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MediaOn aborda baixarias de campanha, audiência e conteúdo

10 nov 2010 - 20h47
(atualizado em 11/11/2010 às 19h28)
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Hermano Freitas

Vagner Magalhães

Diretor da Fiat debate relação público-marca - Parte 1:
Direto de São Paulo

Os quatro painéis desta quarta-feira do 4º Seminário Internacional de Mídia Online (MediaOn), realizado na tarde desta quarta-feira, em São Paulo, tratou de temas distintos como a baixaria da campanha eleitoral brasileira, assuntos ligados ao jornalismo e a junção de quem produz e quem consome as notícias por meio das mídia sociais, a utilização da própria marca como audiência de grandes empresas multinacionais, e a forma como se consomem as notícias em meio ao grande volume de informação a que as pessoas têm acesso.

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Os painéis contaram com a presença dos coordenadores de internet dos candidatos à Presidência da República Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV). Além deles, jornalistas nacionais e internacionais e homens ligados ao marketing de grandes empresas expuseram as suas opiniões. Abaixo, os principais trechos das discussões:

Baixaria

O debate entre Marcelo Branco, coordenador de internet da candidatura de Dilma Rousseff (PT) à presidência da República, Soninha Francine, coordenadora de web dacampanha de José Serra (PSDB) e Caio Túlio Costa, coordenador de web da campanha de Marina Silva (PV), foi dominado pelo tema da "baixaria" na disputa eleitoral para o Planalto.

Na opinião de Soninha, muitos agiram de maneira indevida pessoalmente, ainda que a coordenação da campanha não se omitisse nem endossasse tais práticas. "Não endossamos e, o quanto pudemos, não se permitiu que isso partisse dos canais oficiais."

Marcelo Branco disse que a campanha de Serra pode ser dividida antes e depois da presença de Soninha. "Antes de a Soninha entrar na campanha do Serra, a situação era pior, com o disparo de correntes de e-mails de dentro da própria organização. Depois isso melhorou um pouco, mas tivemos práticas condenáveis".

Fora da briga Túlio Costa foi mais enfático sobre o papel da internet durante a campanha presidencial. "Podemos dizer que só houve segundo turno por causa da internet. Para quem acha que 20 milhões de votos é pouco, é só lembrar que nem Brizola chegou a esse número", disse referindo-se ao índice obtido pela candidata do PV no primeiro turno.

Os representantes do PT e do PV comentaram o projeto de combate aos cibercrimes de "AI-5 digital". "Querem criminalizar a internet. Temos que fazer um pacto, já que coordenamos a campanha dos candidatos, e repudiar o AI-5 digital que é o projeto do senador Azeredo", disse Branco. "Temos a responsabilidade de melhorar esse trabalho para que a rede não dê elementos para o AI-5 digital que está vindo aí", disse Costa. A responsável pela campanha de Serra não quis entrar na discussão.

Consumo de notícias

O debatedor Alberto Cairo, diretor de Infografia e Multimídia da revista Época, e Pablo Mancini, gerente de Serviços Digitais do grupo Clarín, da Argentina, discutiram a integração entre as redações e as novas tecnologias que estão à disposição para serem aplicadas. De acordo com ambos, a disputa do tempo do usuário é o grande desafio daqueles que produzem notícias. Tanto no conteúdo, quanto na forma com que ela irá chegar até o seu destinatário.

De acordo com Mancini, o jornalismo de hoje é consumido em pílulas, enquanto, no passado, poderia ser comparado a um banquete. "Antes, ao se abrir um jornal, tinha-se do bom e do melhor. Melhores comidas, melhores vinhos, melhores sobremesas. Hoje, o que se tem é comida para astronautas. Com o mundo conectado, o tempo das pessoas é, além de escasso, fragmentado", disse.

O diretor da Época, por sua vez, disse que é necessário criar uma dependência no usuário para que, em troca, se tenha algo precioso que ele pode oferecer: "o seu tempo". Porém, ele acredita que há espaço para a informação rápida, ainda que não seja superficial, mas também para conteúdos médios e mais longos. "É preciso explorar os nichos de mercado. Há espaço para o ecossistema de mídias, mas precisamos ver qual é a nossa vocação. Se queremos ser um USA Today ou um The New York Times", afirmou.

Audiência é o veículo

O debate entre um grupo de quatro engenheiros que trabalham nas áreas de publicidade e marketing de grandes empresas concluiu que hoje os veículos são a própria audiência e que a audiência em massa, vista em décadas passadas, está em extinção. O debate foi mediado pelo diretor geral do Terra Brasil, Paulo Castro.

De acordo com Abel Reis, presidente da AgênciaClick, estamos diante de uma nova cultura de consumo (digital) de mídia. "O que vemos hoje é que as marcas se transformam em conteúdo". Ele citou o exemplo do protótipo do Mio, da Fiat, que recebeu 11 mil ideias relevantes na contrução do carro conceitual. "Foram 17 mil inscritos em 160 países", disse.

Segundo João Batista Ciaco, diretor de Publicidade e Marketing de Relacionamento da Fiat, atenção ao que se fala nas redes sociais sobre a marca é essencial para um bom posicionamento da empresa. "A marca precisa conversar com as pessoas, já que elas conversam entre si sobre a marca", afirmou.

Carlos Werner, diretor de Marketing da Samsung, lembrou que quando se toma a decisão de comprar uma TV, o primeiro lugar que se procura sobre as qualidades do produto é a internet. "Essa é uma fonte realmente importante, que precisa ser acompanhada de perto. Estamos dispostos a conversar com os consumidores".

Jornalismo exposto

No debate "Quem são os agentes da nova era do jornalismo", o editor de interatividade e desenvolvimento de mídias sociais da BBC News Matthew Eltringham, afirmou que com a consolidação das mídias sociais é necessário abrir a cortina e mostrar como o jornalismo é feito.

Gallo disse que o serviço de microblog tem a característica inerente de reunir usuários mais qualificados que os sites de relacionamento, como Facebook e Orkut. "Meu jornal diário é o Tweetdeck. O usuário do Twitter produz informação relevante em grande quantidade, enquanto que a informação no Facebook e no Orkut está diluída com fotos pessoais, lembranças, testes", afirmou. Apesar de preferir o Twitter, Gallo disse suspeitar de todos as fontes que não sejam as oficiais, como veículos de jornalismo online. "Perdemos o privilégio de sermos as fontes únicas de informação", diz.

O executivo da rede britânica afirmou que a condensação da mensagem em poucos caracteres tende a conferir mais objetividade e relevância às informações veiculadas. "As mensagens no Twitter vão direto ao ponto, enquanto nos sites de relacionamentos há um clima de mais conversa, mais superficialidade". Ele contrapos que o Facebook tampouco é desprezível e foi uma importante fonte em uma cobertura recente. Quando é o jornalista da BBC que usa o serviço, ele disse que a regra da objetividade é exigida. "Qualquer comentário com juízo de valor pode comprometer a capacidade do repórter de exercer sua função na BBC, o que exige imparcialidade", afirmou.

MediaOn

O MediaOn, encontro realizado anualmente pelo Terra e Itaú Cultural, é um dos principais fóruns de debates sobre jornalismo digital e novas mídias. O evento, que tem apoio das redes de televisão CNN e BBC, tem transmissão ao vivo e é realizado entre os dias 9 e 11 de novembro.

Os debates contam com a presença de representantes de veículos brasileiros, da América Latina, Europa e Estados Unidos. O tema do evento deste ano é "Os novos caminhos do jornalismo: o que a audiência quer consumir e como?".

Fonte: Especial para Terra
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