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Documentário com imagens de sexo virtual de religiosos denuncia a dupla moral

19 out 2015 - 19h11
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A dupla moral das religiões que condenam o homossexualismo e a vida que os religiosos levam fora dos púlpitos é o que o documentarista Dener Giovanini pretende mostrar em "Amores santos", com cenas de padres e pastores praticando sexo virtual.

"Nossa intenção é mostrar a hipocrisia daqueles que, independentemente do credo, fazem às escondidas o que condenam dentro da igreja", afirmou o jornalista, ambientalista e diretor em entrevista à Agência Efe nesta segunda-feira.

O trabalho, que começou a ser produzido em novembro do ano passado e será lançado no início de 2016, terá formato de longa-metragem e as cenas em alta qualidade, apesar de as imagens terem sido feitas com através da webcam dos religiosos que, sem saber que eram gravados, tinham "relações virtuais" com o ator contratado pela produção.

"Temos umas 500 horas de gravações com centenas de religiosos católicos, evangélicos, protestantes e anglicanos praticavam sexo virtual na frente da webcam, assim como os arquivos de suas conversas com o nosso ator nas redes sociais", disse Giovanini.

O diretor, especializado em documentários e séries para a televisão sobre temas ambientais e que pela primeira vez aborda um assunto social e religioso, explicou que sua intenção inicial era denunciar a violência que os homossexuais sofrem por conta do discurso de "ódio e homofobia" da maioria das religiões.

"Mas a pesquisa que fizemos nos permitiu perceber que muitos religiosos que têm esse discurso também eram homossexuais. Então decidimos contratar a um ator e inventamos um perfil no Facebook para atrair religiosos", afirmou.

Apesar de os dados serem falsos, o ator chegou a ter três perfis, com os quais se aproximava dos religiosos, dizendo apenas ser homossexual. Justas, as três contas chegaram a ter 5 mil amigos.

"Foram seis meses de contatos e três meses de gravações das webcam. Não imaginávamos a quantidade tão grande de religiosos que atrairíamos nem que teríamos cenas tão fortes deles usando seus hábitos, alguns na sacristia", afirmou.

Giovanini contou que todos os perfis que propuseram sexo virtual ao ator foram verificados minuciosamente para confirmar que realmente eram de religiosos. Além disso, foi dada prioridade aos que deixavam clara a atuação através de fotos nas quais apareciam de batina, realizando missas e cultos ou com fiéis.

Ao fim do trabalho, o produtor apagou os perfis na rede e está adotando uma série de medidas para não expor ninguém. Um exemplo é usar técnicas para esconder o rosto dos religiosos em questão.

"Não queremos prejudicar ninguém, apenas mostrar a hipocrisia dos discursos de religiões que condenam isso. Não é um filme contra as religiões, mas para mostrar que existe algo errado e perigoso em seu discurso", afirmou o diretor.

Quando concluído, o filme vai ter imagens de 150 religiosos de 30 países, principalmente do Brasil, mas também do próprio Vaticano. O diretor acredita que o longa pode provocar um grande impacto na Igreja Católica porque inclui cenas chocantes de bispos, monsenhores, religiosos do alto clero, sacerdotes e seminaristas.

"Temos vários evangélicos e anglicanos, mas principalmente católicos, talvez porque os sacerdotes católicos, em geral, vivem sozinhos e podem usar livremente a internet, enquanto os evangélicos vivem com as esposas e filhos e têm menos liberdade na internet", disse.

O documentário também inclui depoimento de gays vítimas de perseguições ou agressão por motivos religiosos, de pais de família que perderam seus filhos por esta perseguição, assim como a fala de seminaristas preocupados com o fato de ser homossexual ou que foram assediados.

A produção também tem a participação de especialistas no tema, como o teólogo alemão David Berger, que se declarou homossexual e provocou uma grande polêmica. Ele afirmou que grande parte do clero do Vaticano é homossexual e que muitos padres têm apartamentos em Roma para seus encontros.

De acordo com Giovanini, o filme está em fase de montagem e ainda são necessários, aproximadamente, três meses de trabalho, mas ele decidiu revelar o projeto para aproveitar o Sínodo sobre a família, que acontecerá no Vaticano até o próximo domingo e no qual os bispos discutem temas como a sexualidade.

"É uma contribuição que fazemos ao Vaticano para que entenda que primeiro tem que se preocupar com o que acontece atrás dos muros da Igreja e com temas como o celibato", afirmou.

EFE   
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