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Para Jean Wyllys, homofobia reflete opinião de colunistas

Em entrevista exclusiva, deputado, que milita na causa LGBT, falou sobre dois ataques a jovens gays, em São Paulo, no intervalo de uma semana

17 nov 2014 - 18h50
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No intervalo de uma semana, pelo menos três jovens gays foram vítimas de ataques violentos em São Paulo: dois deles, no último dia 9, ao ser agredidos por 15 homens em um vagão do metrô; no domingo passado, um foi morto a facadas em frente ao parque do Ibirapuera.

Jean participou de audiência pública em SP; em entrevista, deputado disse que "somos um País ainda homofóbico"
Jean participou de audiência pública em SP; em entrevista, deputado disse que "somos um País ainda homofóbico"
Foto: Janaina Garcia / Terra

Militante da causa LGBT e, em uma frente mais ampla, da defesa dos direitos humanos, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) falou com a reportagem do Terra nesta segunda-feira sobre os casos e classificou esse tipo de ataque como indícios de que o país “ainda é homofóbico” e de que opiniões fundamentalistas contra esse público são propagadas, em parte, também por “colunistas de jornais e revistas”.

“Somos um País ainda homofóbico; as pessoas não têm recebido bem os avanços feitos pela comunidade LGBT e pelo poder público –os poucos avanços. Elas não têm tolerado a visibilidade dessa comunidade a ponto de ver essa visibilidade como uma ditadura”, classificou o parlamentar, que participou, na sede do Ministério Público paulista, de uma audiência pública sobre violência obstétrica. Ele é autor de um projeto de lei, atualmente em tramitação na Câmara, que prevê o combate a esse tipo de violência e o direito ao parto humanizado.

Para o deputado, não são apenas líderes religiosos que, na avaliação dele, alimentam o discurso de ódio –deputados pastores como Silas Malafaia e Marco Feliciano, por exemplo, já despertaram reações de segmentos sociais ligados à defesa dos direitos humanos após declarações consideradas racistas e homofóbicas.

“As pessoas acham que mundo está se tornando gay porque há líderes, não só religiosos, mas fundamentalistas, e também pessoas em jornais, em colunas de revistas dizendo isso para elas. Então, reagem de maneira violenta. Isso é produção do discurso de ódio exige dos poderes públicos uma atenção mais direta no sentido de resolver mesmo essa questão”, definiu.

Aliado da presidente Dilma Rousseff (PT) no segundo turno das eleições presidenciais, mês passado, Jean afirmou que cobrará “bastante” da petista a promessa de criminalização da homofobia – promessa feita e reiterada por Dilma em diversas ocasiões da disputa. Por outro lado, ele fez uma ressalva: “A criminalização não depende só da lei – já há uma série de medidas que o poder Executivo pode tomar, ou que as polícias, secretarias estaduais de segurança pública e prefeituras, em parceria com a União, podem tomar. Há um conjunto de medidas que podem reduzir bastante a homofobia antes mesmo da aprovação de sua criminalização; não podemos achar que em um passe de mágica ele (o projeto de lei) vá resolver esse problema, que é cultural e exige uma ação maior do Executivo, e da sociedade, de maneira geral”, avaliou.

Jean se disse assustado com eventos como a “Parada do Orgulho Hétero”, marcada para acontecer no fim de semana no Rio, em contraponto à Parada do Orgulho LGBT, realizada na praia de Copacabana nesse domingo.

“Esses discursos de ódio são uma coisa assustadora –no Rio vai haver essa parada do Orgulho Hétero, e, por mais que isso esteja envolvido em uma brincadeira, é algo que resulta desse tipo de discurso de que os homossexuais querem implantar uma ‘ditadura gayzista’ no Brasil, esse tipo de estupidez”.

Deputado diz que não disputará comissão de Direitos Humanos

Indagado se pretende concorrer à comissão de Direitos Humanos da Câmara, ano que vem, o parlamentar rejeitou a ideia. “Não, porque não temos conjuntura para isso, não temos força para colocar um nome”, declarou, referindo-se ao fato de o PSOL, com cinco nomes, ter uma das menores bancadas da futura composição do Legislativo. O que achou da retirada da candidatura (feita pelo próprio, semana passada) do deputado Jair Bolsonaro? “Já achei estranho ele se colocar como candidato, porque não tem nenhuma identificação com os direitos humanos, nem com as minorias. Acho estranha a presença dele nessa comissão; só lançou a candidatura prévia para ganhar holofote”, alfinetou.

Fonte: Terra
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