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Polícia

RJ: 14 jovens detidos em protestos ainda estão presos, diz ONG

28 jun 2013 - 15h38
(atualizado às 16h07)
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Quatorze jovens que participaram das recentes manifestações no Rio permanecem presos na Cadeia Pública Bandeira Stampa, no Complexo Penitenciário de Bangu, zona oeste da cidade, segundo denúncia feita nesta sexta-feira pelo Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro (MEPCT-RJ).

Protestos por mudanças sociais levam milhares às ruas

Manifestações tomam as ruas do País; veja fotos

De acordo com o MEPCT, esse número é sete vezes maior do que o estimado pelas organizações de direitos humanos que acompanham o desdobramento das prisões. Na quinta-feira, uma equipe da entidade esteve em Bangu e avaliou a situação dos jovens que permanecem presos.

Segundo o advogado do MEPCT, Taiguara Souza, dos 14 detidos, 13 são negros, moradores de periferia e sem nenhuma condição de contratar um advogado. Ele classificou as prisões como "arbitrárias e seletivas".

"Nós tínhamos relatos de outras ONGs de que havia apenas dois presos das manifestações. Quando chegamos lá, constatamos que esse número era muito maior. Na manifestação, a maioria não era negra e pobre. Nós também observamos que esses jovens foram presos sem provas e por crimes considerados leves, como furto e dano comum e qualificado", disse Souza.

O advogado disse que as denúncias do MEPCT foram encaminhadas para o Instituto de Defesa dos Direitos Humanos (IDDH), que deverá pedir a soltura dos 14 jovens. "Os presos estão mantidos em celas separadas dos presos comuns e aparentemente estão sendo bem tratados e alimentados. Nossa denúncia parte de uma avaliação de que os jovens de classe média que também participaram das manifestações encontram mais facilidades para contratar advogado e sair da prisão."

Em nota, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro informou que não irá se pronunciar sobre o assunto, porque ainda não recebeu a denúncia.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Agência Brasil Agência Brasil
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