Massacre no Rio reacende tensão entre Lula e extrema direita no Brasil, diz jornal Libération
As fotos de corpos enfileirados nas ruas do Complexo da Penha, no Rio de Janeiro, ilustram os principais jornais e sites de notícias franceses desta quinta-feira (30). Todos os veículos informam que essa foi a operação policial mais letal da história do Brasil. Oficialmente, 121 pessoas morreram, mas muitos diários falam em mais de 130 mortos.
As fotos de corpos enfileirados nas ruas do Complexo da Penha, no Rio de Janeiro, ilustram os principais jornais e sites de notícias franceses desta quinta-feira (30). Todos os veículos informam que essa foi a operação policial mais letal da história do Brasil. Oficialmente, 121 pessoas morreram, mas muitos diários falam em mais de 130 mortos.
Em matéria de página inteira, o jornal Libération afirma que "o banho de sangue da operação antidrogas reacendeu as tensões entre Lula e a extrema direita". A um ano da eleição presidencial, a tragédia relança as questões em torno da ação do governo em termos de segurança pública — um tema eleitoral eterno no Brasil, lembra a correspondente do jornal em São Paulo, um país onde o número de mortes violentas, que chega a dezenas de milhares por ano, é comparável ao de um país em guerra.
O diário progressista informa que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado pela trama golpista a 27 anos de prisão. O bolsonarismo, que vem acumulando derrotas desde então, teria tentado interromper a sequência vitoriosa do presidente Lula?, questiona o texto.
Se esse era o objetivo do bolsonarismo, ele fracassou, avalia o especialista em segurança pública da Fundação Getúlio Vargas, Rafael Alcadipani, entrevistado pela correspondente Chantal Rayes. O terrível balanço de mortes revela a falta de profissionalismo das autoridades do Rio e só conquista o apoio de uma parcela radical.
"Na verdade, essa operação não é boa nem para a extrema direita, nem para a esquerda no poder, que enfrenta uma criminalidade fora de controle", analisa Alcadipani, em entrevista ao Libération.
Raízes do pior "massacre" da história do Brasil
O jornal Le Parisien tenta entender como o Brasil chegou ao pior "massacre" de sua história. O diário entrevistou vários especialistas e indica que, ao contrário de outras operações contra a expansão do crime organizado na cidade, desta vez a polícia encontrou forte resistência do Comando Vermelho. A situação saiu do controle e os policiais tiveram a pior reação possível, avalia o diário.
O ativista de direitos humanos Paulo Cesar Carbonari diz nas páginas do Le Parisien que os cariocas estão chocados e revoltados com essa violência arbitrária sem justificativa. O diário também ressalta que o atual contexto político brasileiro explica, em parte, essa megaoperação, que "prepara o terreno para as eleições de 2026, com imagens fortes e midiáticas", lembrando que Cláudio Castro é candidato à reeleição. Enquanto um campo político fala em "tragédia", o outro, fala de "ação", conclui o texto.