Terra

A Polícia Militar de São Paulo classificou neste domingo como "um sucesso absoluto" a megaoperação no protesto desse sábado, em que atuaram 2,3 mil PMs - entre eles, 200 com treinamento em artes marciais - para um contingente de cerca de 1,5 mil manifestantes. Na operação, 262 pessoas foram "retidas" e encaminhadas para distritos policiais. Todas já foram liberadas.

A manifestação foi a segunda do tipo, em São Paulo, neste ano, contra a realização da Copa do Mundo no Brasil. Em entrevista coletiva, o comandante do policiamento na região central, coronel Celso Luiz Pinheiro, disse que a corporação "pede desculpas por eventuais falhas" que tenham sido cometidas - tais como a detenção de cinco jornalistas que portavam identificação. Apesar de não ter sido detido, o fotógrafo Bruno Santos, do Terra, foi atingido por golpes de cassetete desferidos por policiais que também quebraram o equipamento dele. O profissional foi atendido em hospital e liberado com uma torção no tornozelo.

<p>Policiais militares cercaram e isolaram manifestantes detidos durante o protesto em São Paulo, entre eles, estavam cinco jornalistas</p>
Policiais militares cercaram e isolaram manifestantes detidos durante o protesto em São Paulo, entre eles, estavam cinco jornalistas
Foto: Gabriela Biló / Futura Press

"A PM publicamente pede desculpas se eventualmente houve alguma falha em relação aos jornalistas. Em uma manifestação envolvendo o número de pessoas e o aparato que tivemos, fica muito difícil separarmos manifestantes de eventuais jornalistas ou repórteres", disse o comandante.

Ainda sobre a ação policial em relação aos profissionais de imprensa, o coronel justificou que a dificuldade em identificá-los teve como agravante o uso de equipamentos de segurança como máscaras, capacetes e óculos. "Isso dificulta a separação", argumentou Pinheiro, que, por outro lado, disse que a PM "não compactua" com a ação de policiais que tenham se excedido. "E não é só no crachá que identificamos o jornalista", completou.

Um minuto de silêncio "a cinegrafista e 2.780 PMs mortos"

Pouco antes de a coletiva começar, o coronel pediu “um minuto de silêncio pelo cinegrafista Santiago Andrade (morto este mês, no Rio, atingido por um rojão de manifestante) e pelos 2.780 PMs que morreram em São Paulo desde 1991”.

Pinheiro atribuiu o sucesso com que classificou a megaoperação ao fato de, dessa vez, ter havido “bem menos depredações e PMs e civis feridos” –a corporação contabiliza os casos que atendeu, como os de dois manifestantes e cinco PMs (duas mulheres tiveram o braço quebrado), além do fotógrafo do Terra.

A confusão começou na rua Coronel Xavier de Toledo, próximo à Prefeitura e a Theatro Municipal. Segundo o comandante, a estratégia foi “reforçar o envelopamento” de suspeitos à medida em que PMs infiltrados informavam sobre a “iminente probabilidade de quebra da ordem pública” já a partir daquele local. Mesmo assim, em ruas próximas como Sete de Abril e Marconi, duas agências do banco Itaú foram depredadas.

“A partir daquele momento em que os PMs começaram a imobilizar manifestantes, já sabiam que sairiam para fazer a quebradeira na cidade –foi quando estavam de braços dados e começam a gritar ‘uh-uh-uh’”, justificou o coronel, que destacou ainda “a quase nenhuma utilização de munição química e nenhum tiro de elastômetro”. “Ou quase nenhum”, corrigiu-se, uma vez que as balas de borracha foram, de fato, utilizadas.

Conforme o coronel, “foi inovador, para a PM”, perceber que houve atos de vandalismo “de pessoas que participaram de quebra-quebra sem máscara”.

A Polícia Militar informou ter encontrado com parte dos detidos máscaras, spray, estilingues, bolas de gude, correntes e porções de maconha.

Já sobre excessos de policiais, Pinheiro orientou que os atingidos formalizem a queixa na Corregedoria –ainda que vários PMs, ao contrário do anunciado na véspera pela própria corporação, tivessem agido sem identificação na farda.

PM diz que "direito de manifestação" foi garantido

Questionado sobre o fato de tanto jornalistas quanto manifestantes terem sido detidos enquanto registravam imagens com celulares ou câmeras –em algumas, PMs da chamada Tropa do Braço, com conhecimento em artes marciais, imobilizavam com gravatas e em número de até quatro PMs para um cidadão –, o coronel negou que a intenção da polícia tenha sido coibir o direito à manifestação.

“Não se consegue em uma manifestação desse porte isolar só os black blocs; eles se infiltram e se misturam aos manifestantes. Esse é um processo que vamos ter que depurar, precisamos conversar um pouco mais e achar um meio termo para que possamos trabalhar em paz”, definiu.

"Advogados incitaram violência"

Já as críticas do coletivo "Se Não Tiver Direitos, Não Vai Ter Copa" – que organizou o ato pelo Facebook – de que a PM teria transgredido direitos de advogados de manifestantes ("Advogados presentes que acompanhavam a abordagem absurda foram agredidos por policiais e impedidos de realizar o seu trabalho”, disse o grupo, em comunicado) foram rebatidas pelo policial: "Alguns advogados estão ali para incitar a violência, não para ajudar", definiu.

Fonte: Terra
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