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Ex-tesoureiro do PT, João Vaccari é denunciado na Lava Jato

A 10ª fase da Operação identificou 24 atos de corrupção, totalizando R$ 136 milhões

16 mar 2015 - 16h15
(atualizado às 19h05)
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Após prestar depoimento, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, deixa a sede da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo
Após prestar depoimento, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, deixa a sede da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo
Foto: Renato Ribeiro Silva / Futura Press

O Ministério Público Federal denunciou, nesta segunda-feira, 27 pessoas na 10ª fase da Operação Lava Jato. Destas, 16 estão sendo acusadas criminalmente pela primeira vez, e um dos nomes é o do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, acusado de receber dinheiro de propina através de doações oficiais ao partido dos trabalhadores.

Segundo o procurador de Justiça Deltan Dallagnol, coordenador da Força Tarefa da Lava Jato, a décima fase identificou 24 atos de corrupção, totalizando R$ 136 milhões e 400 atos de lavagem de ativos, totalizando R$ 240 milhões, entre os atos, estão 24 doações por empresas do Grupo Setal ao PT ao longo de 18 meses, totalizando R$ 4,2 milhões entre 2008 e 2010. 

“Temos amplas provas que Vaccari participava de reuniões com Pedro Barusco, Renato Duque e empresários para tratar de pagamento de propina em doações eleitorais”, diz o procurador, que explica que as doações ao PT eram descontadas da “dívida” referente à propina à diretoria de serviços da Petrobras. Ele disse que, entre as provas contra Vaccari, já está o depoimento do vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Leite, em delação premiada, de que pagou propina ao PT através de doações oficiais, a pedido de Vaccari.

PF deflagra 10ª fase da Lava Jato e cumpre 18 mandados de prisão:

A defesa de Vaccari diz que ainda não tem ciência dos termos da denúncia, mas reitera que o ex-tesoureiro do PT não participou de nenhum esquema para recebimento de propina ou de recursos de origem ilegal destinados ao partido. 

"Ressaltamos que causa estranheza o fato de que o sr. Vaccari não ocupava o cargo de tesoureiro do PT no período citado pelos procuradores, uma vez que ele assumiu essa posição apenas em fevereiro de 2010", afirma a defesa em nota oficial.

Segundo o MPF, as denúncias de hoje correspondem a quatro obras da Petrobras e suas subsidiárias nas refinarias Repar, em Araucária-PR, e Replan, em Paulínea-SP, e nos gasodutos Pilar-Ipojuca e Urupu-Pari. “Foram denunciados cinco operadores, quatro pessoas ligadas a operadores, os ex-diretores da Petrobras Renato Duque, Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco, e 15 pessoas vinculadas às empresas OAS, Mendes Junior e Setal.

“A partir de novas provas de propinas na diretoria de serviços, novos operadores, novas empresas de fachada, novas contas e novos métodos de pagamento de propina”, disse o procurador, que contou que parte da propina foi paga através de contratos de fachada com empresas ligadas à Setec, que repassaram, por exemplo, R$ 36,4 milhões a empresas controladas por Adir Assad, um dos presos hoje, que fazia o dinheiro chegar aos ex-diretores da Petrobras em espécie ou em depósitos a contas no exterior. Só em Mônaco, foram bloqueados R$ 70 milhões em conta de Renato Duque.

Veja a lista dos denunciados na 10ª fase da Operação Lava Jato:

Adir Assad

Agenor Medeiros

Alberto Vilaça

Alberto Youssef

Ângelo Mendes

Augusto Mendonça

Dário Teixeira

Francisco Perdigão

João Vaccari Neto

Léo Pinheiro

José Diniz

José Resende

Julio Camargo

Lucélio Góes

Luiz Almeida

Mário Góes

Marcus Teixeira

Mateus Coutinho

Paulo Roberto Costa

Pedro Barusco

Renato Duque

Rogério Cunha

Sérgio Mendes

Sônia Branco

Vicente Carvalho

Waldomiro Oliveira

O MPF informou que apresentará, na quinta-feira, propostas de sua Câmara de Combate à Corrupção para dar mais efetividade e celeridade aos processos por corrupção. “Se queremos que a corrupção diminua, devemos mudar estruturas. Diversos fatores estruturais influenciam o surgimento da corrupção. Devemos enfrentar essas condições, por isso precisamos de mudanças no sistema político e na justiça criminal, traremos, na quinta-feira medidas da Câmara de Combate à Corrupção para tornar a justiça mais efetiva”, disse o procurador. “Nossa expertise é sobre o tocante à Justiça Criminal, não proporemos Reforma Política, quem tem que fazer isso é o Congresso Nacional. Nós vamos propor alternativas para julgamentos mais céleres e punições mais efetivas e que sejam realmente cumpridas. Hoje, corrupção é um crime de baixo risco, precisamos transformar em alto risco”.

Fonte: Especial para Terra
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