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De Lula x Collor a Maluf x Marta: veja segundos turnos históricos

21 out 2012 - 10h35
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Henrique Medeiros

Há 23 anos, os brasileiros escolhiam o novo presidente da República em segundo turno pela primeira vez na história. A disputa entre o então governador alagoano Fernando Collor de Mello (PRN) e o líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 1989 abriu uma série de embates que ficaram marcados na história da política brasileira. O Terra selecionou abaixo cinco importantes duelos para relembrar:

Collor x Lula, Marta x Maluf, Olívio x Britto: duelos que marcaram a história da política brasileira
Collor x Lula, Marta x Maluf, Olívio x Britto: duelos que marcaram a história da política brasileira
Foto: Terra

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Presidência da República (1989)

Primeiro turno:

Fernando Collor - 22.611.011 milhões de votos - 28,52%

Luiz Inácio Lula da Silva - 11.622.673 milhões de votos - 16,08%

Segundo turno:

Collor - 35.089.998 milhões de votos - 49,94%

Lula - 31.076.364 milhões de votos - 44,23

Pela primeira vez na história o Brasil escolheria em um 2º turno quem comandaria a nação pelos próximos quatro anos. Esta seria a primeira vez em 29 anos que o Brasil escolheria por meio de eleições direita um presidente civil. O país passou por 21 anos de ditadura militar, e seu primeiro presidente civil, eleito de forma indireta, Tancredo Neves não chegou a assumir o cargo, e morreria em 21 de abril de 1985. Em seu lugar, o então vice-presidente eleito José Sarney assumiu o cargo, em um período no Brasil que ficou conhecido como ¿década perdida¿ pela alta inflação, pacotes econômicos e congelamento de salários. Ainda assim, Sarney promoveu a redemocratização do país entre os anos de 1986 e 1988.

Esse era o cenário para os 22 candidatos à presidência da República, um país caminhando em uma jovem democracia, mas com muitos problemas para enfrentar, em especial na área econômica e na abertura de mercado. Entre os concorrentes, estavam nomes tarimbados da política nacional como o candidato derrotado na eleição presidencial indireta de 1984, Paulo Maluf, o presidente de Câmara, Ulysses Guimarães, o senador paulista Mário Covas e o governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola. Em um primeiro momento, o debate ficou focado em Brizola e Maluf, mas aos poucos dois candidatos jovens, começaram a ganhar espaço entre o público brasileiro, o governador de Alagoas, Fernando Collor de Mello, e o deputado constituinte, líder das greves no ABC durante a ditadura militar e fundador do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.

No 1º turno das eleições, com uma diferença de 454,4 mil votos Lula conseguiu superar Brizola e foi ao 2º turno das eleições contra o favorito Collor, que obteve 28,5% dos votos e ganhou a primeira rodada das eleições presidenciais. Com o 2º turno marcado por acusações de ambos os lados e a edição do vídeo pós-debate pela Rede Globo, claramente a favor do alagoano, Collor foi eleito presidente no dia 17 de dezembro de 1989, com 35 milhões de voto. A menor margem na disputa, apenas 5% de diferença entre ele e Lula.

Fernando Collor assumiria o cargo em 1990, mas as políticas impopulares ¿ como o plano Collor que confiscou poupanças dos brasileiros ¿ e denúncias de corrupção e lobby, abalaram seu governo, abreviado por um impeachment em setembro de 1992. Após ficar fora da política com os direitos cassados, Collor voltou ao Planalto em 2006, como senador eleito por Alagoas.

Lula, por sua vez, ainda foi derrotado em eleições presidenciais outras duas vezes, até conseguir ser eleito em 2002. Mesmo com diversos escândalos de corrupção em seu governo, sua imagem não foi abalada e conseguiu ser reeleito em 2006. Antes de deixar a presidência, o líder petista ainda criaria o alicerce para a eleição da presidente Dilma Rousseff em 2010. Ele terminou com o índice de aprovação recorde: 87% segundo a pesquisa do CNT/Sensus publicada em 29 de dezembro de 2010.

