Ex-diretor da PRF Silvinei Vasques foge para o Paraguai e é preso: o que se sabe?
Condenado pelo STF por golpe de Estado, Vasques estava proibido de deixar o país. Ele rompeu a tornozeleira eletrônica e foi encontrado no aeroporto de Assunção. Uma audiência nesta sexta decidirá sobre deportação para o Brasil.
O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques foi preso na madrugada desta sexta-feira (26/12) no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, no Paraguai.
A informação foi confirmada à BBC News Brasil por uma fonte da Polícia Federal (PF). O caso está sendo tratado como fuga.
Vasques foi condenado em 16 de dezembro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 24 anos e seis meses de prisão por tentativa de abolição do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado.
Os prazos para embargos ainda não foram esgotados, motivo pelo qual a pena em regime fechado ainda não havia começado a ser cumprida.
Vasques estava proibido de deixar o país e fazia uso de tornozeleira eletrônica, que foi rompida.
Na tarde desta sexta haverá uma audiência que decidirá se o ex-diretor será deportado para o Brasil.
Vasques atuava como secretário de Desenvolvimento Econômico e Informação em São José (SC), mas pediu a exoneração do cargo quando o STF decidiu por sua condenação.
Segundo o Supremo, Vasques ordenou a operação da PRF que dificultou o fluxo de eleitores em locais de base eleitoral lulista, principalmente no Nordeste, no segundo turno da eleição de 2022.
Na ocasião, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, determinou a suspensão imediata das blitze, sob pena de prisão de Vasques, e o convocou ao prédio do TSE para prestar esclarecimentos.
Pelo menos 560 abordagens de fiscalização a coletivos fazendo transporte público de eleitores foram relatadas. O número de manifestações constou em controle interno da PRF.
Na véspera do segundo turno, Vasques havia declarado voto em Bolsonaro no Instagram, mas apagou a postagem em seguida.
Segundo as investigações, Vasques fazia parte do chamado "núcleo 2", do "gerenciamento de ações".
Ele já havia sido preso preventivamente em 2023 e foi solto em agosto do mesmo ano.
Em abril de 2024, virou réu no processo e assumiu o cargo na Prefeitura da quarta cidade mais populosa de Santa Catarina.
Quem é Silvinei Vasques
Natural de Ivaiporã, no Paraná, Vasques foi nomeado diretor-geral da PRF em abril de 2021 pelo então ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, hoje também condenado pelo STF por golpe de Estado. Ele substituiu Eduardo Aggio.
Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc) e em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí, Vasques é formado em Segurança Pública pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) e pela Escola Superior de Administração e Gerência da Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc).
Especialista em Gestão Organizacional pelo Centro Universitário de Maringá (Cesumar), Vasques também é mestre em Administração pela Universidade Uniatlantico, na Espanha, e doutorando em Direito pela Universidade Católica de Santa Fé, na Argentina.
Ele entrou na PRF em 1995, aos 20 anos, e se aposentou em 2022, aos 47 anos. Ele pôde se aposentar pela regra antiga, que permitia deixar a corporação após 20 anos de contribuição independentemente da idade.
Durante sua carreira, ele exerceu atividades de gerência e comando em diversas áreas, inclusive como superintendente em Santa Catarina e coordenador-geral de operações na capital federal. Também foi secretário municipal de Segurança Pública e de Transportes no município de São José entre 2007 e 2008.
Antes de se tornar chefe da PRF, foi superintendente da corporação no Rio de Janeiro.