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Polícia

Delator do PCC morto em aeroporto é descrito como 'psicopata' por policiais presos por ligação com o caso

Quatro policiais civis estão presos, além de 22 militares; polícia ainda não descobriu quem foi o mandante

3 fev 2025 - 15h13
(atualizado às 15h43)
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Antônio Vinícius Lopes Gritzbach foi morto no Aeroporto de Guarulhos (SP)
Antônio Vinícius Lopes Gritzbach foi morto no Aeroporto de Guarulhos (SP)
Foto: Reprodução/TV Record

Os policiais delatados por Antônio Vinícius Gritzbach, morto a tiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) em novembro, o descreveram como alguém ‘astuto’, ‘perigoso’ e ‘psicopata’. Presos em dezembro do ano passado, eles prestaram depoimento à Polícia Federal e negaram envolvimento com o delator do Primeiro Comando da Capital (PCC). A informação foi divulgada pelo Fantástico, da TV Globo, no domingo, 2. 

O empresário foi preso em 2022, em seu apartamento no Jardim Anália Franco, na zona leste de São Paulo, acusado de mandar matar um dos líderes do PCC. Em depoimento após o acordo firmado na Justiça junto com o Ministério Público, ele afirmou ter uma relação conturbada com os agentes. 

"A partir do momento que eu entro na viatura junto do delegado Fábio Baena e do chefe dos investigadores, Eduardo Monteiro, eles começam a ligar para um outro policial, de nome Bombom, que é Marcelo Souza. A todo instante eles só comemoram o quê? ‘Cana de 'bi', cana de bilhões, tamo rico’, da minha casa até o DHPP", afirmou. 

A investigação da morte de Gritzbach levou a Polícia Federal a prender Baena e outros quatro investigadores citados na delação do empresário e corretor. Entre eles, Marcelo Marques de Souza, o Bombom. 

'Não quis a proteção porque continuava fazendo crimes', diz procurador sobre delator do PCC executado em aeroporto:

Quando é questionado pela PF se ligaram para ele, ele nega. “Desculpa, só se o Eduardo fosse idiota, falar na frente do cara, comemorar dentro da viatura. Nunca conheci o Vinicius, nunca tive acesso ao Vinicius. Ele sempre foi um cara mauricinho, não dava bola para qualquer pessoa", disse em depoimento. 

A investigação aponta que ele e os outros quatros agentes da Polícia Civil formavam uma organização criminosa na zona leste, composta por um advogado, empresários ligados ao PCC e o corretor. No entanto, Bombom negou conhecer parte dos investigados. 

Padrão de vida incompatível

Todos os presos tinham um padrão de vida incompatível com seus salários, de acordo com a PF. Marcelo Marques recebe R$ 12 mil mensais como investigador especial, mas o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) encontrou movimentações suspeitas de R$ 34 milhões entre 2017 e 2022, na conta de um possível laranja dele. 

Mas Bombom nega. "Não tenho nem conta no banco. Sou um cara humilde, que trabalho e ganho um dinheirinho e faço as minhas coisas ali". Apesar disso, a polícia encontrou em uma busca e apreensão em seu apartamento, a quantia de aproximadamente R$ 680 mil. O dinheiro estava embaixo da cama. 

Ele afirmou à Federal que parte do dinheiro é de um amigo, que pediu para guardá-lo, enquanto a outra, pertence a sua sogra. "Aquele dinheiro que tinha numa sacolinha pequena, eu tinha pego com ele, que eu nem sabia quanto que tinha". 

Além disso, os policiais também encontraram uma planilha com 93 nomes de pessoas relacionados a endereços e valores. Essa seria uma lista de ‘recolhe’, a extorsão praticada por agentes públicos contra comerciantes. 

Antônio Vinicius Gritzbach em audiência com o Ministério Público
Antônio Vinicius Gritzbach em audiência com o Ministério Público
Foto: Reprodução/Fantástico

As denominações estavam em siglas: B seria casas de bingo, DES para desmanche de veículos, GAS para postos de combustível e  PT para casas de prostituição. 

Em nota ao Terra, a defesa de Marcelo, representada pelo advogado Eugênio Malavasi, alega que a planilha encontrada não se trata de planilha de propinas pagas por comerciantes, mas que lhe foi entregue para iniciar “futura e eventual investigação criminal”. Além disso, o advogado afirmou que seu cliente sempre exerceu a função pública com “denodo, comprometimento”, e que sua inocência será comprovada nos autos. 

Outros suspeitos envolvidos

A PF também aponta que o investigador Eduardo Monteiro, braço direito de Fábio Baena, telefonou para integrantes do PCC para fazer um acerto quando o delator foi preso. Mas ele nega. "Sou investigador de polícia há 21 anos. O Vinicius é um criminoso articulado, mentiroso e psicopata. Ele cria história, ele tenta desviar a investigação”, alegou. 

No entanto, a investigação encontrou conversas que mostram intimidades entre Gritzbach e Monteiro. Em uma delas, o empresário chama o agente da Polícia Civil de ‘Du’. O corretor mencionou em sua delação que Baena e seu braço direito haviam pedido R$ 30 milhões para livrá-lo das investigações por homicídio. Em sua defesa, o delegado afirmou à PF que Gritzbach tinha “uma obsessão” por ele. 

Veja a cronologia e o que se sabe até aqui sobre o ataque a delator do PCC em Guarulhos:

O delegado também menciona que caiu em uma “armadilha” ao receber a chamada de um amigo em comum e falar com Gritzbach. A PF diz que ligação ocorreu em 2022, durante a Copa do Mundo, e que a autoridade pediu desculpas pela prisão. 

"Eu tenho que confessar que eu caí em uma armadilha, doutor. Mas eu fui ameaçado pelo Vinicius. Eu tinha muita preocupação. Minha família estava andando de carro blindado justamente por causa disso daí. Ele roubou do PCC, mandou matar o PCC e o que ele faria comigo?", alegou em depoimento. 

Os advogados de Baena e Monteiro alegaram ao Fantástico que as prisões são ilegais, desnecessárias e arbitrárias. 

Gritzbach foi executado no dia 8 de novembro de 2024, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na região metropolitana da capital paulista. Ele estava no centro de uma das maiores investigações feitas até hoje sobre a lavagem de dinheiro do PCC em São Paulo, envolvendo os negócios da facção na região do Tatuapé. 

Antonio Vinicius Lopes Gritzbach foi executado com tiros de fuzil no Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos.
Antonio Vinicius Lopes Gritzbach foi executado com tiros de fuzil no Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos.
Foto: Italo Lo Re /Estadao / Estadão

Ao todo, 26 pessoas foram presas por suspeita de envolvimento no caso Gritzbach, sendo 22 policiais militares. O cabo da PM, Denis Antonio Martins e soldado Ruan da Silva Rodrigues, foram apontados como os atiradores. O tenente Fernando Genaro, como motorista dos assassinos. Ainda não há informações sobre quem foi o mandante do crime. 

Fonte: Redação Terra
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