Governo do RS (1998)

Primeiro turno:

Olívio Dutra - 2.295.503 - 45,9%

Antônio Britto - 2.319.302 - 46,3%

Segundo turno:

Olívio - 2.844.767 - 50,7%

Britto - 2.757.401 - 49,2%

Em um dos embates mais notórios dá história recente do Rio Grande do Sul, o ex-prefeito de Porto Alegre Olívio Dutra (PT) tentava em 1998 pela terceira vez chegar ao Palácio Pirati, ele havia tentando antes em 1982 - logo após a fundação do PT - e em 1994.

Seu adversário era o então governador do Rio Grande do Sul, Antônio Britto (PMDB), que derrotou Olívio em 1994 e tentava a reeleição. Britto enfrentava forte resistência no Estado devido ao pacote de privatizações nas áreas rodoviárias, enérgicas e telecomunicações.

Ainda assim, o peemedebista ganhou o 1º turno das eleições com 46,3% e teve uma diferença de 23,799 mil votos. Os dois foram ao 2º turno, com Britto como franco favorito apontado em todas as pesquisas de intenção de votos. Contudo, na reta final da disputa, o PT recebeu o apoio do PDT e de seus ex-governadores gaúchos Leonel Brizola e Alceu Collares, que eram contra as privatizações realizadas por Britto, e com isso conseguiu uma reviravolta nas urnas, com o petista derrotando o ex-mandatário por uma diferença um pouco maior que a do 1º turno, 87,366 mil votos.

Em 2002, Olívio foi derrotado nas prévias do partido por Tarso Genro. Ele chegou a ser ministro das Cidades no governo Lula entre 2003 e 2005. Foi presidente estadual do partido de 2007 a 2011. Atualmente, é um atuante líder atuante e presidente de honra do PT gaúcho.

Antônio Britto ainda tentou voltar ao governo em 2002, dessa vez pelo PPS. Derrotado ainda no 1º turno, o ex-assessor de Tancredo Neves deixou a carreira política e passou a atuar no setor privado. Foi presidente na Azaleia Calçado, consultor da Telefônica e diretor na Claro. Desde 2009, ele é presidente da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma).

Governo de SP

Primeiro turno:

Mário Covas - 3.813.186 - 22,9%

Paulo Maluf - 5.351.026 - 32,2%

Segundo turno:

Covas - 9.800.253 - 55,3%

Maluf - 7.900.598 - 44,6%

Em um dos embates mais emblemáticos da política nacional, com uma possível abertura para a disputa presidencial em 2002, os eternos rivais políticos Paulo Maluf (PP) e Mário Covas (PSDB) se enfrentaram pela primeira vez ao governo de São Paulo.

Desde o tempo em que os dois disputavam a presidência do diretório acadêmico na USP em meados de 1950, quando ambos eram estudantes de engenharia, Covas e Maluf sempre travaram um debate de ideias. Mal sabia a população que aquele era o último debate entre os dois.

Maluf vinha de uma administração bem cotada entre a população paulistana. Como revés, Celso Pitta, seu protegido e substituto na prefeitura de São Paulo, enfrentava denúncias de corrupção.

Por outro lado, Covas enfrentava críticas por colocar o modelo do ensino de progressão continuada ¿ que não reprova alunos com notas baixas ¿ no Estado de São Paulo. Também havia resistência quanto aos processos de privatizações em seu governo.

Com as críticas, Covas sai derrotado no 1º turno das eleições e estava prestes a ver o Estado passar para as mãos de Maluf, que ganhou por 10 pontos percentuais de vantagem contra o tucano. Foi então que o governador conseguiu o apoio do PT e de outras forças de esquerda, para alavancar uma vitória histórica em São Paulo. Nunca antes um candidato ao governo que ficou em segundo lugar no 1º turno havia ganhado o 2º turno.

O líder tucano foi eleito com 9,8 milhões de votos, ou 55,3%. Maluf chegou aos 44%, mas não conseguiu derrotar o carisma de Covas e o trunfo por ter sanado as contas no Estado.

Covas, nome praticamente certo do PSDB para disputar a presidência da República em 2002, morreria em 2001, vítima de um câncer na bexiga. Maluf ainda disputaria a eleição para prefeitura de São Paulo, mas conseguiu ser eleito apenas como deputado federal, em 2006 e reeleito em 2010.

