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Polícia

MP-RS denuncia mais 12 suspeitos de envolvimento em adulteração de leite

Denunciados são acusados dos crimes de lavagem de dinheiro e adulteração de produto alimentício

17 mai 2013 - 14h11
(atualizado às 14h11)
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O Ministério Público do Rio Grande do Sul denunciou nesta sexta-feira mais 12 suspeitos de participação na fraude de adulteração no leite, resultante da Operação Leite Compen$ado, desencadeada na semana passada. Os novos denunciados pertencem ao núcleo da quadrilha sediado em Ibirubá e são acusados pelos crimes de lavagem de dinheiro e adulteração de produto alimentício destinado ao consumo, tornando-o nocivo à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutritivo.

Os novos denunciados foram identificados como João Cristiano Pranke Marx, Angelica Caponi Marx, João Irio Marx, Alexandre Caponi, Daniel Riet Villanova, Paulo Cesar Chiesa, Arcidio Cavalli, Rosilei Geller, Natalia Junges, Cleomar Canal, Egon Bender e Senald Wachter. Segundo a denúncia assinada pelo promotor de Justiça Mauro Rockenbach, no período entre dezembro de 2012 a maio de 2013, os 12 associaram-se para adulterar o leite in natura, mediante a adição de água e ureia, que contém formol em sua composição.

Conforme a acusação do Ministério Público, João Cristiano Pranke Marx (sócio-proprietário da empresa Crisma Transportes Ltda., juntamente com Angelica Caponi Marx) e Daniel Riet Villanova (médico veterinário e funcionário da Confepar que utilizava o posto de resfriamento da Marasca Comércio de Cereais Ltda. para o recebimento de leite) eram os responsáveis por todo o esquema de adulteração do leite. Enquanto João Cristiano adquiria ureia e gerenciava a compra da mistura química utilizada, fazendo os contatos entre todos os participantes do esquema e definindo a função de cada um na cadeia criminosa, Daniel era o intermediador e encarregado do recebimento do leite no posto de resfriamento da Marasca, fazendo "vista grossa" para a adulteração.

De acordo com o MP, Angelica Caponi Marx, além de ter adquirido ureia, administrava toda a organização criminosa, oferecendo suporte a seu esposo, João Cristiano Pranke Marx, a seu sogro, João Irio Marx, e a seu irmão, Alexandre Caponi. Era ela quem fazia os contatos telefônicos e repassava ordens aos integrantes da organização.

Já o denunciado João Irio Marx (sócio da empresa Transportes Marx Ltda. ao lado de seu filho, João Cristiano Pranke Marx) também adquiriu ureia. De acordo com o MP, um galpão de madeira localizado aos fundos de sua casa servia de abrigo para o armazenamento dos produtos químicos, a preparação da mistura cancerígena e a adição da substância proibida, juntamente com a água retirada de um poço artesiano (que continha coliformes fecais, conforme laudo da Univates), aos tanques dos caminhões que ali chegavam.

"Para a consumação do crime e até para despistar possíveis escutas telefônicas, os denunciados se utilizavam de metáforas nas falas, tais como, 'brique', 'saguzinho' e 'sopa', que indicavam a designação da mistura química (ureia contendo formol) utilizada na adulteração do leite", destaca o Promotor Mauro Rockenbach.

Alexandre Caponi (irmão de Angélica Caponi Marx), Arcídio Cavalli e Cleomar Canal (sócios da empresa Três C Transportes Ltda.), aponta o MP, também contribuíam e participavam ativamente da cadeia delituosa. Além de fornecerem suporte e apoio logístico ao esquema fraudulento, adicionavam a mistura nos tanques dos caminhões da empresa e faziam o transporte do produto adulterado. Documentos e notas fiscais comprovam que Arcídio Cavalli adquiriu 382,5 mil kg de ureia. Como sócio da Rádio CBS, ele também franqueava sua emissora aos demais denunciados a fim de facilitar o contato entre o grupo. "Quando um integrante do esquema oferecia uma música sertaneja para um dos comparsas estava, na verdade, orientando a forma de proceder da adulteração", explica Mauro Rockenbach.

