Investigação mostra como quadrilha trocava malas por bagagens com cocaína em aeroporto
Na última semana, PF deflagrou segunda fase de operação e prendeu outras pessoas suspeitas de participarem do esquema
A Polícia Federal (PF) deflagrou na última semana a segunda fase da Operação Colateral e prendeu 17 pessoas suspeitas de participarem de uma quadrilha responsável pelo esquema de tráfico internacional de drogas por meio de troca de bagagens no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.
Em março deste ano, as brasileiras Jeanne Paollini e Kátyna Baía foram vítimas dos criminosos e acabaram presas na Alemanha.
Neste domingo, 23, imagens exclusivas de como era a rotina dos criminosos no aeroporto foram exibidas em reportagem no Fantástico, da TV Globo.
Vídeos de 23 de outubro do ano passado mostram que um carro chega no aeroporto e um homem desce com uma mala com 43 kg de cocaína. Tamiris Zacharias, uma funcionária da Gol Linhas Aéreas, entra em cena. Ela e o homem se encontram e chegam juntos no balcão de atendimento, onde ela recebe a bagagem e finge que está fazendo o procedimento normal. Tamiris não emite nenhum comprovante e a mala carregada com cocaína vai para a esteira. Depois, os dois saem do guichê e o homem vai embora sozinho.
Em outra gravação, Tamiris aparece ao lado de Carolina Pennachiotti, que também foi presa e é funcionária de uma empresa que presta serviços no aeroporto. Em áudio, Carolina diz que está com fome e espera Tamiris "mandar a bola", que, segundo os investigadores, significa despachar cocaína. Em outro áudio enviado para a mãe, Carolina também fala sobre o dinheiro que recebeu pelo serviço.
Após o falso check-in
Dentro da área restrita do aeroporto, o esquema continua com outros integrantes. Em vídeos de 4 de março, Deivid Souza Lima, um funcionário, coloca uma mala em frente às câmeras para que ninguém veja o que está acontecendo.
Um outro funcionário, Pedro Venâncio, então pega a etiqueta de identificação de uma bagagem e coloca no bolso da calça. Cerca de 15 minutos depois, uma mala com drogas aparece e ele coloca a etiqueta que roubou.
Essa droga foi despachada para Paris e, lá, ao tentarem pegar a mala, os criminosos foram presos. No dia seguinte, aconteceu o caso das brasileiras Jeanne e Kátyna.
Relembre o caso das brasileiras
Jeanne, médica veterinária, e Kátyna, empresária, são casadas e planejavam passar 20 dias de férias na Europa, mas foram detidas em uma escala em Frankfurt no dia 5 de março, sob a suspeita de tráfico internacional de drogas. Elas foram presas em posse de duas malas com 20 quilos de cocaína cada.
De acordo com a investigação da PF, as brasileiras fizeram uma escala no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), onde tiveram as etiquetas das malas trocadas por uma quadrilha. A ação foi constatada através das imagens de câmeras de segurança.
O esquema era operado por meio da parceria de funcionários terceirizados no aeroporto. Na época, a Secretaria Nacional de Justiça compartilhou com a Justiça alemã o inquérito da Polícia Federal com a documentação e os vídeos que comprovam que as etiquetas das malas de Kátyna e Jeanne foram trocadas no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos (SP).
O outro lado
Ao Fantástico, a defesa de Carolina disse que a prisão configura violação das normas legais e que vai demonstrar a improcedência das acusações. A WFS Orbital, empresa que contratou ela, informou que colabora com as investigações.
Tamiris foi demitida e confessou à polícia participação no esquema. Já os advogados de Deivid e Pedro não quiseram se manifestar.
A Gol informou que repudia as ações criminosas e que se colocou à disposição das autoridades no caso.