PUBLICIDADE

Tragédia em Santa Maria

RS: Polícia Civil vai ao hospital em busca de testemunhas da tragédia

Investigadores fazem esforço para tentar chegar o mais próximo possível do número de pessoas que estavam na Boate Kiss

14 mar 2013 - 21h00
(atualizado às 21h06)
Compartilhar
Exibir comentários
<p>Elissandro Spohr, o Kiko, um dos s&oacute;cios da Boate Kiss, deve prestar depoimento no fim de semana</p>
Elissandro Spohr, o Kiko, um dos sócios da Boate Kiss, deve prestar depoimento no fim de semana
Foto: Facebook / Reprodução

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul não quer perder oportunidade alguma de ouvir pessoas que possam contribuir para esclarecer os fatos investigados pelo inquérito da tragédia na Boate Kiss. Por isso, neste sábado, uma equipe de escrivães vai até o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) para tomar depoimentos de frequentadores que estiveram na casa noturna, na madrugada de 27 de janeiro, e ainda não compareceram a uma delegacia. Esse é mais um esforço feito pela equipe de investigação para tentar chegar o mais próximo possível do número de pessoas que estavam na Kiss, para comprovar a suspeita de superlotação.

Veja quem são as vítimas do incêndio em boate de Santa Maria

Veja como a inalação de fumaça pode levar à morte 

Veja relatos de sobreviventes e familiares após incêndio no RS

Veja a lista com os nomes das vítimas do incêndio da Boate Kiss

Com base nas listas de mortos, de vítimas que receberam atendimento médico - fornecida pela Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul -, de clientes que se cadastraram em um site criado pela Polícia Civil e de frequentadores que deram depoimento e não tinham passado por hospitais, o cálculo dos delegados responsáveis pelo caso é que havia mais de mil pessoas na boate na madrugada de 27 de janeiro. A capacidade máxima da casa, segundo os bombeiros, seria para 691 pessoas.

Para este sábado, no Husm, está programado o segundo mutirão de atendimento às vítimas. Médicos estarão no hospital para avaliar quem tenha inalado a fumaça tóxica liberada pelo fogo na Kiss. A orientação é que devem procurar o Husm - depois de fazer agendamento pelo fone 136 ou pelo site do Ministério da Saúde - as pessoas que estavam na boate, que trabalharam no socorro, vizinhos ou quem tenha ido até a frente da casa noturna na madrugada de 27 de janeiro ou no Centro Desportivo Municipal naquele dia. São esperadas cerca de 150 pessoas no sábado. O primeiro mutirão ocorreu no fim de semana anterior.

O Husm vai disponibilizar uma sala para que quem esteve na Kiss e ainda não tenha feito contato com a Polícia Civil seja ouvido no local, sem precisar se deslocar até uma delegacia.

Depoimento de dono da boate deve ocorrer no sábado

O depoimento de eventuais testemunhas que estiveram na Kiss não deve ser o único do próximo sábado. De acordo com o delegado Sandro Meinerz, um dos responsáveis pelo inquérito, um dos sócios da Kiss, Elissandro Spohr, o Kiko, provavelmente será ouvido no sábado, na Penitenciária Estadual de Santa Maria, no distrito de Santo Antão, onde ele cumpre a prisão preventiva. Falta ainda acertar com o advogado dele, Jader Marques, se o depoimento ocorrerá mesmo neste dia, e em que horário. Kiko já foi ouvido no dia da tragédia, em 27 de janeiro.

Todas as testemunhas relacionadas à atuação da prefeitura e do Corpo de Bombeiros já foram ouvidas. Outros depoimentos que podem ser tomados na delegacia, nesta sexta, no sábado e no domingo, podem ser os de pessoas que estiveram na boate na madrugada da tragédia.

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou mais de 230 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade