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Marina critica centrão e diz que fará governo de transição se eleita

1 ago 2018 - 07h07
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A pré-candidata à Presidência pela Rede, Marina Silva, criticou na noite de terça-feira acordos políticos fechados para evitar mudanças no país, citando o chamado centrão, e afirmou, em entrevista à emissora Globonews, que fará um governo de transição caso eleita.

Pré-candidata da Rede à Presidência, Marina Silva, durante entrevista à Reuters em Brasília
05/07/2018 REUTERS/Adriano Machado
Pré-candidata da Rede à Presidência, Marina Silva, durante entrevista à Reuters em Brasília 05/07/2018 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Em sua terceira tentativa de chegar ao Planalto, Marina confirmou ainda o convite a Eduardo Jorge, do Partido Verde, para ser candidato a vice em sua chapa, e disse aguardar uma resposta da sigla.

"Para alcançar o investimento correto na segurança, na saúde, na educação, na infraestrutura, no desenvolvimento sustentável para um novo ciclo de prosperidade, depende de mudanças políticas estruturantes e os de sempre já estão fazendo os acordões para que nada mude", disse a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, que terá sua candidatura oficializada na convenção da Rede no sábado.

"Eu acho que é a isso que a população tem que se insurgir... não vamos deixar que o centrão substitua a população".

A pré-candidata se posicionou categoricamente contra a reeleição, instrumento que levou, segundo ela, o país para o "buraco" ao motivar a "contabilidade criativa", compra de votos e corrupção. Para Marina, seu governo seria de transição e representaria uma oportunidade de "unir o país" e estabelecer um "novo alinhamento político". 

Questionada sobre as ideias de um de seus principais adversários na corrida pelo Palácio do Planalto, o deputado Jair Bolsonaro (PSL), considerou-as "retrógradas" em relação aos princípios de democracia, aos direitos humanos, à segurança pública e à gestão pública. 

"Infelizmente são ideias completamente avessas a tudo que já avançamos no nosso país", disse.

Com longo histórico e participação em movimentos sociais e ambientais, Marina avaliou que os eleitores estão "indignados" e "decepcionados" com o modelo político adotado até hoje no país, motivo pelo qual, segunda ela, Bolsonaro lidera pesquisas eleitorais nos cenários em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não figura como candidato.

"Neste momento, o primeiro grito é da indignação, mas eu espero que a gente tenha um espaço de elaboração", afirmou, acrescentando que isso se dará por meio do debate.

Marina criticou, sem citar nomes, o que chamou de ideias mirabolantes para o problema da segurança pública que sugerem armar o cidadão para que aja "por si", e aproveitou para dizer que o uso das Forças Armadas para segurança pública não pode virar um "hábito".

A candidata também se posicionou contrária a uma revisão da Lei da Anistia, por entender que criaria uma instabilidade "muito grande".

Sobre eventual influência de sua opção religiosa em temas sensíveis como o aborto e a pesquisa com células-tronco, reafirmou sua defesa do estado laico e negou que tenha apresentado qualquer proposição com motivação religiosa durante sua atuação política.

No caso dos licenciamentos ambientais, argumentou que os órgãos do setor não são feitos apenas para " carimbar" projetos, mas admitiu a necessidade de modernizar e agilizar o processo. 

A pré-candidata ainda defendeu-se de críticas sobre sua reação ao desastre decorrente do rompimento de uma barragem em Mariana (MG). "Quem tem ética política não usa da desgraça para faturar".

Marina voltou a afirmar que é possível conciliar a agenda da sustentabilidade com a do agronegócio, que pode se desenvolver não por aumento de extensão, mas por ganho de produtividade.

POLÍTICA EXTERNA 

Sobre a crise enfrentada pela Venezuela, a pré-candidata da Rede declarou que o país não vive uma democracia, e defendeu que os vizinhos atuem para encontrar uma saída ao que considerou uma "tragédia anunciada".

Marina disse ainda ter saudade do ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama à frente da maior economia do mundo, e avaliou que o atual presidente dos EUA, Donald Trump, trouxe um "grande retrocesso para a política externa atual" ao colocar em prática um "protecionismo primitivo".

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