Paulo Cesar Chiesa, um dos sócios da Transportadora Irmãos Chiesa Ltda., participava do esquema como parceiro dos denunciados João Cristiano Pranke Marx e Daniel Riet Villanova, dando ordens, preparando e adicionando a mistura nos caminhões. Por sua vez, Rosilei Geller e Natália Junges, ambas funcionárias do posto de resfriamento instalado nas dependências da Marasca, agiam por ordem de Daniel Riet Villanova como facilitadoras do esquema criminoso, exercendo o papel de informantes da quadrilha, repassando dados, fazendo contatos telefônicos e avisando os motoristas dos caminhões acerca da fiscalização do Ministério da Agricultura. "Eram as olheiras da associação criminosa", explica na denúncia o promotor Mauro Rockenbach.

De acordo com o promotor, Egon Bender tinha ciência da adulteração de leite praticada pela quadrilha, já que fornecia a quantia mensal de 1,2 mil litros de leite a João Cristiano Pranke Marx, mesmo não possuindo nenhuma vaca em sua propriedade e estando inativo desde 2010. Senald Wachter, por sua vez, produtor rural, fazia parte da organização fornecendo leite adulterado a João Cristiano.

Pai e filho denunciados

Os 12 denunciados nesta sexta-feira se somam aos empresários Luis e Leandro Vincenzi, pai e filho proprietários da empresa LTV. Segundo a denúncia do MP, entre outubro de 2011 e abril de 2013, os dois adulteraram leite cru destinado ao consumo humano para aumentar o volume e o prazo de validade do produto e, com isso, aumentar o lucro na venda.

Ainda de acordo com o MP, os dois coletavam leite de produtores e, em seguida, o adulteravam adicionando água e ureia. A proporção usada era de 1% diluídos em 9% de água. A mistura era então colocada nos tanques de coleta dos caminhões antes mesmo do leite ser recolhido.

Segundo o promotor Mauro Rockenbach, Leandro, o administrador da LTV, era o responsável pela articulação da fraude e Luis operava o apoio logístico do esquema montado para a adulteração do leite. Ele trabalhava como uma espécie de "olheiro". Era ele quem observava a movimentação dos fiscais do Ministério da Agricultura e, em caso de fiscalização, orientava os motoristas que transportam o leite.

Confira as marcas que apresentaram adulteração por formol conforme laudos de laboratórios credenciados pelo Mapa:

MARCA LOTE
Italac Integral L05KM3, L13KM3, L18KM3, L22KM4 e L23KM1 

Italac Semidesnatado
L12KM1
Líder UHT Integral TAP1MB (produzido em 17/12/2012 e com validade até 17/04/2013)
Mu-Mu UHT Integral 3ARC
Latvida UHT Semidesnatado Lote 190, de 2 de abril de 2013; 
Lote 193, de 5 de abril de 2013;
Lote 103, de 18 de abril de 2013 
Só Milk e Latvida UHT Desnatado Lote 188, de 4 de abril de 2013;
Lote 198, de 10 de abril de 2013;
Lote 202, de 11 de abril de 2013;
Lote 104, de 15 de abril de 2013;
e leite com fabricação em 16 de fevereiro de 2013 e validade até 16 de junho de 2013
Hollmann, Goolac, Só Milk e Latvida UHT Integral Lote 103, de 1º de abril de 2013;
Lote 184, de 3 de abril de 2013;
Lote 189, de 4 de abril de 2013;
Lote 190, de 5 de abril de 2013;
Lote 196, de 9 de abril de 2013;
Lote 200, de 10 de abril de 2013;
Lote 201, de 19 de abril de 2013;
Lote 202, de 20 de abril de 2013;
Lote 204, de 21 de abril de 2013;
Lote 205, de 22 de abril de 2013
Fonte: Terra
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