Prefeitura de SP (2000)

Primeito turno:

Marta Suplicy - 2.105.013 - 38%

Paulo Maluf - 960,581 - 17,3%

Segundo turno:

Marta - 3,247,900 - 58%

Maluf - 2.303.508 - 41,4%

Em 2000, dois anos após o PT sair como principal derrotado nas eleições, o partido colocava suas novas estrelas nas urnas para mostrar que tinha mudado e atenuado o radicalismo que marcara as candidaturas anteriores. Encabeçado pela então deputada federal Marta Suplicy, o PT tinha um desafio quase impossível, derrotar Paulo Maluf e seu movimento, o malufismo, em seu reduto mais forte, São Paulo. Essa vitória seria o principal alicerce para alavancar uma nova candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República.

Do outro lado, Maluf perdeu de Mário Covas uma eleição praticamente voto a voto pelo governo de São Paulo e tentava desvincular sua imagem do prefeito de São Paulo Celso Pitta, seu ex-afilhado político que fez uma gestão pessimamente avaliada na cidade, deixando os cofres vazios e a município endividado. Sem contar as constantes denúncias de corrupção que o deixaram fora da prefeitura durante 1 mês.

Em um cenário com 16 candidatos na disputa, entre eles nomes fortes como o quarto colocado na eleição presidencial de 1998, Enéas Carneiro, o então vice-governador do Estado, Geraldo Alckmin, e o ex-presidente da República Fernando Collor, Marta Suplicy liderou o 1º turno com 38%. Maluf obteve 17% dos votos e partiu para uma nova disputa.

No 2º turno, desafetos desde 1994, PT e PSDB se uniram contra Paulo Maluf, com o apoio incondicional de Mário Covas e Geraldo Alckmin, Marta foi eleita prefeita de São Paulo com 3,2 milhões de votos. Esta era a segunda vez que o PT assumiu o comando da maior cidade da América do Sul.

A vitória da petista foi a morte declarada do malufismo, Paulo Maluf nunca mais conseguiu ir a um 2º turno das eleições e apenas elegeu-se deputado federal desde então.

Presidência da República (2002)

Primeito turno:

Luiz Inácio Lula da Silva - 39.455.233 - 46,4%

José Serra - 19.705.445 - 23,1%

Segundo turno:

Lula - 52.793.364 - 61,2%

Serra - 33.370.739 - 38,7%

O ano de 2002 trazia um novo cenário na política brasileira. Para eleger Luiz Inácio Lula da Silva, que disputava sua quarta eleição presidencial, o PT resolveu abrir-se para alianças mais amplas e um plano de governo mais moderado. Articulando uma força política que unia José Sarney (PMDB) a Leonel Brizola (PDT), o candidato do PT enfrentou o então ministro da Saúde, José Serra (PSDB), que teve uma gestão destacada com implantação dos medicamentos genéricos e da quebra de patentes dos remédios do coquetel anti-HIV.

Contudo, Serra era oriundo do governo Fernando Henrique Cardoso, desgastado com a população devido às dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI), maxidesvalorização do Real, alto índice de desemprego, privatização de estatais e por constantes racionamentos de energia.

Lula, por sua vez, acalmou o mercado internacional - avesso com a possibilidade de um candidato de esquerda mudar a política econômica - com a "Carta ao povo brasileiro", onde afirmava que não alteraria os compromissos firmados pelo governo brasileiro com o Fundo Monetário Internacional. Anida para dissipar a imagem de radical, o escolhido para vice de Lula foi o então senador José Alencar (PR-MG), grande empresário do setor têxtil.

Lula teve possibilidade de ganhar a eleição no 1º turno. Mas, os votos de Ciro Gomes - terceiro colocado nas eleições e apoiador de Lula no 2º turno - pesariam na urna. Com isso, Serra conseguiu ir ao 2º turno, mas não conseguiu frear o crescimento político do petista e seu apoio popular.

Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito Presidente da República no 2º turno das eleições, 27 de outubro de 2002, com 52, 7 milhões de votos, somando 61% dos votos. Serra obteve 33,3 milhões de votos e conseguiu 38,7% do eleitorado nacional. Presidente, Lula ainda seria reeleito em 2006 e elegeria em 2010 sua sucessora, Dilma Rousseff.

Após a derrota, Serra foi eleito prefeito de São Paulo em 2004 e governador do Estado paulista em 2006, nesta eleição conseguiu 12 milhões de votos. Ele ainda tentou novamente se eleger a presidente em 2010, mas foi derrotado por Dilma.

Fonte: Terra
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