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Polícia

Governador do RS diz que matador de taxistas 'não é normal'

Tarso Genro disse que peritos vão examinar o grau de psicopatia do jovem que confessou ter matado 6 taxistas no Estado

14 abr 2013 - 22h33
(atualizado às 22h37)
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<p>Após as mortes, centenas de taxistas protestaram em Porto Alegre</p>
Após as mortes, centenas de taxistas protestaram em Porto Alegre
Foto: Daniel Fávero / Terra

Em uma entrevista coletiva concedida à imprensa neste domingo na sua casa em Porto Alegre, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), disse que o matador de seis taxistas - três na capital e três em Santana do Livramento - "certamente não é uma pessoa normal". Luan Barcelos da Silva, 21 anos, confessou hoje que foi o autor dos crimes e alegou motivação financeira, mas a investigação não descarta que ele tenha problemas mentais.

“Vai ser examinado por peritos o grau de psicopatia, se era um psicopata, um serial killer ou um bandido que foi levado por sua psicopatia a matar. O certo até agora é que é um assassino em série que cometeu latrocínios (roubos seguidos de morte) e certamente não é uma pessoa normal. O grau de doença psicótica não pode ser excludente de punibilidade, mas é óbvio que o caso será analisado pela Justiça”, disse Tarso.

O governador salientou que o presídio em que foi recolhido Luan não será divulgado. "É natural que muitas pessoas tenham um sentimento de raiva. O Estado tem obrigação de deixar esse cidadão nas mãos da Justiça para a punição, e não expor para que ele seja eventualmente atacado e linchado, como acontece em outras partes do País”, afirmou.

Jovem queria matar

Conforme o depoimento prestado à polícia, Luan nem sequer conversava com as vitimas, pois estava decidido a matá-las. "Ele disse que saiu para matar, tanto que a primeira coisa que fazia era matar e só depois pegava o dinheiro", explicou a delegada Melina Bueno durante coletiva de imprensa neste domingo.

O jovem foi preso sábado pela manhã em sua residência no bairro Santa Cecília. No local, a polícia recolheu roupas e uma mochila. Também foi encontrado com ele um celular de uma das vítimas e uma passagem de ônibus da cidade da fronteira para a capital que usou na Quinta-Feira Santa. Um teste com luminol - substância que mostra a presença de sangue - em um casaco recolhido, deu positivo. O suspeito relatou que cometeu os crimes porque estava com o aluguel da casa, onde morava com mais um amigo, atrasado há cerca de 10 dias. A dívida era em torno de R$ 1,25 mil. 

Melina, que colheu o depoimento do suspeito, disse que ele relatou em 3h30 os detalhes sobre os assassinatos de forma tranquila e fria. E confessou ter cometido todos os homicídios com a mesma arma, de calibre 22, que ganhou de um amigo, e que escolhia as vítimas aleatoriamente. "Ele precisava de dinheiro. Tentou vender notebook e celular em Santana do Livramento, mas não conseguiu. Então resolveu atacar taxistas porque era mais fácil", contou. “Ele colocou que sempre fez da mesma forma. Mandava parar o carro e dava dois tiros na cabeça da vítima. Primeiro matava e depois via quanto tinha. Pegava o dinheiro e o aparelho celular”, informou a delegada. 

De classe média e sem antecedentes criminais, Luan é natural de Santana do Livramento e morava em Porto Alegre há cerca de dois anos e meio. Ele trabalhava como corretor de imóveis, mas ficou sem emprego no final do ano passado. Há cerca de 15 dias, foi contratado como orientador educacional e dava aulas de informática para crianças.  

Governador elogia polícias

A Polícia Civil explicou que a investigação se baseou em depoimentos de testemunhas e em elementos periciais, entre eles, as imagens gravadas por câmeras nas duas cidades e os aparelhos celulares roubados das vítimas. Além disso, as digitais de Luan foram encontradas em um táxi em Santana do Livramento. Com os latrocínios, o rapaz relatou ter conseguido cerca de R$ 850, além dos aparelhos celulares que distribuiu para conhecidos.

"Está acontecendo uma modificação muito positiva na Polícia Civil. Um inquérito de alto nível e investigação científica e apropriada mostram que tanto a Polícia Civil como a Brigada Militar estão em um rumo certo. A criminalidade vai existir sempre, o que nós temos que fazer é um trabalho para minimizá-la, para reduzí-la, e isso está sendo feito", concluiu o governador. 

"Esse indivíduo é uma espécie de serial killer. Mas ainda: ele refere que utilizou a mesma arma, de calibre 22. Em Livramento ele disse que usou munição pequena e aqui uma bem maior. Talvez isso possa nos explicar a questão da balística forense ter dado diferente aqui em Porto Alegre da de Santana do Livramento", explicou o chefe da Polícia Civil, delegado Ranolfo Vieira Júnior. 

As mortes

Os primeiros três taxistas foram encontrados mortos no dia 28 de março, dois em Santana do Livramento e um em Rivera, no Uruguai. Dois dias depois, na capital, mais três taxistas foram mortos em menos de três horas.

Os assassinatos de taxistas na capital provocaram várias manifestações da categoria pelas ruas da cidade. Os profissionais chegaram a ir até a casa do governador Tarso Genro (PT) para pedir Justiça e mais segurança. 

Fonte: Terra
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